Willian Donadon é paulista, natural de Itapetininga e, em 2011, publicou seu primeiro livro, A Lenda de Högni: O Cinturão de Adhara, pelo selo Novos Talentos da editora Novo Século. Já ocupado com o segundo livro da quadrilogia inaugurada por O Cinturão de Adhara, ele reservou alguns minutinhos pra bater um papo com a gente sobre escrita, leitura, a vida, o universo e tudo mais.
Como descobriu que o que queria fazer da vida era escrever? E como foi lidar com a decisão de ser escritor e do trabalho?
Descobrir ser escritor não foi difícil, acho que já estava dentro de mim essa ideia que foi, com o tempo, amadurecendo; desde criança gosto de escrever pequenas histórias, elas só foram aumentando de tamanho. Lidar com isso foi fácil em primeira instância. O universo literário é um lugar bem mágico e fácil de mergulhar de cabeça quando você simpatiza com ele. Eu diria que as coisas dificultaram num segundo momento. Ser escritor no Brasil não é apenas “ser escritor”, você precisa ter um suporte por trás, uma base (leia: emprego), principalmente se você é iniciante; isso dificulta o processo de escrita, que seria mais fluente – é claro – se você pudesse viver apenas dela. Não pretendo abandonar a literatura, creio que não conseguiria mesmo que quisesse, entretanto tenho em mente as dificuldades da carreira.
Quando contou a sua família e como eles reagiram?
Bem, minha família só ficou sabendo que eu queria ser escritor de fato quando eu cheguei com meu primeiro livro impresso e soltei em cima da mesa. Foi uma surpresa pra eles, muito embora eu já houvesse avisado antes (aviso que eles responderam com descrença). Quando viram que eu de fato tinha escrito, me apoiaram em procurar uma editora e estudar o mercado, a lançar o livro, mas sempre com um pé atrás. Pais sempre fazem planos para os filhos e acho que “escritor” não estava entre eles. Não deixaram de me apoiar, mas, como eu disse, sempre com um pé atrás e tentando me mostrar outros caminhos.
E como foi o processo de publicação?
Eu só não digo que foi o mais difícil porque tem o de divulgação depois dele. (risos) O grande problema da publicação é encontrar uma brecha no mercado editorial, que infelizmente ainda é muito fechado (apesar de estar bem mais abrangente hoje). Muitas editoras nem se abrem a escritores nacionais, outras tratam com descaso... É parte do processo, acredito, mas ouvir um não é sempre ruim e nada motivador. Eu cheguei a ouvir quatro antes de chegar até as portas da Novo Século.
Você possui algum escritor ou escritores em quem você se inspirou para prosseguir seu caminho? Se sim, quais?
Eu poderia fazer uma lista quilométrica deles. (risos) Eu sempre fui muito (sim, MUITO) fã do Lemony Snicket, autor do Desventuras em Série. J.K. Rowling me inspirou também ao longo do caminho, assim como Christopher Paolini e Dan Brown; Raphael Draccon e Suzanne Collins me guiaram no segundo livro da minha série, As Portas da Noite, assim como Jandy Nelson. Jane Austen e Eduardo Spohr num romance que ainda está em desenvolvimento... Por aí vai. (risos) Se eu precisasse selecionar apenas um que me acompanhou esse tempo todo: Lemony Snicket, pela simples maneira em que ele entrelaça os acontecimentos e torna da história algo maior. Toda vez que eu leio os livros dele descubro alguma coisa diferente que não tinha percebido antes e eu acho aquilo fenomenal, o jeito com que ele fala uma coisa querendo dizer outra e você acaba caindo sem perceber; só nota o duplo sentido muito pra frente.
Seu livro “A Lenda de Högni” traz uma porção de elementos da mitologia grega, e já sabemos que, em sua sequência, outras mitologias ganharão espaço. Como foi a pesquisa antes de escrever o livro? Quais foram as suas principais fontes?
Eu já tinha uma bagagem grande quanto à mitologia grega, desde pequeno lia as lendas e contos sobre heróis e deuses e sou apaixonado por ela desde pequeno. A pesquisa para O Cinturão de Adhara eu fiz através do livro O Grande Livro dos Mitos Gregos, que é bem completo. Para o segundo, que envolve a mitologia egípcia, minha bagagem era bem menor, então pesquisei em diversos livros sobre mitologia no geral (já que não encontrei nenhum sobre mitologia egípcia especificamente); meu grande apoio neste foi a internet. Como a essa história não envolve nenhum tipo de dado histórico, eu fiquei mais tranquilo quando a usar fontes online. Quando precisei eu pesquisava, pesquisava de novo pra confirmar em algum outro site e uma terceira vez só pra tirar da dúvida. O terceiro livro ainda não foi iniciado, mas já estou vendo alguns livros sobre o assunto para manter de base quando surgirem dúvidas.
Como você analisa o apoio a literatura nacional atualmente?
Escasso. Nós temos muito mais chão para explorar além do que temos utilizado atualmente. Tanto mercado editorial quanto os leitores aos poucos estão descobrindo que escritores nacionais também conseguem ser bons. A Bienal do Livro foi um ótimo exemplo disso para nós da Novo Século e tantas outras editoras; os leitores vinham, conversavam, pediam indicações, ouviam você contar sobre o que era seu trabalho e muitas vezes levavam ele ao invés de um livro traduzido. E muitos dos que compraram correram atrás depois para confirmar que leram e pedir o próximo volume ou indicações de outros nacionais. Isso não aconteceu só comigo. Acredito que aos poucos estamos conseguindo chegar ao nosso lugar “de direito”. (risos)
Se sua vida fosse um programa de televisão que estilo seria? E qual seria o nome?
Ai, difícil. Não sei se minha vida é interessante o suficiente para ser um programa de televisão. (risos) Talvez, sei lá, um seriado de humor, porque é incrível como situações idiotas e constrangedoras chovem na minha vida – principalmente quando decido sair com amigos. Nome? Não tenho a mínima ideia.
Café, chá ou Coca-Cola?
Coca-Cola e minha úlcera em desenvolvimento.
Se pudesse morar em um lugar que só existe em livros, qual seria? Hogwarts? Panem? Terra Média?
Acho que como escritor eu escolheria morar nas Ilhas de Gaia (do meu livro). Sem contar essa opção, a King’s Cross me soa como um bom lugar para começar minha mudança, apesar da Alagaësia me soar muito convidativa. (risos)
Você conseguiu ser milionário com seus livros. E agora? Viajar? Comprar um pequeno reino na Europa? Ir para o espaço?
Viajar, sempre. E investir dinheiro numa adaptação para o cinema que fique fiel ao livro... Quem sabe até montar uma editora só pra autores nacionais?
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Woow, muito curiosa pra ler o livro do Willian.
ResponderExcluirAdorei a entrevista também!! Sempre bom ver autores nacionais aparecendo assim. (:
Adorei a entrevista. Ri quando o William falou sobre só ter contado fe tao aos pai quando jogo o livro impresso em cima da mesa. Acho que se eu concluir algum livro só vou me abrir para o mundo como autora quando ele já estiver pronto também. rs E o que ele disse sobre o mercado nacional reflete de verdade o problema que a maioria dos autores nacionais passa. Mas as coisas estão mudando. Ainda bem. Fiquei bastante curiosa com o livro do William. Ainda não tinha ouvido falar dele, o que só prova que o que ele fala sobre a dificuldade de divulgar seu trabalho é muito grande. Sorte para ele.
ResponderExcluirEu adorei o William e quero ler o livro, mas senti falta de uma sinopsínha (não sei o diminutivo de sinopse,shame on me) para que eu saiba o que estou comprando.
ResponderExcluirAh, sei lá. Gostei de tudo. Não sei direito o que falar, mas to comprando (to numa fase consumista, e acho bom gastar assim).
Ótima entrevista. Autores nacionais são guerreiros por natureza e o William não é diferente. Já anotei aqui na minha lista de leitura.
ResponderExcluirvamos chama-lo pra trabalhar na editora NRA no futuro! \o/
ResponderExcluirClara e suas ideias megalomaníacas lol Se bem que sempre acabo concordando lol Siim, hehe.
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