Banner Submarino

segunda-feira, 22 de julho de 2013

[ESPECIAL DIA DO ESCRITOR] Plano A

Minha mãe diz que, antes mesmo que eu aprendesse a escrever, já tinha escrito um livro. Ela guarda esse livro até hoje e me mostra às vezes. Eu devia ter por volta de três anos, segundo interpretação dos meus desenhos-garranchos. O "livro" tem mais ou menos 5 páginas cheias desses desenhos, com a letra da minha mãe embaixo, interpretando o que lá estava ilustrado. Segundo ela, fui eu quem disse pra ela o que estava acontecendo nos desenhos e ela foi simplesmente anotando tudo. Acho que, pode-se dizer então, que eu descobri cedo o que eu queria ser quando crescesse.


Crescendo, descobri que minha carreira dos sonhos era muito mais sonho do que carreira. Ouvia de parentes e amigos um "tá, e o que mais?" quando dizia que eu queria ser escritora. Como se escritora só não fosse bom o bastante. Quando reafirmava minha vontade de passar a vida SÓ escrevendo, ouvia os corriqueiros "menina, vai morrer de fome", "é melhor você ter uma profissão e escrever como hobbie" e todas as outras afirmações deste mesmo gênero.

Cresci e, infelizmente, ouvi muito mais essas pessoas do que aquela menininha de 3 anos. Cresci e passei muito tempo soterrando o sonho, focando em outras missões e buscando novas aspirações. Falhei e falho constantemente. Hoje, faço duas faculdades e estagio em uma empresa pública. Não amo o que faço, mas também não odeio. Com a vida atribulada, me bate uma falta tamanha de sentar e pensar, pesquisar, imaginar e colocar tudo no papel. Fico achando que tenho que me contentar com meu pequeno tempo "livre", dentro do transporte público, e aproveitar para fazer o que eu gosto. Como escrever não é sempre possível, costumo ler.

Porém, me bate sempre esse vazio, incompletude. Como se o que eu estivesse fazendo não fosse o que eu deveria fazer. E eu sei que não é. Escrever, pra mim, não é um hobbie. É minha vida, minha missão e meu dom. Se por um lado eu hoje ache que aquelas pessoas que me desmotivaram a ser "escritora-solo" estavam certas (é realmente importante ter alguma outra profissão, pra qualquer eventualidade),  tenho certeza que mais certa estava eu, na genialidade de uma criança. Escrever não é meu plano B. É meu plano A. Se você também se sente assim, não desista! Responda com força àqueles que dizem que escrever é hobbie, que escritor morre de fome. Trilhe seu futuro da maneira como você achar melhor, que você se sentir melhor, que você for mais feliz e se sentir mais realizado!

Pra finalizar, e inaugurar o Especial NRA - Semana do escritor, deixo aqui um texto meu antigo (2009), que é a melhor definição pra mim do meu relacionamento com a escrita:

"Meu caso de amor eterno

Eu tenho um caso de amor sério.
Amor de verdade.
Não somos só um affair. Deixamos de sê-lo há anos atrás. Somos apaixonados, somos de verdade e possivelmente, somos pra sempre.
Meu amado não me manda flores, nem me escreve poemas. Ele mal sabe que eu gosto de chocolates. Todavia, ele sempre foi, é e sempre será o meu romance que melhor correspondeu/corresponde/corresponderá meus sentimentos. Somos íntimos como gêmeos, semelhantes como chineses e ainda assim, a cada dia descobrimos coisas novas um sobre o outro.
Temos mais de dez anos de romance. Quando tudo começou, eu não passava de uma menina que mal sabia segurar um lápis de forma correta, mas meu amor já me amava do mesmo jeito que me ama até hoje, e, espero eu, que um dia quando minha mente já estiver fraca e meus dedos não conseguirem mais correr com essa velocidade pelo teclado, ou pela pauta, que meu amor me console e me apóie. Que ele nunca me abandone e nunca me deixe desistir dele. Pois ele não sabe, mas a verdade é que sem ele eu não sou nada.
Penso nele constantemente. Aliás, ele é a coisa que eu mais penso. Minha vida toda só faz sentido quando ele está por perto, quando eu posso senti-lo dentro de mim. O mundo perde a cor quando não posso ter contato com ele por um período de tempo, mesmo que este seja pequeno.
Ele é minha droga. Minha cocaína, minha heroína, meu êxtase. Sou viciada nele, apesar dele não ser viciado em mim. Preciso da minha dose diária de seu amor, ou sintomas como solidão, depressão e desligamento começam a aparecer repentinamente. Meus amigos não entendem quando eu digo que eles nada podem fazer, eu os amo, logicamente, mas a paixão avassaladora que sinto por meu amor verdadeiro é irremediável. Já era irremediável desde a primeira linha oblíqua que meus dedos tortos rascunharam, lá nos meus cinco anos de idade.
Eu sei que ele tem outras. Na verdade, ele tem outros também. Todos seus outros casos são tão bons quanto eu, ou melhores. Aposto que o amam loucamente também. Não há como não amar, diga-se de passagem, antes houvesse. Meu amado os ama também, tanto quanto me ama. Ele é um ser sem amarras, livre pra ir e vir, por todo esse globo terrestre. Invejo sua liberdade. Eu também tenho direito a ter outros. Até tento. No entanto, nenhum deles é como ele. Os outros podem me mandar flores, escrever poemas e até acertar meu chocolate preferido, mas nenhum deles me faz sentir completa. Só meu amor de verdade.
Nunca serei boa o suficiente para ele, mas por Deus, eu tento. Não podem dizer que não tento. Ele é a pedra base de minha vida, o pilar onde estou sustentada, o alçapão em baixo da força. Se a pedra rola, o pilar desmonta ou o alçapão abre, eu caio, eu morro. A graça é que ele nunca vai cair. Mesmo que eu não viva sem ele, ele não precisa de mim pra viver. Já viveu por 74 mil anos antes que eu nascesse, e vai continuar vivendo depois que eu voltar ao pó. Meu amado viverá enquanto houver alguém que o ame de volta, e sempre haverá alguém. Acredito que sempre existirão pessoas como eu, necessitadas do amor de meu amado, e enquanto elas existirem, eu estou segura, porque ele viverá.
Necessidade esdrúxula de fazer um texto falando sobre textos, um texto falando sobre palavras, falando sobre letras, falando sobre escrever. Meu amor é pelo escrever. Pelo criar, pelo formar, pelo barulho das teclas no teclado ou do lápis correndo pelo papel.
Meu amado me acostumou mal (ou bem, depende do ponto de vista). A verdade é que ele é parte irrevogável de mim agora.
Para sempre."

Feliz dia do escritor! - 25/07/2013

Comente com o Facebook:

2 comentários:

  1. Muito legal o texto :D

    Tbm já quis ser escritora e tive as mesmas reações: "tá, e o que mais?". É chato e dá vontade de matar a pessoa.. SUHUASHUAHS'

    ResponderExcluir
  2. Adorei a postagem e seu texto! Também pretendo me tornar escritor, e meu plano B é a música. Acontece que tanto o plano A quanto o B, as pessoas meios que me desmotivam, sabe? Mas fazer o que, é erguer a cabeça e seguir em frente! Bjão!

    ResponderExcluir