Dito e feito, sai do cinema com aquele ar de quem não sabe mais o que fazer com a vida, e cá estou, tentando colocar tudo isso em palavras. A review de hoje vai estar lotada de spoilers sobre cada aspecto do filme, então, se você ainda não assistiu e não quer saber, não leia. Dividi tudo em etapas pra não esquecer de nada. Coragem pra enfrentar os noventa quilômetros de review pela frente? Então bora lá. Welcome to the 75 year of the Hunger Games.
A ADAPTAÇÃO
Na hora de assistir um filme que se originou a partir de um livro, essa é sempre a grande questão: será que vão respeitar o livro? Será que vai ser bem adaptado? Será que vão despirocar e colocar acontecimentos que não tem nada a ver, e tirar partes essenciais? Será que meus personagens preferidos vão existir?
Parto do princípio que é impossível um filme ser 100% fiel ao livro, por mil motivos - são mídias diferentes, narrativas diferentes, um tempo diferente de absorção e, claro, um filme é muito mais caro do que um livro em sua produção. A exclusão de certas coisas numa adaptação é plausível e necessária quando elas podem se resolver de outra maneira mais simples. Dito isso, pra eu realmente me decepcionar com uma adaptação, ela precisa atingir um nível quase de desrespeito ao material original. Então eu não estava particularmente preocupada com isso, especialmente quando, no primeiro filme, os roteiristas já tinham feito um trabalho tão bacana.
Mesmo assim, me surpreendi com o nível fantástico da adaptação do livro para a tela. Acho que não mais
do que uns 20% foi descartado - indo desde personagens e cenas não essenciais (bye bye Bonnie e Twill e explicação sobre o distrito 13), até menções de personagens que já não existem desde o primeiro livro (nada de filha do prefeito trazendo morfina pro Gale) - e o que ficou, foi respeitado à perfeição, até mesmo nos diálogos, que, em sua grande maioria, se mantiveram exatamente como no livro, ao ponto de eu me ver acompanhando várias das falas ao longo das cenas. Não sei pra vocês, mas isso faz uma diferença monstruosa pra mim na hora de me apegar a uma adaptação - ouvir os diálogos do livro sendo ditos pelos atores é como abrir uma terceira porta na minha imaginação que me permite acreditar que aquilo ali que estou vendo no cinema é uma cópia fiel do que eu havia imaginado.
Claro que algumas coisas foram modificadas para se encaixarem melhor no tempo do filme, e na velocidade da trama. Esqueça a enrolação sobre o casamento, e a introdução de todas as dúvidas da Katniss a respeito de ser ou não uma parte da revolução, porque ela (e, francamente, nem a gente) não tem tempo pra isso. Algumas coisas que normalmente seriam resolvidas em duas cenas, se mesclaram em uma só - foi o caso do teste individual antes do Massacre, onde, no livro, Katniss espera por muito tempo para entrar na sala, e só descobre o que Peeta "apresentou" (uma pintura de Rue morta na arena) na cena seguinte, quando ele mesmo conta. No filme, ela simplesmente entra e vê - e isso dispara sua vontade de pintar o boneco de Seneca Crane para os avaliadores. O mesmo acontece quando ela decide contar sobre as ameaças do presidente Snow; enquanto no livro Haymitch e Peeta descobrem separadamente, no filme tudo foi resolvido num único diálogo rápido após os eventos da visita ao Distrito 11.
Resumindo, Em Chamas é uma adaptação pra fã nenhum colocar defeito, tão fiel em cronologia, diálogos, fatos e descrições que se torna uma experiência quase sufocante - como ter toda a sua imaginação extraída para a tela.
O ELENCO
Nem vou começar com toda a minha lista de elogios ao trio principal - Jen Lawrence, Josh Hutcherson e Liam Hermsworth - simplesmente porque acho que essa fase minha já passou. Eles são fantásticos, brilhantes, e tão conectados aos seus personagens que eu já não consigo desassociá-los. Mesmo enquanto eu relia Em Chamas, já estava imaginando os três nos papéis principais. Seu recado foi dado desde o primeiro filme, e eu verdadeiramente acho que nenhum outro ator ou atriz poderia substitui-los.
Mas eu bem que tinha minhas dúvidas quanto a outros papéis, em especial com relação a Jena Malone e Sam Claflin, que deram vida a Johanna Mason e Finnick Odair, respectivamente. Não tinha tanto a ver com como eu imaginava os personagens fisicamente (achava Jena muito magrinha e o Sam pouco Finnick demais), mas com aquela boa e velha dúvida de "será que eles dão conta?". Ambos os papéis eram muito densos, ambíguos e exigentes, e a gente sempre fica se perguntando se os atores serão tão bons quanto os personagens exigem.
Minhas dúvidas foram sanadas nas suas primeiras aparições, logo no desfile de Tributos do Massacre. Embora à primeira vista eu não tenha achado Sam Claflin um Finnick tão sensual quanto o que a minha imaginação criara ao ler o livro, todo o seu gestual e o modo como ele se dirige a Katniss não me deixaram espaço para dúvidas de que aquele era Finnick Odair, incontestável. Com Jena Malone, na clássica cena em que Johanna começa a se despir sem nenhum motivo aparente dentro do elevador, o seu ar de rebeldia e sua expressão de indiferença serviram pra que eu me encantasse por ela tão rápido quanto pela personagem. E ambos se provaram ainda mais capazes na arena, não só pela forma e disposição física exigidas como, principalmente, pela dualidade dos personagens, envolvidos até o pescoço num plano complexo para salvar Katniss e não podendo contar nada.
No todo, fiquei muito satisfeita com as escolhas do elenco, e confiando cada vez mais na produção também para as que ainda estão por vir. Escalando Juliane Moore como Alma Coin, acho que não preciso duvidar de mais nada.
AS TÉCNICAS
Em Chamas teve um orçamento consideravelmente maior do que Jogos Vorazes. Não vou lembrar o número ao certo, mas posso afirmar, com certeza, que a produção do primeiro filme choraria com tanto dinheiro em mãos (eu choraria, com certeza lol). E dá pra perceber as diferenças técnicas que um orçamento maior faz assim que o filme começa.
Afinal, temos tomadas aéreas da floresta que cerca o Distrito 12, e muito mais cenas do Distrito 12 em si - pra quem se lembra, no primeiro filme praticamente só víamos a casa da Katniss, a floresta e a praça. Nesse filme, temos a Aldeia dos Vitoriosos, a praça, o Prego (de vários ângulos, e não só do lado de dentro), e vários outros ambientes do Distrito, o que, por si só, já sugere um aumento considerável no orçamento da equipe de direção de arte. Além disso, Em Chamas possui uma variedade de cenários diferentes que Jogos Vorazes não tinha, como os vários distritos (ainda que praticamente só o 11 seja mostrado de uma maneira satisfatória), novos ambientes dentro da Capital (inclusive uma inserção da casa do Presidente Snow) e uma nova arena, muito maior e mais complexa do que a do primeiro filme.
Outra adição sensacional que toda essa grana trouxe para o filme foi a possibilidade que a equipe teve de gravar as cenas do Massacre com a câmera IMAX. Pra quem não viu em IMAX eu não sei se fez alguma diferença, mas pra quem, como eu, teve essa oportunidade, o efeito é perceptível, embora, se formos parar pra pensar, ele seja relativamente pequeno. Pense naquelas faixas pretas que ficam em cima e embaixo da tela, delimitando o quadro do filme; à partir do momento em que Katniss sobe para a arena, elas desaparecem. Pode parecer pouco, mas cria um espaço maior de quadro que gera uma imersão ainda maior. Pena que a sala em que eu assisti não era em 3D. Eu certamente teria saído de lá achando que tinha morrido na cornucópia.
OS FEELS
Agora sim, a parte mais importante dessa review. Os FEELS! Quase uma entidade superior, os feels nada mais são do que aquela série de sentimentos e sensações que a gente experimenta enquanto lê ou assiste alguma coisa. E Em Chamas, é claro, está cheio deles.
Assisti ao filme acompanhada de duas amigas (a Maria Raquel, aqui da nossa equipe, e a Bárbara, amiga nossa) e de uma caixa de lenços - não só porque estava preparada pra chorar, mas porque estou com uma gripe horrorosa. Foi uma excelente ideia, se querem saber, porque chorei muito mais do que já imaginava que choraria. E a vantagem de ter duas malucas comigo é que não só tive uma mão pra esmagar nos piores momentos (eu e a Babs quase quebramos a mão uma da outra) como tive alguém pra compartilhar os feels quando o filme terminou.
Em Chamas tem momentos ótimos, desde super engraçados até heart-breakings de fazer a gente sofrer.
Comecei a maratona do chororô aos primeiros quinze minutos de filme, assim que Katniss e Peeta chegam ao Distrito 11 - foi só aparecer a carinha da Rue e pronto, tive um pequeno ataque de histeria. A cena toda foi tão perfeitamente adaptada que é impossível não chorar com tudo, desde as palavras de Katniss, até o velhinho que canta a música e o fatídico tiro que dá início a um mini-levante. A cena acaba e eu ainda estou chorando, encolhida, morrendo. Não tem como segurar.
O mesmo aconteceu quando Mags se lança para a névoa para salvar Peeta, e quanto Finnick e Katniss correm para a floresta ao ouvir os gaios tagarelas imitando a voz de seus entes queridos. Essa última cena, particularmente, tem não só as duas melhores atuações do filme - Sam quase me matou do coração nesse momento - como foi filmada de maneira a ser positivamente a coisa mais assustadora da arena. É horrível de imaginar, e mais ainda de assistir. O sofrimento dos dois se torna o nosso sofrimento.
Pra não dizer que o filme é todo composto de mil tons de depressão, uma das melhores cenas (com certeza uma das minhas preferidas) é aquela com Johanna no elevador, quando ela decide arrancar sua fantasia inteira simplesmente porque a acha ridícula. A cara da Katniss é simplesmente impagável! Não poderia ter sido melhor!
Os feels vão aumentando consideravelmente à medida que o filme passa, exatamente como no livro. É quase impossível definir um clímax quando você tem porradas sequenciais e não consegue definir qual doeu mais.
Toda a antecipação culmina num final feito pra explodir o coração da audiência - Katniss descobre (embora superficialmente apenas) sobre o plano para tirá-la da arena, descobre que Peeta foi capturado pela Capital, que ela está sendo levada para o Distrito 13 e que o Distrito 12, seu lar, já não existe mais. E aí, quando você acha que não dá pra piorar o tanto que o seu coração está sendo esmagado, BAM - Jeenifer Lawrence, em quem a câmera se concentra na última tomada do filme, olha diretamente para a câmera, para VOCÊ, e lança seu pior olhar de fúria.
Luzes se acendem. O broche de tordo pega fogo e se move para formar o desenho de Em Chamas. E abre as asas na representação de A Esperança, um prelúdio do que ainda está por vir.
Agora me respondam: terminando o filme desse jeito, é possível haver vida após Em Chamas? Sexta, no Globo Repórter.
Espero que tenham gostado (e sobrevivido) da review! Quem já assistiu Em Chamas, compartilhe aí seus feels e opiniões com a gente! O que você gostou? O que queria que tivesse sido diferente? Mais que nunca, eu quero saber!
Até mais!
Você resumiu TUDO o que eu senti! HAHAHAHAHAHAHA
ResponderExcluirNão há vida depois de Em Chamas. Há apenas surtos e mais surtos e mais surtos até que A Esperança chegue. <3
Como a Pamella mesma já disse, você resumiu TUDO o que eu senti! Hahaha!
ResponderExcluirAchei que tivesse sido apenas eu a relacionar algumas falas do filme com as do livro! Isso sem falar nas cenas fortíssimas (para nós, reles fâs) da Rue, do velhinho fazendo o sinal do Distrito 12 e assoviando a música. Sério, nessa hora eu mordi a língua com toda força que tinha para não chorar. Mas não adiantou de nada, porque depois veio o ataque ao Cinna e pronto, larguei mão de ser machinho.
Ótima review, Larissa! Me fez sentir tudo o que senti lá na sala do IMAX de novo.
Maravilhoso! Eu gostei tanto que fui na estréia e no sábado fui de novo! UAHSUHASUHAS' E ainda quero ir de novo :P
ResponderExcluirAchei tudo perfeito: a encenação, os efeitos, a adaptação...
Quase chorei em algumas partes(na verdade chorei escondido porque as pessoas ao meu redor pareciam normais) .
Enfim, amei.
Eu só quase morri.
ResponderExcluirE SOFRI pra ver esse filme, fui ao cinema três vezes antes de conseguir entrar na sessão, porque sempre estava lotado, lotado, lotado. E eu odeio o ingresso.com que cobra uma taxa surreal.
E EU AMEI o filme. E preciso ver de novo, porque eu tomei 700ml de Coca nos trailers, de nervoso, e precisei ir ao banheiro (voltei em um minuto e meio. Sim, eu contei) no meio então perdi um pedaço. D:
Meu deus.
Vc resumiu perfeitamente! Assisti 2 vezes e nas duas surtei HAHAHA tanto que no sábado a minha mão tava doendo de tanto que a minha amiga apertou.
ResponderExcluirEstou oficialmente louca para ver A Esperança, só digo isso.
Eu ainda não li os livros, então não sei o que esperar, mas gostei muito do primeiro filme e torço para que esse também seja tão bom quanto, senão melhor! Acho que irei ver esse semana, se não estiver lotado. rsrs
ResponderExcluirOi,
ResponderExcluirNossa amei o filme! Quero mt ver de novo! haahahaha
Bjs!
Viciados Pela Leitura