Primeiro de uma trilogia de contos com o tema Dia dos Namorados :) Os contos falam sobre uma adolescente peculiar chamada Estela, a qual vive tanto no mundo real como no mundo da Lua, também amiga de duas meninas com características únicas. Estela, por ainda não sentir necessidade, não chega a se ver apaixonada por ninguém. Não que ela não conheça o significado de romance através da imaginação.
Porém, eventualmente em um shopping e provando um sorvete (um forte hábito seu), a garota e suas amigas conseguem encontrar alguém que pode fazer um sutil impacto.
Porém, eventualmente em um shopping e provando um sorvete (um forte hábito seu), a garota e suas amigas conseguem encontrar alguém que pode fazer um sutil impacto.
Sorvete de Menta
Uma
vez, minha mãe disse "É melhor ter um emprego, ficar solteira, ter diploma
e ser feliz na vida do que realmente sonhar com um príncipe encantado".
Até hoje, acredito que ela tenha dito aquilo por me ver escutando um monte de
músicas bobinhas e também escrevendo algumas coisas depois de ter assistido a
uma pequena série de desenhos românticos na internet.
Não
sei como mamãe sabe o que diziam, como o som era em francês, por conta dela
dizer que abandonou a universidade assim que se mudou pra outra cidade com meu
pai - e assim me ter logo depois. A resposta sábia do meu pai a esse fenômeno
peculiar é "Ah, Estela querida, sua mãezinha tem segredos mais cabeludos
do que aqueles agentes secretos que você gosta tanto de ver nos seriados
americanos".
Consequentemente,
só fico "Ahnn... O.K., né..." porquê pais são pais, pais tem uns
códigos meio estranhos e pais nunca são sempre compreendidos pelos seus filhos.
Contudo,
se o significado da colocação da mamãe era relevante a "não se
iludir", já bem sei. Não realmente preciso viver algum relacionamento para
poder saber que não há só como ficar no mundo real ou só ficar nas páginas do
universo ficcional. É preciso ter calma, cuidado no caráter e...
—
Guria, a gente não tem todo o tempo do mundo pra ver o que você quer. — o moço
do balcão da sorveteria diz ácido, enquanto meus dedos pendulam
entre os doces expostos perto da caixa registradora. — Escolhe logo, tem uma
fila atrás de você. — com minha mão na embalagem de confeites de chocolate,
espio por cima do meu ombro.
—
Ah, é verdade. — não fico muito surpresa de ver umas sete pessoas de
mal-humoradas detrás de mim, então só lanço um olhar inocente pra o rapaz e ao
pote de sorvete em cima da balança de peso. — Então, quero isso daí — aponto o
recipiente transparente roxo. — e isso daqui. — entrego o pacotinho de bolinhas
de chocolate.
—
Só? — o atendente, não tão mais velho, estreita os olhos como eu fosse um
alien.
—
Hum... — cutuco meu queixo com a ponta da minha unha, encarando o restante das
guloseimas industrializadas antes de olhá-lo determinada. — Só isso mesmo! — em
resposta, ele bufa ao teclar na maquininha.
—
São vinte e oito reais. — o rapaz anuncia pra mim.
—
Sério mesmo? — pestanejo antes de fechar um olho. — É suspeito. Você não está
querendo se vingar de mim? — ele arqueia uma sobrancelha instigadora,
fitando-me cético. — Você tem cara de esconder um passado sujo.
—
Pelo amor de Deus, hoje é a primeira
vez que você me vê. — o moço passa a mão pelo rosto e faz uma careta engraçada.
— O que te faz pensar que isso é uma vingança? Isso tá na caixa registradora,
garota. — então, seu rosto e a aba de seu boné de funcionário se viram para a
balança. — Suspeito é justamente você
pegar dez bolas de sorvete, pôr uma pancada de cobertura e ainda uma cereja. —
como se a ofensa não bastasse, o sabe-tudo tem que rir com ironia: qual é o
problema? — Vai comer tudo isso sozinha?
—
Claro que sim. — respondo com naturalidade, não disposta a brigar.
—
Argh, gulosa. — o sorriso dele morre pela rapidez da resposta, fazendo bico e
gesticulando para minhas compras. — E aí, você vai pagar ou não?
—
Só um minutinho. — desfaço a piranha do meu penteado e, entre os enrolados de
tranças estratégicas, sinto a ponta de papel. — Tem troco pra cem? — pergunto,
estendendo a cédula amassada e novinha depois de tirar um grampo de cabelo.
Não
faço ideia do motivo de tantos cochichos. Até o caixa me encara como se minha
pele fosse azul. Afinal, as pessoas não têm suas próprias maneiras de guardar
dinheiro de uma gente perigosa? Seria muito óbvio pôr isso no sutiã ou nos
sapatos, eles – os bandidos – iam desconfiar muito fácil.
—
Te...Tenho. — vejo o atendente se recompor depois de um momento, verificando as
cédulas e as moedas para me dar a quantia certa de troco. — Já pode sair, tenho
que atender essas pessoas. Xô, xô, chatinha. — assim que ponho minhas mãos nos
confeites e também no pote descartável, vejo-o gesticulando como espantasse um
mosquito.
Pouso
meus olhos na roupa dele. Há uma plaquinha brilhante. Tento ler.
—
A gente se vê por aí, Adriano! — depois de me distanciar um pouco, conseguir ler,
giro meus calcanhares, digo isso enquanto aceno meio desajeitada e finalmente
dou meia volta para voltar à minha mesa.
Shopping
é uma selva, mas você já sabe disso. Tem todo o tipo de pessoas imagináveis e inimagináveis,
além de muita gente andando por aí e falando tudo que é coisa. Fora isso, a
praça de alimentação, em termos de diversidade de comida, pode parecer um
paraíso. Porém, se considerar o número de pessoas ocupando as mesas nessa quarta-feira,
é um doce inferninho urbano.
—
Estela, aqui! — ouço uma voz entre a multidão e, após me inclinar para o lado e
esticar meu pescoço atrás de um casal de namorados, observo uma de minhas duas
melhores amigas agitar seu braço para chamar minha atenção.
—
Ah, Stephanie! — exclamo sem pensar, extasiada por enxergar um conhecido e logo
minhas pernas se movem para outra direção. — Tô indo!
—
Oh, salve salve, nossa lindinha chegou...! — Melissa, com um chapéu carmim
tricotado por ela mesma, faz um gesto de referência com as mãos alvas e os
ombros esguios. — Achei que tivéssemos perdido você para a Lua!
—
Ora essa, a Lua? — não vendo lógica, questionou Stephanie com os olhos
castanhos analíticos sob a outra. — A Lua é namorada de ninguém não, ela é
firme e forte no céu. — deixando os palitinhos que posicionava ao lado de seu
prato vazio, mostrou os cinco dedos de uma mão. — Semana passada, você disse
que “a árvore está te encantando” para Estela. — abaixa um dedo. — Domingo,
quando voltávamos do táxi, você depois me disse que o taxista estava feliz
comigo e ele havia mencionado ter uma
filha, véi. — segundo dedo. — E segunda, você falou no telefone sobre o seu
sucesso em “juntar duas criancinhas para se conhecerem melhor” só porquê
eles eram fofos!
—
Como? — após mastigar um corte do seu pedaço de pizza, Melissa aponta séria o
garfo para a mais baixa de nós três. — Queridinha, o amor paira em todo lugar,
a questão é que as pessoas não conseguem ver! Não é questão de ser romântica, é
só... — enquanto as duas discutem, já sentada, abro a embalagem e despejo os
confeites no sorvete de menta. — fazer o mundo se tocar que, algumas vezes,
reclamar de coisas ruins e ignorar o amor não adianta! — e então a mais alta de
nós abre seus braços para cima.
Sorrio
diante da reação dos confeites quanto à temperatura baixa do doce, o qual já
derrete bem devagar. Talvez seja um sentimento de uma criancinha, não de uma menina
de quatorze anos como alguns ditam para que eu seja, mas sinto felicidade ao
cavar uma porção com a colher e me deleitar da combinação.
Essa
saciedade do prazer do paladar é o suficiente para me anestesiar.
—
Falando nisso, — consigo ouvir Stephanie dizer. — o que te fez demorar?
—
Foi alguma boa visão? — Melissa me dá um sorrisinho confiante.
— Só
apreciei a visão dos outros sabores. — depois de uma fração de minuto, olho
para cima, após me desconectar da realidade por um tempo, e penso alto. — Na
hora de escolher o sabor, foi difícil ver qual seria para hoje. E ainda tem
sobre os doces que vi no caixa. — pego na colher novamente para tomar outra
dose de menta açucarada.
—
Entre outras palavras... — concluiu Stephanie, estalando a língua no céu da
boca e dando uma espiada animada no pote. — Você escolheu esse sabor pra seu
humor, não foi? — e levanta o olhar para mim, divertida, piscando um olho ao
rir.
—
Acho possível que seja um sinal. — é o que nós duas conseguimos entender quando
Melissa mastiga mais um pedaço de pizza, engole, passa o guardanapo nos lábios,
toma um gole de guaraná, engole, pigarreia e continua. — Ontem foi sorvete de
morango, não foi? Você geralmente pede sorvete de morango quando não fica com
uma cara tão animada. — ela declara, inclinando-se na mesa e juntando as mãos
debaixo do queixo.
—
Diria até que é mais quando tem sono ou tédio... — Stephanie suspira ao pegar a
tampinha de sua garrafa de água para pôr no meio dos palitinhos. — Morango
costuma animar o humor quando a gente se enjoa um pouco da vida. A combinação
com leite parece dar um efeito poderoso.
—
Eca! Enjoar da vida? — viro meu rosto para Melissa, quem franze a testa em
incredulidade. — Isso, por acaso, existe? — a garota se inclina dramaticamente
pra trás.
—
Claro que sim. Você é um dos poucos que dificilmente consegue não se enjoar. —
responde Stephanie. — Eu tenho que me refrescar quando vou estudar por horas...
—
Ahá, beleza. Você só precisa de um descanso. — Melissa deu um tapa gentil na
baixinha, quem pisca os olhos alarmada. — Quanto a você, — minha amiga se vira
para mim com aquele ar sabendo de algo que não sei, um sorriso travesso nos
lábios. — menta com confeites de chocolate significa que vamos ter visita. — e aponta para
algum ponto um pouco detrás das minhas costas.
FIM?
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Olá...!
ResponderExcluirGostaria de saber como posso compartilhar coisas que escrevo aqui no N.R.A.
:)
Aguardo resposta e visita em:
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Aproveite para tomar uma xícara de café comigo no R.G.
Convido também todos os seus leitores..!
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