Ontem eu descobri que o livro Perdida, um dos meus preferidos - tanto dentre os nacionais quanto dentre todos que já li na vida - será transformado em filme. Pois é! Ian Clarke e Sofia Alonzo no cinema, prontos pra me fazer suspirar, rir e chorar outra vez. A autora Carina Rissi já está trabalhando no roteiro junto com Luca Amberg, e a produção tem previsão pra chegar às telas em 2015.
Mas será que chega mesmo?
Não me levem a mal. Sério, tudo o que eu mais quero é que esse filme aconteça, e seja um sucesso, e exploda amor pra fora da tela até eu sair do cinema toda coberta de açúcar! Mas não consigo deixar de pensar que, num mercado tão enrolado como é o audiovisual brasileiro, mesmo apostas de produções incríveis como Perdida tem a tendência a serem deixadas lentamente no esquecimento dos produtores. E isso me desanima.
Adaptações cinematográficas de livros são praticamente um gênero no cinema americano, se pararmos pra pensar. Sério, quantos livros você já leu que ganharam uma adaptação nos últimos dois anos? Cinco anos? Dez anos? E quantos outros filmes você adora, e descobriu que vinham de livros depois? Essa lista cresce a perder de vista quando a gente começa a prestar atenção nela. Não é nenhuma novidade que o cinema lá fora busca na literatura novas histórias pra contar nas telonas. Boas adaptações ou não, o que todo mundo já conseguiu entender é: adaptações vendem. Afinal, os bestsellers já tem uma base de fãs fiéis, que irá consumir o filme, mesmo que seja só pra reclamar depois. E é essa galera que vai trazer outras pessoas pro cinema. Mesmo um fiasco de bilheteria conseguirá, pelo menos, se pagar.
Aqui no Brasil, as coisas funcionam de um jeito bem diferente. Não quero nem comparar nosso mercado
cinematográfico com o americano, pelo amor de deus! O que fico me perguntando, e é essa a questão em debate aqui, é: por que as produtoras não apostam em adaptações de livros nacionais? Existem tantos, especialmente de uns anos pra cá, que eu me pergunto se eles não enxergam o que estão deixando passar. Thalita Rebouças, André Vianco, Paula Pimenta, Patrícia Barboza, Eduardo Spohr, Raphael Draccon - isso só pra citar alguns dos vários nomes que apareceram nas listas de mais vendidos, que tem histórias incríveis, e chances tão boas de verem seus livros se transformando em sucesso também no cinema, se alguém quisesse apostar em adaptar seus livros. Autores que já tem uma base sólida de leitores ávidos, que sonham em ver seus personagens ganhando vida nas telas. Às vezes parece que ninguém repara em quanto lucro uma adaptação de um livro conhecido, de um público ativo - como o jovem, por exemplo - pode gerar: afinal, os fãs vão aos cinemas, e os que não são fãs e assistirem, vão comprar o livro, e quem gostou vai comprar o DVD, e vão querer camisetas, broches, pôsteres, canecas, e mais mil itens colecionáxeis com a capa do livro e do filme, e BUM, vendas. Claro que, como tudo, na teoria as coisas funcionam muito melhor do que na prática, mas não consigo deixar de acreditar que apostar pra ver seria algo positivo.
Pessoalmente, acho que o que cria essa "não-produção" de adaptações literárias aqui no Brasil é a mistura de vários fatores, que vão desde a crença no fato de que os brasileiros não leem, até a burocracia de se produzir um filme no Brasil. Custa caro, e tudo que custa caro tem mil trâmites envolvidos. Alguns filmes chegam a ficar 5 anos em produção antes de serem lançados. Isso quando são. Já ouvi falar de várias adaptações de livros brasileiros que até agora não saíram. Pra gente, só resta torcer.
Não quero ser negativa, nem ser a chata que vai dizer que tal livro nunca vai chegar às telas. Quero mais é que cheguem, e rezo pra que Perdida, Fazendo meu Filme, Dragões de Éter e tantos outros nacionais que eu amo um dia estejam em tela grande e dolby digital pra eu assistir enquanto como quilos de pipoca. E espero que um dia, eu possa esperar pelas adaptações de livros aqui no Brasil com a mesma confiança com que espero as adaptações de livros que vem de fora - sabendo que, boas ou não, elas existirão em algum momento, porque alguém aí sabe que leitores também são espectadores, e que espectadores podem se tornar leitores. Que um mercado ajuda o outro, e que fãs consomem mais do que qualquer outro tipo de consumidor comum. E que, ei, brasileiros leem sim, e escrevem, e bem! E se eu posso ter Bella, Jace, Percy e Harry no cinema, por que não posso ter Fani, Priscila, Malu, Ariane, Axel...?
Esperamos notícias dos próximos capítulos!
Eu também sempre me questiono isso e torço demais para que essa barreira se quebre um dia. Que o espaço que as séries da Globo e até alguns filmes deram para clássicos como Dom Casmurro também seja concedido pra gente nova que tá chegando aí, que está vivo para crescer ainda mais e impulsionar o mercado em conjunto. Assim como também acho o máximo quando os autores sugerem músicas nos livros e coadunam com as suas histórias a área musical. A arte, pra mim, é um pacote genérico e as suas vertentes, sempre que possível, devem caminhar juntas e se ajudarem; isso só deixa o resultado final ainda mais bonito! Tomara que o Brasil comece, aos poucos e de verdade, a produzir menos humor sem graça em massa para que surja espaço às adaptações literárias. <3
ResponderExcluirMuito bem falado! Creio que grande parte disso se dá ao foco que a mídia brasileira tem e por isso não investem para que se tornem possíveis as adaptações literárias.
ResponderExcluirParágrafos e Capítulos
NuH, eis a questão sempre me perguntei,
ResponderExcluirporque não não adaptações de livros nos cinemas nacionais... Tenho uma lista infindável de livros nacionais que sonho em ver nas telas. Adorei o post, bem fundamentado
http://soubibliofila.blogspot.com.br/
"(...)que irá consumir o filme, mesmo que seja só pra reclamar depois." Pura verdade! Sou uma delas, mas eu normalmente gosto de ver mais os pontos do positivos que os negativos (no caso de filmes e livros), mesmo quando reclamo. (?)
ResponderExcluirAdorei seu post, e é a mais pura verdade, tem uma barreira quando as adaptações brasileiras. Eu não vi tantos filmes nacionais, mas dá a impressão que são poucas as inovações, partindo de alguém que só vê as sinopses e trailers. Ou quando tem novidade não é lançada em todo o Brasil, fica só no Sudeste e Sul.
Quando vi sobre o lançamento de 'Perdida' tive uma esperança, eu ainda não li o livro, mas quero muito ler, principalmente agora com essa notícia (viu adaptações atraem novos leitores).
Bom, espero mesmo que as coisas se movimentem agora. Quem sabe os seus são adaptados também, loira. Eu pelo menos já sonhei com isso. :,D
Beijos ;*