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domingo, 3 de novembro de 2013

[FEITO A MÃO] Caindo Para Baixo, Parte III

Craft Picture
Origem do gif redirecionado na imagem :)
Penúltima parte de Caindo Para Baixo. Parte Um. Parte Dois. Conseguiria imaginar sua vida como as demais meninas, se não fosse por suas amizades inesperadas. Beatriz Lima é uma dos poucos que os pequenos Randimiel e Valéria Moraes chamam de amiga. Seus pais e seus vizinhos, talvez pela exceção de um e de outro, não suspeitam que há um perfil além da inocência que dizem a dupla ter. Cada vez mais, Bia se vê mais envolvida no mundo sobrenatural.
Neste três quartos do texto, temos uma visão, além dos miúdos Randimiel e Valéria, de outros que também estão na rotina da menina. Temos uma breve visão do colega dela de classe, o humano Hugo, e também um outro que a aborrece. 
Como também passamos a ver que...


CAINDO PARA BAIXO (III)


Abro os olhos. Desde quando estou acordada? Sei que estou neste modo, deitada e olhando o teto, faz tempo... Viro na cama, tentando encontrar os meninos e não vejo nem eles ou as correntes. O quarto está como se nenhum deles tivesse existido, porém, sei que as crianças são reais porquê eu as sinto assim. Só acordo dos meus pensamentos ao notar uns raios de sol e no instante em que mamãe surge, abre as janelas e diz:
— Dona Beatriz Lima, que horas são essas?
Em um estampido, eu me levanto, saio das cobertas e corro ao banheiro. Chego, fecho a porta e fito o espelho: por que tenho a sensação de que algo no meu rosto está tão errado? Toco minha face, vejo que não tenho espinhas mais. Mas não comi uma porção de bolo de chocolate ontem? Cadê essas espinhas agora? Isso deve ser obra dos cosméticos que mamãe me trouxe trimestre passado... É... talvez. É o que há de lógico!
O resto das coisas passavam voando: o banho, o escovar dente, o vestir, o café, a bênção e o carro do papai. É uma sequência, é uma programação. Realizo a rapidez apenas no momento em que meus pais me deixam na frente da escola. Então, olho: há o sol, os muros e umas casas na outra ladeira da ruazinha. Ajeito minha mochila e sinto sono ao entrar no prédio da frente. Um pouco de sonolência, talvez pela insolação, mas notei.
“Parece que vou ficar em uma paz de 4 paredes...”, pensei em um alívio monótono.
— Eeeei Bia! Conseguiu fazer aquele trabalho que a professora de Física passou?
Faço careta em ironia, “Ou parece que não vou ter” e logo pus um sorriso. São dois minutos para começar as aulas da semana e já recebo uma missão de ajudar Hugo na fila gigante da reprografia. Ele é um conhecido de dois anos e não tem solução. Minha incapacidade de dizer ‘não!’ me faz faltar o 1° tempo de hoje. Em consequência, tenho que esperar o 2º, logo fico sentada, no terceiro andar desse outro prédio, com outros meninos. Estamos – eu, eles e Hugo – perto da copa de algumas árvores frutíferas e...
— Bia? — logo ouço uma vozinha do nada e demora pra me virar pra Hugo.
Só que ele nãoolha, conversando com um garoto sobre Pokémon. Porém, a voz repete e percebo o foco indo pra outro lado, qual é para onde viro e consigo presenciar um casal de crianças sentadas no chão. Abafo um grito ao ver Valéria e Randimiel em um pic-nic quando há câmeras de segurança por aqui. Espio preocupada os lados, mas há ninguém olhando para cá. Como assim? Estão bem aqui! Ainda que casualmente comam gororoba tipo- “Pudim?”, encaro um doce macio que escorre um líquido vermelho.
Enquanto Valéria come a maior parte, senão tudo, Randimiel apenas toma uma garrafa com um elixir. Como soubesse da atenção, ele me encara, mas é nenhum alarme. Agora sei o básico das habilidades de cada um: as dele, além da alquimia, também o de ser esper. Uma vez, Valéria comentou “Não se preocupa tanto, é só que ele nasceu já lendo gente, algo que na época achavam... sagrado. Só que esse poder tira um pouco da vida da pessoa quando desenvolve, então ele depende da pedra filosofal desde criança”.
“Pudim de morango”, e pega uma faca para cortar o pudim. “Quer? Você pode comer”. Olho o prato oferecido e acho isto normal, mas minhas memórias me fazem duvidar. Na última vez, tentaram me servir uma bebida de abacaxi que jurei terem modificado. Lembro pensar em chamar a ambulância quando começou a nascer pequenos olhos nas minhas mãos, mas Randimiel dissera “Em um ser humano, teria matado. Acho que você deveria considerar seu organismo sortudo” e me levara ao laboratório pra dar a cura.
Por isso acabo não pegando na oferenda, embora “Você pode comer” pareçam palavras de segurança. “Não, muito obrigada. Já comi meu café da manhã”, o que é uma verdade, “Como vocês não são notados?”. “Randimiel”, é a resposta da menina que em uma mini refeição de deuses, “Achou nesse ano, entre velharias do doutor, uma pedra estranha”.
“É essa daqui”, vendo-me inquieta, ele me mostra uma pedrinha rosa. Logo pestanejo, desfaço minha posição, vejo e, por fim, chego perto. “Ela é muito pequena”, estreito o olhar, “O que ela faz?”. O alquimista ri, “Ela só... faz invisível uma área que eu escolher. Foi enfeitiçada pelo tataravô de Dr. Moraes, mas ele não segue as tradições e... Deixou-me isto”, e é quase cômico ver... Como se ele não tivesse ideia do que fazer.  Mas algo faz isso perder a graça: “E vocês resolvem fazer uso aqui?”, contenho minha decepção por botar expectativas. Valéria, após um gole de suco, pigarreia: “Mas sua escola é bem legal...!”.
Encaro-os pensando “Legal o quê?!”. Então, Randimiel me observa e fala “Bia, seu cheiro tá esquisito...” Antes de saber o que ele queria dizer, Hugo diz preocupado “Você está bem? Te vi conversar com o nada e...” e logo me dou conta que ele não pode vê-los. Realizando, rio. “Eu me sinto bem, Hugo, valeu por se preocupar comigo”, contudo, mesmo sorrindo, parece que ainda quer conversar. Assim, tenho alívio, por ser complicado esclarecer situações envolvendo os Moraes. E logo nos liberam. Um sorriso volta a iluminar meu colega e eu tento ver as crianças, mas vejo que elas já desapareceram. Rapidamente Hugo, segurando o trabalho de sua apresentação, puxa gentil meu braço, e corremos dois andares até chegarmos à porta amarela da classe. Está escrito ‘9° ano – Tarde – Sala 01’.
Estranho não escutar barulho alto dos meus outros colegas ao  entrar. Professora Glória não chegou ainda, no entanto tudo está incrivelmente em ordem: sala limpa, a maioria das pessoas está sentada e o projetor do slideshow já está ligado. Há três garotos em pé discutindo, enquanto só um presunçoso está sentado em uma carteira. Por intuição, observo-o pelo canto, mantendo-me na frente de Hugo. Já sabia que é organização demais pra ser natural! Tento aguentar minha raiva, pois Jeremias Segal no meu lugar, desde que ele se mudou para nossa turma há três meses, virou rotina. E dele os seus olhos rubros, os quais apenas eu percebo além de uns poucos. “Bom dia, minha cara Beatriz”, voz suave, mas é perigo o ver sorridente. “E olá também, Hugo”, sinto o outro colado às minhas costas, “Perguntava quando chegariam. O que fez se atrasarem?”.
Não culpo Hugo por sentir medo: afinal, Jeremias é um monstro. Recordo que, no dia que conheci Valéria e Randy, mamãe comentou sobre assassinatos, há 16 meses. Porém, quando os Moraes desistiram de matar inocentes há um ano, outra onda de assassinatos ocorria: uma mais estranha. Envolviam humanos que em curto tempo mudavam de comportamento, chamando alguém de “meu senhor das sombras” e eles agiam maníacos antes de outros, os seus próximos, desaparecerem. E todos com os corpos, em seus finais, eram drenados de sangue. A explicação de Dr. Moraes foi “Não somos os únicos imortais da cidade, mocinha”. Isso foi janeiro e precisou que as aulas começassem para a escola ficar com um ar estranho. Não evidenciei nada consistente até a transferência e até aparecer resultados estranhos no meu exame de sangue.
Talvez eu nunca saberia se não fosse por Randimiel, quem detectou a hipnose em mim, e Valéria, quem identificou Jeremias como um vampiro com quem teve um confronto hostil. Também notei algo de errado por Hugo cair misteriosamente de um andar da escola, depois dele declarar recentes séries de amnésia. Essa última forçou a Randy a pôr bloqueios em minha mente e em Hugo por “Ele ser também seu amigo”.
Contudo, ultimamente, esse terceiro imortal não faz mais ameaças sérias com frequência, porém nada o impede de atacar fisicamente a nós, dois mortais. “Não é da sua conta”, rosno ainda na frente da minha carteira com mochila em mão, “e o que está fazendo aí no meu lugar?” e ponho minha bolsa na cadeira desocupada. Os olhos dele miram um ponto detrás do meu ombro e eu viro acompanhar o olhar: rápido, vejo os outros se aproximando sombrios de Hugo, quem fica mortificado ao dizer “Bia! Cuidado!” e me empurra para o lado.
Ai! Sinto outro peso em cima de mim e desaparecer assim que tombo. Vejo Jeremias, pelo canto, com o rosto surpreso e encarando meu joelho. Demoro, mas logo vejo pouco de sangue. Não sei o que está acontecendo, mas os outros não estão mais estranhos e...
“Beatriz”, diz o vampiro, “você está com um cheiro esquisito”.
Encaro-o, lembrando o que Randy me disse antes. A ferida é leve, porém há uns pingos vermelhos. No entanto, por quê está parado, apesar do forte cheiro de sangue?! Hugo se aproxima para me estender uma mão. Eu demoro a dar a mão, depois de me sentir estranha e minha mente meio tonta. Levanto-me e passo a andar com certa ardência até a minha carteira agora desocupada com a ajuda dele. Ele abre a boca pra dizer algo, mas a fecha rapidamente ao ver meu joelho. Pergunto “Isso tá ficando feio?” antes de palpar a ferida e estranhar ela seca. Olho e não existe ferimento algum...
...é como eu nunca tivesse me machucado.
[...]
A professora veio e se deu inicio às apresentações da turma sobre formas de energia. O primeiro era o de Jeremias, cuja equipe e trabalho foi o mais elogiado. Depois viria o de Hugo, dois outros, o meu e um último. Quando minha vez chegou, senti agonia, mas “tudo está bem” a voz de Randimiel surgiu para me acalmar. Fiquei calma até me dirigir à minha mesa. Sob ela, tinha um recardo com minha caligrafia legível que reconheci:
“Depois da aula, conversaremos”
E é por causa daquilo que espero até o final do dia letivo para poder sair. Encontro o vampiro convencido me aguardando no lado da porta com as costas contra a parede.
— O que você quer falar, Jeremias? — pergunto com paciência, curiosa.
Mas ele não está prestando atenção em mim. Ele estreita algo como esperasse uma reação. Tento verificar no que ele está tão concentrado e enxergo sendo minha sombra.
— Por que está olhando pra aí? — volto a olhá-lo, mas com um sorriso zombeteiro.
Ele, então, segura-me e corre desumano como fôssemos perseguidos. Abro minha boca pra protestar antes de batê-lo, mas assim que bato meu olho pra atrás, percebo um borrão negro nos seguindo muito rápido que acho que só um imortal para fugir.
Aquela moleca estúpida. — Jeremias sibila furioso. — Ela trouxe algo daquele reino para esse lugar sem pensar na ira que causaria, hã? Eu não me surpreendo a conhecendo...
Eu não sei do que ele está falando. Só observo o borrão negro, o que parece ser parte de alguma coisa, algo grande, se aproximar como se a correria não o detivesse. E cada vez mais eu... Não consigo pensar direito... Não estranho, pois eu já vi isso tantas e tantas vezes antes. Parece até que a presença deles está sempre no canto do meu olho...
Só que agora eu não estou dormindo.
CONTINUA...



Significados:
Esper é um indivíduo capaz de realizar telepatia e outras atividades paranormais, no caso da história sendo Randimiel. O termo 'esper' ou 'ESPer' vem da abreviação de Extrasensory Perception (Percepção extrassensorial). 

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2 comentários:

  1. Oie Lucie =)

    Tive que reler os post anteriores para não ficar perdida rs...
    Estou gostei bastante da forma como que você direcionou a história. Curiosa para saber como ela vai terminar *-*


    Beijos e uma ótima semana;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary


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    Respostas
    1. E aí, Ane, beleza? :D De novo te vendo por aqui, que legal~
      É, eu tô demorando um pouquinho mais no tempo de uma parte pra outra, de um conto pra o outro, de uma minissérie pra outra... Sabe, pra me dedicar no NaNoWriMo até novembro. Acho que pode também haver essa chance do leitor se perder, por isso os links xD
      Eu tô me esforçando pra dar algo bacana, mesmo se não for algo que eu esperava no começo. Tô com uma boa parte do final escrito, senão tudo já planejado na minha cabeça... Deve sair pelo final de Novembro ou já em Dezembro :)
      Fico feliz por gostar <3
      Beijo beijo :D

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