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quinta-feira, 9 de maio de 2013

[FEITO A MÃO] A Coisa Verde



Antes de qualquer coisa: Um conto humilde inspirado em lugares, animais e pessoas reais depois do Ano Novo de 2012 da autora. Não acontecimentos, felizmente.
Um dia, você foi obrigado pelos seus pais ou pelos seus responsáveis ou pelos seus amigos a ir para determinado lugar distante. E, quando você era criança, tudo era tão maneiro... Mas daí, à medida que cresce, você acha que aquele lugar não era tão legal assim.
Só que, estando nesses lugares, sentar-se na ceia e imaginar uma história...
Pode ser até divertido visualizar algo comum te dando risadas.
Não quer acompanhar Luana nesse dia onde houve algo inesperado?





A Coisa Verde


Ao contrario do que eu imaginava, minha ida à casa da minha avô não foi tão excitante.
Considerando-se as 4 horas e meia que viajamos pela estrada e meu irmãozinho pedindo de 30 a 30 minutos para ir “fazer pipi”... Ou que eu tive que ocultar meus ouvidos com fones, escutando ao Simon Curtis e criando estórias – envolvem corpos nus, piadas provocativas, quase sempre um psicótico, poesia e alguns casais em relacionamentos homoafetivos – enquanto minha mãe insiste que tenhamos que ouvir o maldito “Ai se eu te pego”.
Sinceramente, o que tem nessas cabeças de minhocas?
Meus amigos (sim, homens) teclam comigo que “Isso é hipocrisia, Luana. Você imagina o ato pegar umas 24 horas por dia”. Mas eu tenho motivos para isso. Gosto de imaginar e escrever o que não posso ler nas vastas bibliotecas virtuais clandestinas o que meu pai nunca permitiria que eu lesse. Mas não costuma ser vulgar – tudo bem, uso “porra” ou “diabos” de vez em quando, mas é só uma interjeição!
Voltando para a casa da minha avó... 
Nos meus tempos de infância, costumava brincar com os pequenos da vizinhança de amarelinha e pique-esconde. Agora, com 16 anos e presenciando o sol de matar esta cidadezinha em crescimento, não consigo pensar em algo além de um banho. Não consigo cozinhar bem como minhas primas ou ser “responsável” ou andar de moto, então perambulo por esta humilde residência de madeira de dois andares.
Porquê meus ovos fritos sempre queimam.
Porquê as crianças, meus priminhos, tem a mania de pegar brinquedos duros e jogar em mim quando querem brincar de “índios”.
Porquê nessa cidade, pessoas com 15 anos andam e possuem mais segurança do que outras com 16 que gritam “Euuu vou caaaair” e pegam na cintura da pobre motorista para os cidadãos falarem o quanto somos idiotas. Acho que devem relevar o detalhe de eu ter dezesseis anos. E que, por acaso, estaria me referindo na terceira pessoa.
Sim, estou dizendo que sou idiota.
Tenho que sair da casa e ir para uma escada ao lado dela e do mato. Aproximo mais a minha bolsa de banho do corpo e olho para os dois lados. A minha prima mais racional – minha ‘moto-taxista’ grátis – me disse que tinha um garoto pervertido no lado.
Não que a palavra seja novidade para mim, mas eu não faço mal a ninguém e a possibilidade de alguém ser seu voyeur... Irk
O pior é que a casa vizinha tem uma aparência melhor do que a da vovó. Eu vejo azulejos... Se não for o suficiente, considere uma molecada com relógios legais como sinal e assobiando para garotas de partes grandes passando pela rua. Desvio meu olhar, completamente enojada.
Encontro umas galinhas ciscando. O cheiro é desagradável. Ótimo. Estou me sentindo uma camponesa feliz, aproximando-me da porta da cozinha e...
Ta-ta-ram! Encontro meus tios se beijando no sofá enquanto minha prima lava a louça. Minha mamãe faz um ótimo bacalhau para fazer a boca de todos caírem de tanta saliva. Meu pai foi fazer compras de verduras. Meu irmão de criação, com quem convivi até meus 7 anos, deve vir à qualquer momento com sua mulher para “chefiar” a casa.
Mania de dominância, caramba!
- OI, germes, damas e cavaleiros...! – Estico meus braços e todos erguem uma sobrancelha para mim. Faço uma cara irônica. Que mal compreendida sou. – Boa tarde. – Sorrio inocente.
As pessoas falam comigo, todas conhecendo o quão dramática sou. Com brincadeiras à parte, avisto meus primos menores pegando emprestado celulares pelo jogo da cobrinha. Que ambiguidade  embora isso não seja pior do que eles bisbilhotando seu computador e os seus amigos no Orkut para espiar “uma garota fisicamente desejável”.
Bando de pivetes.
- O que temos aqui? – Pergunto suave ao fechar a porta, abrindo minha bolsa para retirar minha toalha, meu sabonete particular, shampoo e condicionador e pôr tudo na pia.
Dispo-me e vou ao chuveiro... se bem que não chamaria isso de chuveiro. Ele jorra água com força na tua cabeça. Ainda por cima, gelada. Gelada pra caramba.
Reprimo-me para não falar palavrões em voz alta. Meu pai diria que tenho uma língua muito felina, mas isso porque ele tem uma pele mais morena que a minha. Eu sou branca. Uma folha de papel. Sinto frio muito facilmente.
QUE RACISMO GENETICO É ESSE? Como não fosse o suficiente a chuva desta cidade ter estragado minha definitiva, feita antes da viagem! 
Mas aqui estou eu, passando o shampoo e então ouço um “cri-cri-cri” acima da minha cabeça. Mesmo irritada que... bom, eu não consiga me divertir. Devo ter uns 30 anos? Meu cérebro envelhece junto com meu corpo ou é uma entidade separada? Por que não posso ser soltar e dizer “beleza” para essas festas em raves? Talvez eu precise comprar uma revista da Superinteressan-
Eu vejo um grilo. Pequeno. Mas ainda é um grilo. Ele está apoiado em cima do cano do chuveiro e cantando “cri-cri-cri”.
Tudo bem, Luana, amor da minha vida, não entre em pânico.
Reprimo-me.
Mas tenho medo de que...
Como ele não está mais no chuveiro? 
Ah, o grilo saltou... O GRILO SALTOU?! ONDE FOI QUE ELE SAL...
- AAAAAAAAAAAH! – Grito ao observar o inseto em cima das minhas roupas!
SEU PESTINHA VERDE ALIENIGENA PEQUENO E ESTUPIDAMENTE SALTITANTE! COMO OUSA?!
E ele está fazendo “cri-cri-cri”. Só pode estar zoando. Ou ele pensa “Oh Meu Deus! Como posso ver uma esquizofrênica nua? De todas as mulheres do mundo, por que uma biruta?”.
Ok. Um grilo pensante? Fora de cogitação.
- Vou pegar você, ho, ho, ho... – Sinto meu sangue ferver e, oh Deusinho, isso é bom.
Quero me vingar. Rio maleficamente (minha mãe diz que devo ter "um probleminha" e meu pai acha que tenho "uns 6 surtos por dia de complexo de vilã de desenho animado que acaba indo para o hospício”). Pego a primeira coisa que vejo no banheiro.
Um sabonete da Dove! Grilinho, se prepare para uma morte perfumada e hidratante...!
...erm, isso soou ameaçador?
Cale-se, Luana! Neste momento, você está numa batalha bombástica pela invasão de sua privacidade!
Taco o trecho contra o grilo (na mosca!), mas o filho da... O filho da cutia se apóia no relógio acima da porta!
Minha outra arma é justamente... meu pacote de absorventes... não que eu esteja ‘naqueles dias’.
Mas você sempre parece estar de TPM”, irmãozão diria, “armada para fazer a Terceira Guerra Mundial

FIM

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Um comentário:

  1. Olá!!!, belo blog amei, sucesso, Deus seja contigo,
    já estou te seguindo, OBRIGADO PELA VISITA.
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