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Penúltima parte de Caindo Para Baixo. Parte Um. Parte Dois. Conseguiria
imaginar sua vida como as demais meninas,
se não fosse por suas amizades inesperadas. Beatriz Lima é uma dos poucos que os pequenos Randimiel e Valéria
Moraes chamam de amiga. Seus pais e seus vizinhos,
talvez pela exceção de um e de outro, não suspeitam que há um perfil além da
inocência que dizem a dupla ter. Cada vez mais, Bia se vê mais envolvida no mundo sobrenatural.
Neste três quartos do texto, temos uma visão, além dos miúdos Randimiel e Valéria, de outros que também estão na rotina da menina. Temos uma breve visão do colega dela de classe, o humano Hugo, e também um outro que a aborrece.
CAINDO PARA BAIXO (III)
Abro os olhos. Desde quando estou
acordada? Sei que estou neste modo, deitada e olhando o teto, faz tempo... Viro
na cama, tentando encontrar os meninos e não vejo nem eles ou as correntes. O
quarto está como se nenhum deles tivesse existido, porém, sei que as crianças
são reais porquê eu as sinto assim. Só acordo dos meus pensamentos ao notar uns
raios de sol e no instante em que mamãe surge, abre as janelas e diz:
— Dona Beatriz Lima, que horas são essas?
Em um estampido, eu me levanto, saio das cobertas e corro ao banheiro.
Chego, fecho a porta e fito o espelho: por
que tenho a sensação de que algo no meu rosto está tão errado? Toco minha
face, vejo que não tenho espinhas mais. Mas
não comi uma porção de bolo de chocolate ontem? Cadê essas espinhas agora? Isso deve ser obra dos cosméticos que mamãe
me trouxe trimestre passado... É... talvez. É o que há de lógico!
O resto das coisas passavam voando: o banho, o escovar dente, o vestir,
o café, a bênção e o carro do papai. É uma sequência, é uma programação.
Realizo a rapidez apenas no momento em que meus pais me deixam na frente da
escola. Então, olho: há o sol, os muros e umas casas na outra ladeira da
ruazinha. Ajeito minha mochila e sinto sono ao entrar no prédio da frente. Um
pouco de sonolência, talvez pela insolação, mas notei.
“Parece que vou ficar em uma paz de 4 paredes...”, pensei em um alívio
monótono.
— Eeeei Bia! Conseguiu fazer aquele trabalho que a professora de Física
passou?
Faço careta em ironia, “Ou parece que não vou ter” e logo pus um
sorriso. São dois minutos para começar as aulas da semana e já recebo uma
missão de ajudar Hugo na fila gigante da reprografia. Ele é um conhecido de
dois anos e não tem solução. Minha incapacidade de dizer ‘não!’ me faz faltar o
1° tempo de hoje. Em consequência, tenho que esperar o 2º, logo fico sentada, no
terceiro andar desse outro prédio, com outros meninos. Estamos – eu, eles e
Hugo – perto da copa de algumas árvores frutíferas e...
— Bia? — logo ouço uma vozinha do nada e demora pra me virar pra Hugo.
Só que ele nãoolha, conversando com um garoto sobre Pokémon. Porém, a voz
repete e percebo o foco indo pra outro lado, qual é para onde viro e consigo
presenciar um casal de crianças sentadas no chão. Abafo um grito ao ver Valéria
e Randimiel em um pic-nic quando há câmeras de segurança por aqui. Espio
preocupada os lados, mas há ninguém olhando para cá. Como assim? Estão bem aqui! Ainda que casualmente comam gororoba tipo- “Pudim?”,
encaro um doce macio que escorre um líquido vermelho.
Enquanto Valéria come a maior parte, senão tudo, Randimiel apenas toma
uma garrafa com um elixir. Como soubesse da atenção, ele me encara, mas é
nenhum alarme. Agora sei o básico das habilidades de cada um: as dele, além da alquimia,
também o de ser esper. Uma vez, Valéria comentou “Não se preocupa tanto, é só que ele nasceu já lendo gente, algo que na
época achavam... sagrado. Só que esse poder tira um pouco da vida da pessoa
quando desenvolve, então ele depende da pedra filosofal desde criança”.
“Pudim de morango”, e pega uma faca para cortar o pudim. “Quer? Você
pode comer”. Olho o prato oferecido e acho isto normal, mas minhas memórias me
fazem duvidar. Na última vez, tentaram me servir uma bebida de abacaxi que
jurei terem modificado. Lembro pensar em chamar a ambulância quando começou a
nascer pequenos olhos nas minhas mãos, mas Randimiel dissera “Em um ser humano, teria matado. Acho que
você deveria considerar seu organismo sortudo” e me levara ao laboratório
pra dar a cura.
Por isso acabo não pegando na oferenda, embora “Você pode comer” pareçam palavras de segurança. “Não, muito
obrigada. Já comi meu café da manhã”, o que é uma verdade, “Como vocês não são
notados?”. “Randimiel”, é a resposta da menina que em uma mini refeição de
deuses, “Achou nesse ano, entre velharias do doutor, uma pedra estranha”.
“É essa daqui”, vendo-me inquieta, ele me mostra uma pedrinha rosa. Logo
pestanejo, desfaço minha posição, vejo e, por fim, chego perto. “Ela é muito
pequena”, estreito o olhar, “O que ela faz?”. O alquimista ri, “Ela só... faz invisível
uma área que eu escolher. Foi enfeitiçada pelo tataravô de Dr. Moraes, mas ele
não segue as tradições e... Deixou-me isto”, e é quase cômico ver... Como se ele não tivesse ideia do que fazer.
Mas algo faz isso perder a graça: “E
vocês resolvem fazer uso aqui?”, contenho
minha decepção por botar expectativas. Valéria, após um gole de suco, pigarreia:
“Mas sua escola é bem legal...!”.
Encaro-os pensando “Legal o quê?!”.
Então, Randimiel me observa e fala “Bia, seu cheiro tá esquisito...” Antes de saber
o que ele queria dizer, Hugo diz preocupado “Você está bem? Te vi conversar com
o nada e...” e logo me dou conta que ele não pode vê-los. Realizando, rio. “Eu
me sinto bem, Hugo, valeu por se preocupar comigo”, contudo, mesmo sorrindo, parece
que ainda quer conversar. Assim, tenho alívio, por ser complicado esclarecer
situações envolvendo os Moraes. E logo nos liberam. Um sorriso volta a iluminar
meu colega e eu tento ver as crianças, mas vejo que elas já desapareceram.
Rapidamente Hugo, segurando o trabalho de sua apresentação, puxa gentil meu
braço, e corremos dois andares até chegarmos à porta amarela da classe. Está
escrito ‘9° ano – Tarde – Sala 01’.
Estranho não escutar barulho alto dos meus outros colegas ao entrar. Professora Glória não chegou ainda, no
entanto tudo está incrivelmente em ordem: sala limpa, a maioria das pessoas
está sentada e o projetor do slideshow
já está ligado. Há três garotos em pé discutindo, enquanto só um presunçoso
está sentado em uma carteira. Por intuição, observo-o pelo canto, mantendo-me
na frente de Hugo. Já sabia que é organização
demais pra ser natural! Tento aguentar minha raiva, pois Jeremias Segal no
meu lugar, desde que ele se mudou para nossa turma há três meses, virou rotina.
E dele os seus olhos rubros, os quais apenas eu percebo além de uns poucos. “Bom
dia, minha cara Beatriz”, voz suave, mas é perigo o ver sorridente. “E olá também,
Hugo”, sinto o outro colado às minhas costas, “Perguntava quando chegariam. O
que fez se atrasarem?”.
Não culpo Hugo por sentir medo: afinal, Jeremias é um monstro. Recordo que, no dia que conheci Valéria e Randy,
mamãe comentou sobre assassinatos, há 16 meses. Porém, quando os Moraes
desistiram de matar inocentes há um ano, outra onda de assassinatos ocorria: uma
mais estranha. Envolviam humanos que em curto tempo mudavam de comportamento,
chamando alguém de “meu senhor das
sombras” e eles agiam maníacos antes de outros, os seus próximos,
desaparecerem. E todos com os corpos, em seus finais, eram drenados de sangue. A
explicação de Dr. Moraes foi “Não somos
os únicos imortais da cidade, mocinha”. Isso foi janeiro e precisou que as
aulas começassem para a escola ficar com um ar estranho. Não evidenciei nada
consistente até a transferência e até aparecer resultados estranhos no meu
exame de sangue.
Talvez eu nunca saberia se não fosse por Randimiel, quem detectou a
hipnose em mim, e Valéria, quem identificou Jeremias como um vampiro com quem
teve um confronto hostil. Também notei algo de errado por Hugo cair misteriosamente
de um andar da escola, depois dele declarar recentes séries de amnésia. Essa
última forçou a Randy a pôr bloqueios em minha mente e em Hugo por “Ele ser
também seu amigo”.
Contudo, ultimamente, esse terceiro imortal não faz mais ameaças sérias
com frequência, porém nada o impede de atacar fisicamente a nós, dois mortais. “Não
é da sua conta”, rosno ainda na frente da minha carteira com mochila em mão, “e
o que está fazendo aí no meu lugar?” e ponho minha bolsa na cadeira desocupada.
Os olhos dele miram um ponto detrás do meu ombro e eu viro acompanhar o olhar: rápido,
vejo os outros se aproximando sombrios de Hugo, quem fica mortificado ao dizer “Bia!
Cuidado!” e me empurra para o lado.
Ai! Sinto outro peso em cima de mim e desaparecer assim que tombo. Vejo
Jeremias, pelo canto, com o rosto surpreso e encarando meu joelho. Demoro, mas
logo vejo pouco de sangue. Não sei o que está acontecendo, mas os outros não
estão mais estranhos e...
“Beatriz”, diz o vampiro, “você está com um cheiro esquisito”.
Encaro-o, lembrando o que Randy me disse antes. A ferida é leve, porém
há uns pingos vermelhos. No entanto, por
quê está parado, apesar do forte cheiro de sangue?! Hugo se aproxima para
me estender uma mão. Eu demoro a dar a mão, depois de me sentir estranha e
minha mente meio tonta. Levanto-me e passo a andar com certa ardência até a minha
carteira agora desocupada com a ajuda dele. Ele abre a boca pra dizer algo, mas
a fecha rapidamente ao ver meu joelho. Pergunto “Isso tá ficando feio?” antes
de palpar a ferida e estranhar ela seca. Olho e não existe ferimento algum...
...é como eu nunca tivesse me machucado.
[...]
A professora veio e se deu inicio às apresentações da turma sobre formas
de energia. O primeiro era o de Jeremias, cuja equipe e trabalho foi o mais
elogiado. Depois viria o de Hugo, dois outros, o meu e um último. Quando minha
vez chegou, senti agonia, mas “tudo está bem” a voz de Randimiel surgiu para me
acalmar. Fiquei calma até me dirigir à minha mesa. Sob ela, tinha um recardo com
minha caligrafia legível que reconheci:
“Depois da aula, conversaremos”
E é por causa daquilo que espero até o final do dia letivo para poder
sair. Encontro o vampiro convencido me aguardando no lado da porta com as
costas contra a parede.
— O que você quer falar, Jeremias? — pergunto com paciência, curiosa.
Mas ele não está prestando atenção em mim. Ele estreita algo como
esperasse uma reação. Tento verificar no que ele está tão concentrado e enxergo
sendo minha sombra.
— Por que está olhando pra aí? — volto a olhá-lo, mas com um sorriso
zombeteiro.
Ele, então, segura-me e corre desumano como fôssemos perseguidos. Abro
minha boca pra protestar antes de batê-lo, mas assim que bato meu olho pra
atrás, percebo um borrão negro nos seguindo muito rápido que acho que só um
imortal para fugir.
— Aquela moleca estúpida. — Jeremias
sibila furioso. — Ela trouxe algo daquele
reino para esse lugar sem pensar na ira que causaria, hã? Eu não me
surpreendo a conhecendo...
Eu não sei do que ele está falando. Só observo o borrão negro, o que
parece ser parte de alguma coisa, algo grande, se aproximar como se a correria
não o detivesse. E cada vez mais eu... Não consigo pensar direito... Não
estranho, pois eu já vi isso tantas e tantas vezes antes. Parece até que a presença
deles está sempre no canto do meu olho...
Só que agora eu não estou dormindo.
CONTINUA...
Significados:
Esper é um indivíduo capaz de realizar telepatia e outras atividades paranormais, no caso da história sendo Randimiel. O termo 'esper' ou 'ESPer' vem da abreviação de Extrasensory Perception (Percepção extrassensorial).
Quer ter seus contos publicados aqui na NRA?
Envie seu material pra gente no contatonra@gmail.com!
Oie Lucie =)
ResponderExcluirTive que reler os post anteriores para não ficar perdida rs...
Estou gostei bastante da forma como que você direcionou a história. Curiosa para saber como ela vai terminar *-*
Beijos e uma ótima semana;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
E aí, Ane, beleza? :D De novo te vendo por aqui, que legal~
ExcluirÉ, eu tô demorando um pouquinho mais no tempo de uma parte pra outra, de um conto pra o outro, de uma minissérie pra outra... Sabe, pra me dedicar no NaNoWriMo até novembro. Acho que pode também haver essa chance do leitor se perder, por isso os links xD
Eu tô me esforçando pra dar algo bacana, mesmo se não for algo que eu esperava no começo. Tô com uma boa parte do final escrito, senão tudo já planejado na minha cabeça... Deve sair pelo final de Novembro ou já em Dezembro :)
Fico feliz por gostar <3
Beijo beijo :D