[RESENHA] Um Amor Para Recordar - Nicholas Sparks

Título Original: A Walk to Remember
Edição: 2
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788563219268
Ano: 2011
Páginas: 191
Tradutor: Ivar Panazzolo Júnior
Sinopse: Cada mês de abril, quando o vento sopra do mar e se mistura com o perfume de violetas, Landon Carter recorda seu último ano na High Beaufort. Isso era 1958, e Landon já tinha namorado uma ou duas meninas. Ele sempre jurou que já tinha se apaixonado antes. Certamente a última pessoa na cidade que pensava em se apaixonar era Jamie Sullivan, a filha do pastor da Igreja Batista da cidade. A menina quieta que carregava sempre uma Bíblia com seus materiais escolares. Jamie parecia contente em viver num mundo diferente dos outros adolescentes. Ela cuidava de seu pai viúvo, salvava os animais machucados, e auxiliava o orfanato local. Nenhum menino havia a convidado para sair. Nem Landon havia sonhado com isso. Em seguida, uma reviravolta do destino fez de Jamie sua parceira para o baile, e a vida de Landon Carter nunca mais foi a mesma.

Landon Carter não era o que se podia chamar de "popular" nos tempos de colégio. Em 1958, aos 17 anos, ele não era o mais cobiçado, o mais bonito, nem o mais inteligente; não, esses eram os méritos de seu melhor amigo. Landon não tinha nada de que se gabar, além da fortuna da família, dinheiro esse ganho de maneira condenável pelo seu avô. Mas mesmo sem ter nada de especial, sua vida está prestes a mudar.
Quando, no começo de seu último ano escolar, Landon se matricula pra aula de Artes Dramáticas, sua única intenção era preencher seu cronograma acadêmico com algo que desse menos trabalho do que química ou álgebra. Em sua turma, ele é um dos três rapazes entre um mar de garotas - entre elas, Jamie Sullivan, a queridinha de todos os adultos da cidade e boa samaritana em tempo integral. Integral mesmo. Jamie era daquelas que poderia parar o trânsito pra ajudar uma família de patinhos a atravessar a rua, e citar os "planos de Deus" vinte vezes numa conversa sem nenhum motivo aparente. A mesma bondade que a aproxima dos mais velhos a afasta dos jovens, e ela é motivo de chacota em sua escola - inclusive para Landon.
Mas quando, por causa da peça anual de Natal promovida pela escola, em parceria com a Igreja Batista, Landon e Jamie começam a se aproximar, ele não imaginava que fosse descobrir em Jamie mais do que a santa de blusão e saia xadrez. O amor nasce, cresce, e, tão rápido quanto veio, será abalado por um segredo muito maior do que o sentimento dos dois.

Imagino que todo mundo saiba da história de Um Amor Para Recordar. Muito antes de ler o livro - antes até de eu saber que HAVIA um livro - eu já tinha assistido o filme dezenas e dezenas de vezes. Cresci assistindo a adaptação com Mandy Moore e Shane West, chorando mesmo depois de já saber como as coisas iam terminar. E é por isso que é inevitável me desprender do filme ao fazer essa resenha.
Essa é uma daquelas raras ocasiões em que o filme é, pra mim, melhor do que o livro. A época em que a história se passa é só uma das várias mudanças ocorridas na passagem pro roteiro, e preciso dizer que gostaria muito que algumas dessas mudanças estivessem presentes no livro.
Essencialmente, os personagens e suas trajetórias permanecem os mesmos - Jamie é a boa alma dedicada ao pai, que pratica o bem e tem uma fé do tamanho do mundo, e Landon é o garoto que cultiva mais aparências do que deveria, não sabe bem o que quer da vida e tem um relacionamento nada saudável com o pai. Eles se conhecem em favor de circunstâncias, se apaixonam, e depois são separados pela inevitável doença de Jamie - aquelas coisas bem típicas de Nicholas Sparks.
Mas achei que suas facetas foram muito melhor exploradas no filme do que no livro. Pra começar, no filme, Landon acaba esbarrando em Jamie por obrigação - pra cumprir uma medida educativa depois de um acidente que ele provocou, e do qual está horrivelmente arrependido - e é muito mais incisivo no tamanho do seu desprazer pela sua companhia. No livro, boa parte das ações que o aproximam de Jamie são geradas por um certo embaraço pela sua personalidade perto da dela; ela é bondosa demais, e faz com que ele se envergonhe de não ser tão bom. Pessoalmente, isso criou uma sensação errada em mim, de que as mudanças de Landon partiram mais da necessidade de ele se igualar a ela - e, portanto, merecê-la - do que de se tornar uma pessoa melhor, que sempre foi o que me cativou mais no filme.
Além disso, achei a personagem da Jamie bastante apática no livro. Sparks a pinta como uma garota basicamente sem sonhos e sem vontades, cujo único propósito parece ser o de fazer o bem enquanto ainda pode. Não me entendam mal, nada errado com isso. Mas ela tem 17 anos. Religiosa ou não, doente ou não, ela devia ter algum sonho, algo só seu. Um dos pontos altos do filme, pra mim, é a lista de coisas que ela tem vontade de fazer antes de morrer, como estar em dois lugares ao mesmo tempo e ver a passagem de um cometa. A Jamie do livro não tem nada disso. Ela não tem gostos pessoais, não tem hobbys, não almeja nada. Vive tanto em prol do bem estar alheio que se apaga e se torna nada mais do que uma boa samaritana sem nome e sem rosto. É difícil se apegar a ela quando seu tratamento é tão sem sal.
No todo, eu curti ter lido o livro, mas assistir ao filme é uma experiência muito mais real e emotiva. Bacana, mas esperava bem mais.

Beijocas!