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domingo, 23 de junho de 2013

[NOSSAS DICAS] Criando uma "coluna vertebral" para os seus personagens

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A falta de entrelinhas é um dos grandes problemas de vários dos livros para jovens que tenho lido. Sim, uma história central que fale de um namorado, busca épica ou luta contra governo ditatorial é interessante, mas é necessário que o protagonista apresente crescimento, exponha e chegue até o limite da sua humanidade, se assemelhando assim, de forma mais eficiente, ao leitor.

Pensando nisso, procurei algum artigo que me ajudasse a criar meus próprios personagens de forma mais real, criando uma “coluna vertebral” para os mesmos a ser seguida até o fim. Foi assim que topei com esse artigo da escritora americana Janice Hardy, que coloca de forma simples o essencial para cada personagem e é o texto mais útil sobre o assunto que li até a presente data. Usei com alguns de meus protagonistas e garanto: dá muito certo.

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Eis, segundo Janice, o que deve ser estabelecido antes mesmo da escrita começada, com alguns acréscimos e mudanças de títulos (para que soe melhor em Português):

Desejo: É aquela coisa de que o personagem está ciente ou acha que precisa, e que persegue no início da história ou depois do conflito. Nem sempre é o que o personagem realmente precisa, por isso temos a...

Necessidade: Aquela coisa que realmente faria a vida do personagem melhor e/ou melhoraria o problema, mas nem sempre é aceita pelo mesmo.  Muitas vezes, o personagem nem sequer sabe que precisa daquilo, ou sabe e resiste em aceitar graças a velhos hábitos ou algum obstáculo. A Necessidade e o Desejo não necessariamente precisam entrar em conflito, mas histórias onde isso acontece são sempre mais interessantes ;)

Ferida: Uma experiência extremamente traumatizante que tenha acontecido na vida de seu personagem, e que molda a maneira com que ele vê o mundo.

Crença: O maior resultado da tal da Ferida, aquela cegueira insistente que faz parte da maior parte das decisões e induz quase todos os erros. Muito, mas MUITO cuidado com o drama excessivo aqui. É um grande perigo – nunca se esqueça que a maior parte das pessoas são, na verdade, bem sensíveis, e até coisas pequenas que sejam bem justificadas e baseadas podem se encaixar.

Medo: A coisa que aterroriza o personagem, alguma versão de experimentar o medo da Ferida de novo. Vai ser, direta ou indiretamente, parte dos obstáculos que ele enfrentará. O Medo puro e simples será o maior destes obstáculos, ou como qualquer um que jogou vídeo games na infância diria, o “Chefão”.

Máscara: O “eu” falso que o personagem apresenta para o mundo. A armadura emocional que o protege do Medo em todas as suas versões.
Essência Real/Pretendida: Aqui está onde coloco o meu dedinho, a única parte em que o que a autora do texto descreve não funcionou muito bem na prática (ao menos pra mim).

A Essência Real seria aquilo que o personagem realmente é, por trás da máscara. Já a Essência Pretendida é aquilo que ele gostaria de ser. As duas coisas não precisam ser tãão distantes assim no caso de livros curtos, mas em livros mais longos e séries o ideal é que estejam a anos-luz de distância uma da outra, apresentando assim um personagem imperfeito e que tem muito a crescer.

Tá, eu sei que muitos de vocês não entenderam muita coisa, então vamos usar o exemplo de Janice, uma história bastante conhecida.
Shrek é um Ogro, que por ter no passado sido rejeitado por várias pessoas graças a sua aparência (Ferida) mantém-se distante de tudo, assustando a qualquer um que chegue perto dele (a sua Máscara). O seu Desejo é viver sozinho no pântano como, na verdade, como qualquer pessoa (ou criatura mitológica) precisa de amigos e amor (a Necessidade). A sua Crença é de que, graças a sua aparência, ninguém no mundo poderia gostar dele, o que foi criado e é reafirmado pela Ferida.

Shrek é, na verdade, bastante sensível e leal (a Essência Real) que se encontraria após atingir a necessidade, ou seja, socializar-se (a Essência Pretendida). Como é um filme para crianças, a Essência Real e a Essência Pretendida encontram-se bastante próximas, o que não é de todo ruim. Só a superação do medo já dá uma boa história.




Enfim, espero que vocês tenham gostado. Não traduzi o texto literalmente porque queria colocar mais algumas coisas, mas caso saibam inglês, recomendo o blog da Janice inteirinho – é um dos melhores sites pra escritores que já li.

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Um comentário:

  1. uau! Amei sua postagem. Interessantíssima!

    Parabéns!

    Com certeza, mtos autores deveriam trabalhar melhor seus personagens.

    Bjokas.

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