Ano passado, enquanto aproveitava alguns dias de internet muito boa, baixei a primeira temporada do seriado Downton Abbey. Já tinha lido uma reportagem sobre a série numa revista, e tinha me parecido legal. A série congelou no meu computador por vários meses até, de repente, num dia em que a internet resolveu não pegar, eu decidi assistir.
Acabou-se a vida. Baixei o resto e vi tudo em pouco mais de dois dias. E pra saber o que me gerou um surto tão enorme de amor, é só continuar lendo esse post...
Downton Abbey é um drama de época cuja história se inicia lá no comecinho do século passado, em meados de 1910. Somos apresentados à Downton Abbey, uma propriedade histórica e imensa, que abriga os Crawley, família formada pelo patriarca Robert, Conde de Grantham, sua esposa Cora, e suas filhas Mary, Edith e Sybil, além de ter a constante presença de Violet Crawley, mãe de Robert, e, claro, todo o corpo de funcionários da casa.
Por não ter tido filhos homens, Lord Grantham tem que se preocupar, agora, com o que fazer quanto ao seu testamento. Mesmo não estando na beira da morte, ele precisa saber o que vai fazer com toda a fortuna e as terras de sua família quando a hora chegar, já que não tem nenhum herdeiro direto. Sua herança seria passada para Patrick, um de seus primos, que estava prometido em casamento a Mary, mas todos são pegos de surpresa quando Patrick morre na viagem à América a bordo do Titanic, o navio inafundável. E agora ele precisa descobrir o que fazer.
É assim que ele chega até Matthew Crawley, um primo distante que trabalha como advogado em outra cidade. Quando Matthew e sua mãe, Isobel, são recebidos na cidade, se recusam a ficar em Downton - Matthew, na verdade, não tem nenhuma intenção de pegar essa herança, muito menos de assumir a propriedade, e pretende ajudar o primo a descobrir uma maneira de burlar a lei. O jeito mais fácil seria se Mary e Matthew se casassem, mas ela rejeita completamente a ideia de um casamento armado e sem amor. E, mesmo quando as coisas começam a mudar, outras pedras vão se pondo no caminho. O destino de Downton continua incerto.
Enquanto isso, outros conflitos se passam na "parte de baixo" de Downton, entre os funcionários. Lord Grantham escalou um antigo soldado com quem serviu na Guerra para ser seu novo valete, mas sua deficiência - ele é manco - irá pô-lo à prova. Os conflitos de poder dentro da hierarquia dos funcionários levarão uns e outros a sabotagens discretas, porém diretas. E é nesse ritmo que os anos se passam em Downton Abbey.
O seriado é o mais próximo de uma novela brasileira que eu já encontrei em outro país. Não digo isso de uma forma ruim, mas sim porque ele abusa de alguns clichês, tem aquela velha política de todo mundo ter algum grau de parentesco ou amizade próxima com todo mundo, e, de alguma forma, pela própria estrutura dramática. Mas tudo isso em 8 episódios por temporada.
O tempo em Downton Abbey se passa muito rápido, reflexo da quantidade de coisas que acontecem e do fato de que não dá pra ser menos dinâmico, senão seria tedioso. Muitos anos se passam entre o início da primeira temporada e o fim da segunda, por exemplo; mas essa passagem mais rápida do tempo não torna nada menos profundo, nem impede de maneira nenhuma que a gente se conecte à história, muito pelo contrário. Ajuda a nos aproximarmos de cada acontecimento, como se ele se desenrolasse na velocidade da vida real aos nossos olhos.
Se apaixonar pelos personagens é tão fácil quanto odiá-los. A verdade é que, conforme os episódios (e, consequentemente, o tempo) vão passando, vamos nos apegando a todos eles, até os mais irritantes, e descobrindo novas facetas de cada um, com motivos para amá-los e pra estapeá-los de raiva. Todos eles - desde Mary e Matthew, até o Sr Carson e a Sra O'Brien - tem altos e baixos, e nuances que nos permitem tê-los como membros da família. São feitos de tantas camadas que parecem pessoas de verdade, e não aqueles estereótipos típicos da ficção.
Junto disso, vem todo o relato de uma época. O seriado se passa num tempo não tão distante, mas cuja realidade já é quase inimaginável. As mulheres não tem nem direito ao voto, quanto mais à herança. Alguns casamentos ainda são arranjados. Títulos ainda importam. Famílias ainda tem dezenas de empregados. A Primeira Guerra Mundial está iminente. A eletricidade é uma novidade assustadora. Tudo isso dá à história um charme a mais, e também um toque de graça.
É muito difícil falar sobre Donwton Abbey sem ter enormes surtos e, especialmente, sem dar grandes spoilers. Acontecem coisas demais, e acompanhar a série (ou, no meu caso, assistir tudo de uma vez) é como se infligir, ao mesmo tempo, grandes doses de alegria e de sofrimento. São casais que nunca dão certo, problemas que se acumulam, brigas que não se resolvem, mortes que não deveriam acontecer. Depois que você começa a assistir, seu mundo se resume àquela realidade alternativa em que os personagens vivem. Me vi respirando, comendo e bebendo Downton Abbey, incapaz de fazer alguma outra coisa enquanto não terminasse de ver tudo. Sabe aquele clássico "você vai sofrer, mas vai ficar feliz com isso"? É a máxima verdadeira de Downton Abbey. É sofrido como em qualquer outra série, mas isso só faz o amor aumentar. E o vício também.
Se você, por qualquer motivo, ainda não assistiu, VEJA. É épico e lindo e inesquecível e assustadoramente viciante. Você pode me odiar quando o sofrimento começar, mas em algum momento vai me agradecer por essa indicação. E não vai se arrepender!
Beijinhos ;)
Ahhhh, eu amoooo Downton Abbey! Eh um viciooo!! rsrs. Estou me roendo pela proxima temporada. A forma q acabou a terceira temporada me deixou tao triste. Tao tragico!
ResponderExcluirBjokas.
Nunca assisti,mas valeu a dica.
ResponderExcluirAhhh, eu tenho a primeira temporada baixada aqui, só não assisti ainda por motivos de: sei que vou gostar, sei que vou assistir tudo em três dias e sei que não vou ter mais nenhuma série para ver (bom, pelo menos sem ficar com um número absurdamente grande e não conseguir dar conta de tudo depois) HAHAAH
ResponderExcluirEnfim, adorei seu post! Eu sempre leio o que você escreve, mas por alguma razão obscura - também conhecida como preguiça - sempre fico devendo um comentário. Deu pra sentir o seu vício pelo texto só <3
Beijo!
Louca viciada, cruzes.
ResponderExcluirVou pedir pro meu namorado baixar pra mim, porque não tenho essa capacidade.
Gostei muito, parece incrível e me deu vontade de escrever um post indicando - direito - Os Pilares da Terra, que também é MUITO viciante e só tem 8 episódios por temporada (a diferença é que ele só tem uma), que foi a série mais viciante, incrível, mind-blowing e "você vai sofrer, mas vai ficar feliz com isso" que EU já vi (amei o uso da citação, por sinal)
E é isso, Lady, obrigada pela dica.
Nunca assisti, mas ouvi falar muito bem da série. Estou com receio de assistir porque já assisto muitas séries, e tenho certeza que me apaixonaria por esta também. Vou ver se baixo a 1ª temp. e tomo coragem :D
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