Todo mundo conhece a máxima que diz "ninguém nasce sabendo" e por mais que seja nota dez na teoria, a prática é a prova de fogo mais cruel que existe.
O que acontece logo que os espiões saem da academia e pegam sua primeira missão?
E se o Coronel confiasse uma missão que nem mesmo agentes experientes conseguiram cumprir?
Eu tentei desvendar este mistério louco e saiu um conto mais louco ainda. Divirtam-se com a primeira missão desse novato.
Vernerbroz
— Aqui estão os
novos documentos — o Coronel pôs o envelope pardo sobre a mesa. — É o nome que
usará a partir de hoje. Agente, abandone o passado; mantenha o mínimo contato
com a família. Você agora deve satisfação apenas a mim e ao povo brasileiro.
O agente abriu o
envelope para saber sua nova e definitiva identidade.
— Que tipo de
critérios usam para escolher os novos nomes? — Emegem, a única mulher entre
eles, perguntou.
— Bem, o tabelião
de Brasília é muito fã de cinema... Não reclamem, podia ser pior — o Coronel
pigarreou. — Diga o novo nome.
— Agente
Vernerbroz Amado? — o novato magrelo disse com certa dúvida quanto ao
sobrenome.
— Sou a agente
Emegem Fagundes — a bela mulher falou, estendendo-lhe a mão.
— Parece que o
tabelião resolveu sacanear a ABIN — o Coronel riu-se e ergueu a pasta preta que
trouxera na mão. — Agente Vernerbroz, está sendo incorporado à esta equipe, uma
das melhores do Brasil, diga-se de passagem. Aqui está a missão de vocês
quatro. Senhores, apresentem-se ao novato.
O Coronel saiu,
todos permaneceram em silêncio até que Emegem resolveu falar.
— Este aqui, que
se acha o Tom Cruise de tão esperto, é o agente Valdisnei Pereira. O nerd bonitinho
de óculos, lendo o protocolo da missão, é o agente Paramontino Silva.
— Pois é, novato,
o tabelião aqui de Brasília é fã de cinema. Mas já deve ter notado isso —
Valdisnei disse com seu jeito cafajeste, virou-se para ela. — Gatinha, qual a
missão que nos deram para levar o novato? Desmascarar algum governador? — riu-se.
Precisavam
resgatar a filha do embaixador, sequestrada por um grupo rebelde na Síria. Os três
agentes tinham experiência nesses casos de sequestros internacionais. Por
várias vezes soltaram presos das FARC. Portanto coube a eles ir até o Oriente
Médio atrás de novas pistas para atualizar os dados da investigação. E levar o
novato.
— Ela se chama
Sheila Cabral — Emegem lia no avião, enquanto sobrevoavam o Atlântico. — Pelo menos tem um nome bonito.
Vocês acreditam que um tabelião sacaneia a
ABIN há anos?
— Pra mim, essa coisa dos
nomes é coisa do Coronel. Na academia, diziam que ele é quem tem uma rixa com
esse tabelião — Vernerbroz comentou.
Paramontino, indiferente ao
assunto dos nomes, fazia umas varreduras, cruzava informações no laptop e as
repassava aos companheiros:
— Sheila foi sequestrada há
pouco mais de um mês e meio quando o pai dela, o embaixador brasileiro
Alencastro Cabral, mandou que fugisse de Damasco por causa das revoltas. O
trajeto seria cumprido em um dia: algumas horas de carro atravessando a
fronteira até Beirute, capital do Líbano; de lá um navio a levaria para Chipre
onde pegaria um avião para Adana, na Turquia; lá embarcaria em um voo comercial
para Vitória.
— Mas os rebeldes a pegaram
antes que atravessasse a fronteira para o Líbano — Valdisnei lembrou.
— Rapazes, estão se esquecendo
do resgate pedido por eles: dez milhões.
— De dólares, Emegem?
— Não — Vernerbroz arriscou —,
de euros.
Valdisnei soltou uma risada.
— Nem um nem outro. Uma moeda
que vale mais do que dólares e euros. São dez milhões de libras esterlinas.
Depois de alguns instantes pensando, Vernerbroz disse:
— E de onde o
embaixador vai tirar esse dinheiro todo? Que garantias temos de que a garota
vai sair viva e inteira dessa?
— Nenhuma — Emegem
finalizou, sorrindo para o novato. — Por isso a ABIN entrou no caso.
Permaneceram em
silêncio pelo resto do voo. Investigaram e interrogaram por três dias em
Damasco, até que encontraram o mordomo do embaixador. Ele ajudara a criar Sheila,
sabia de detalhes importantes.
— A menina tinha
um namorado com contatos entre os rebeldes. O senhor embaixador não sabia
disso, claro. Sheila me pediu discrição. O nome dele é... — estalou os dedos
três vezes tentando se lembrar. — Orienaj Caiax.
Seguiram o caminho
da comitiva até quase na fronteira, onde trocaram tiros com os rebeldes e foram
presos. Chegaram desacordados ao esconderijo.
Vernerbroz acordou
com um balde d’água sendo atirado em sua cabeça, que latejou mais. Um filete de
sangue escorreu.
— Então o
embaixador brasileiro pediu ajuda para a ABIN — Orienaj constatou, andando de
um lado para o outro. — Revistamos o carro. Vocês quatro não trouxeram as
nossas libras esterlinas. Achei que o amante de Sheila traria.
— Eu não a
conheço, apenas vi a foto — Vernerbroz falou.
— Muito menos eu
disse que era tu, falo dele — Orienaj olhou e apontou para a direita.
Um homem sorria,
cafajeste e distraidamente. Estava em casa com sua amante e traindo a pátria.
— Verner, brow, tu é o único que ainda acredita em
bruxas malvadas — Valdisnei disse, rindo e beijando Sheila. — Ela não aguenta
ser filha do embaixador Alencastro Cabral. O safado rouba o quanto pode e
ninguém de Brasília faz nada!
— Não fazia —
Vernerbroz sorriu debilmente. — A essas horas, tem uma equipe da ABIN prendendo
o embaixador. Você é um idiota, Val-disnei, acreditou que ninguém da Agência Brasileira de
Inteligência sabia do paradeiro dela? O Coronel me contou tudo.
Considere-se preso por traição. Canalha.
Antes que Valdisnei sacasse a arma, Emegem e
Paramontino o pegaram. Os outros rebeldes estavam algemados ou mortos.
— Silenciadores —
Paramontino sorriu para Vernerbroz. — Úteis desde a idade da pedra. Concorda,
Valdisnei?
O agente duplo
soltou a arma e se deixou algemar.
— Caí na armadilha
que ensinei para vocês em Praga, há cinco anos — disse, sentindo raiva de si
mesmo.
Sheila ficou presa
dois meses, diferente de Alencastro Cabral que ficou um ano na cadeia e mais
sete meses em prisão domiciliar esperando o julgamento do STF. Adiado inúmeras
vezes pelos seus advogados-tubarões.
Quanto aos três
agentes, bem, eles estão nalgum lugar do mundo, numa missão secreta.
Fim..
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Drigo, achei o conto meio rápido. Como se você tivesse lutando contra número máximo de palavras ou algo do gênero.
ResponderExcluirAinda assim, ficou interessante e bem escrito. Gostei muito e estou ansiosa pelo seu próximo conto.
Amei os nomes, por sinal. Haja criatividade, hein?
Pois é, Mel, fiquei com a mesma impressão de que está meio corrido. Até mostrei pra Lari e ela confirmou o ritmo maluco.
ExcluirA arte de criar nomes estranhos, eu domino, hahaha.
até...
Hey! Primeira vez que visito teu blog e já gostei muito dele. Gostei muito do conto, os nomes realmente são bem diferentes, huh? Oaiejioajeae
ResponderExcluirEstou seguindo o N.R.A, viu?
Se puder retribuir e curtir o meu blog, ficarei feliz *-*
http://foolishhappy.blogspot.com.br/
Xoxo
Seja bem-vinda e visite sempre. =)
ExcluirGosto de criar esses nomes estranhos, haha.
XOXO
até...
Me diverti muito com os nomes dos personagens hahahaha Gostei!
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