[LIVRO X FILME] Dezesseis Luas

Autoras: Kami Garcia, Margaret Stohl
Série: Beautiful Creatures #1
Edição: 1
Editora: Galera Record
ISBN: 9788501086914
Ano: 2010
Páginas: 490
Tradutor: Regiane Winarski
Sinopse: Ethan é um garoto normal de uma pequena cidade do sul dos Estados Unidos e totalmente atormentado por sonhos, ou melhor, pesadelos com uma garota que ele nunca conheceu. Até que ela aparece... Lena Duchannes é uma adolescente que luta para esconder seus poderes e uma maldição que assombra sua família há gerações. Mais que um romance entre eles, há um segredo decisivo que pode vir à tona.

Ethan Wate viveu toda a sua vida na pequena cidade de Gatlin, na Carolina do Sul, sem que nada de interessante tivesse acontecido. Cercado de memórias da Guerra Civil americana e de famílias fervorosamente religiosas, Ethan se refugia na religião sagrada de sua falecida mãe: a leitura. Os livros são sua porta para escapar de Gatlin, e sua única esperança de conhecer mais do mundo.
A cidade entra em polvorosa quando uma forasteira se muda para a cidade. Pra piorar, não é uma forasteira qualquer - é a sobrinha do velho Ravenwood, o recluso da cidade, há tantos anos sem deixar sua fazenda que Ethan sequer sabe como ele é. Se o velho Ravenwood já é hostilizado como o próprio demônio pelos cidadãos de Gatlin, sua sobrinha não poderia esperar nada de muito bom dessa gente; e é por isso que, desde seu primeiro dia na escola, Lena Duchannes se sente excluída.
Mas não por Ethan. Algo em Lena o atrai - talvez o fato de que ela conheça a vida fora de Gatlin, talvez a imensidão de seus olhos verdes em contraste com seu cabelo escuro, talvez os acontecimentos inexplicáveis que parecem rondar o "Furacão Lena" por onde ela passa, ou, quem sabe, seja apenas porque ela é a garota com quem Ethan vem sonhado todas as noites, inexplicavelmente, durante semanas. Seja lá o que for, algo os une. Mas Lena não pode se envolver agora. Em breve, tudo em sua vida poderá mudar.
Lena é uma Conjuradora, uma espécie mágica que, aos 16 anos, é Invocada para a Luz ou para as Trevas. Na família de Lena, isso atinge um novo patamar - quando seu 16º aniversário chegar, ela não terá escolha. Se for invocada para a Luz, tanto melhor. Mas se as Trevas a tomarem, a Lena Duchannes que Ethan conhece deixará de existir.
Claro que ela quer escapar dessa possibilidade a todo custo, mas como fugir de algo que corre nas suas veias?

A primeira coisa que pensei quando comprei Dezesseis Luas foi: meu deus, que livro enorme. Não, não me intimidei pelo tamanho em si, mas pela dúvida se haveria conteúdo que bastasse pra preencher tantas páginas sem parecer pura enrolação.
Bom, pelo meu resumo da história aí em cima, deu pra perceber que tem sim conteúdo que baste!
Dezesseis Luas tem uma enorme quantidade de história, explicações e acontecimentos embutidos num único e detalhado volume. Cada capítulo equivale a um determinado número de dias que precedem o 16º aniversário de Lena, e se tem uma coisa que as autoras não temeram foi deixar que a história tomasse seu próprio tempo. Há um respeito muito grande na naturalidade - o que, de certo modo, significa lentidão - com que tudo acontece dentro da história, sem a necessidade de grandes saltos temporais ou trechos mal contados. E, especialmente, sem a necessidade de um relacionamento que se desenvolva às pressas.
Essa é, na verdade, uma das melhores coisas sobre Dezesseis Luas. Esqueça o amor a primeira vista, esqueça o primeiro beijo e o "eu te amo" antes da metade do livro, apague qualquer um desses clichês de YA da sua cabeça. As coisas em Gatlin demoram a acontecer, e isso inclui os relacionamentos. Lena e Ethan passam por um longo caminho antes de virem a ter algum contato mais íntimo, e um caminho ainda maior antes de ousarem dizer as palavras "eu te amo". Nada disso, contudo, tira o romantismo da história, o que só prova que romance não tem nada a ver com melação. Ethan é sensível sem parecer surreal demais, e enxerga Lena não como aquele ser mítico e fora do seu alcance - aquela famosa visão ultraromântica de praticamente todos os livros do gênero - mas sim como uma garota de quem ele quer muito se aproximar e que é bastante real. E isso, preciso dizer, é um alívio!
Não consegui dizer se gostei ou não da Lena. É diferente não ter a mocinha como narradora e vê-la sob a percepção do mocinho, isso eu posso afirmar! Mas seu excesso de pessimismo e seu comportamento às vezes infantil demais me fizeram torcer o nariz mais do que gostaria. Ela não chega a ser frágil, mas também cria uma necessidade constante de ser salva, e isso é o que me irritou. Ela até quer se fazer de durona, mas quando a coisa pega mesmo, é só lágrimas e reclamações. Acho que criei uma certa expectativa sobre ela no começo, acreditando que ela seria dura na queda, e isso foi meio que se desfazendo (embora não completamente) ao longo do livro. Então agradeço por não ser ela a narradora dessa história!!
Pra ter, digamos, a experiência "completa", além de ler o livro, eu fiz questão de assistir ao filme. Ou tentar. Porque o negócio é que eu não consegui assistir depois de um certo ponto.
Nem consigo chamar aquilo de adaptação. O Dezesseis Luas que foi pros cinemas teve tão pouco respeito pelo seu material original quanto possível, e acabou tão mal-roteirizado que não se sustenta nem mesmo como um filme legal. O tempo legal dos acontecimentos é completamente ignorado, o relacionamento entre os protagonistas recebe toda a carga a mais de açúcar que as autoras tinham conseguido evitar, 90% da base mística sobre os Conjuradores, a Invocação, e até sobre Ethan e Lena não foi sequer considerado e várias peças fundamentais ao caminhar da trama no livro não tem nem uma pequena participação especial no filme. Isso, associado a um elenco bastante razoável - do qual só mesmo o bonitinho do Ethan saiu ileso - totalizaram num filme que é melhor esquecer.
Se você assistiu ao filme e não leu o livro, faça um favor a si mesmo e LEIA. É bem mais do que só aquilo, juro.
E se você leu o livro e ainda não viu o filme... UFA. Sorte sua, colega. Não tem nada pra ver aí. Escape enquanto é tempo.

Beijinhos a todos!