Daí, fiquei pensando em um bom filme de animação para recomendar.
Pensei, pensei e pensei até vir na minha cabeça um longa por qual pessoalmente tenho grande apreço:
Antes do tempo da DreamWorks ter tido a boa ideia de transformar a história de Hiccup e de seus amigos em um filme bem apreciado por um diverso público desde seu lançamento em 2010,
Como Treinar Seu Dragão (
título original, em inglês: How To Train Your Dragon) era apenas conhecido através de sua obra de origem: o primeiro livro de uma série (publicado em 2003), tanto o livro como a série tendo o mesmo nome que foi dado ao primeiro filme da trilogia de animação, escrito pela autora britânica
Cressida Cowell.
Para quem se interessar, o site oficial em português da série, aqui no Brasil lançada e traduzida pela editora Intrínseca, está aqui.
Já o site oficial da autora, em inglês, é este aqui. Ela é uma escritora de 44 anos, esposa, mãe de três crianças, formada em Inglês na
Oxford University e em Ilustração na
St Martin’s and Brighton University. A contadora de histórias tem o hábito de escrever, segundo o que relata na biografia em seu site, desde aos nove anos e passou a ter seu primeiro livro publicado só em 1999,
Hiccup the Viking Who was Seasick (título em inglês que encontrei), a obra que antecede os eventos que se iniciam no livro
How To Train Your Dragon.
Para dar uma ideia a vocês do que se trata, esse primeiro livro da autora mostra um pequeno viking, Hiccup (aqui no Brasil traduzido literalmente como Espirro), um garotinho que não consegue se encaixar entre seus semelhantes.
Como também referenciado tanto na série que seria uma sequência direta dessa fábula infantil, o personagem, diferentemente de seu pai Stoick The Vast (aqui, Stoico) que é uma representação do que podemos imaginar de um viking pelos relatos da história, é pequeno, tem mais tendência a pensar bastante antes de agir, educado e é assustado por quase qualquer coisa: em especial, de ir ao mar pela primeira vez. Não é um rito que se sinta confortável a fazer, mas, bom, se ele deve fazer isso como viking, como diria não? No entanto, durante a travessia no barco, algo dá errado e quem pode solucionar quando os 'homens grandes' perdem a calma?
Ainda não li nem esse primeiro livro (o qual, em minha pesquisa no momento em que faço esse post, estou procurando se não há uma tradução oficial brasileira, embora não encontre ainda pela internet) e nem o
How To Train Your Dragon, mas, pelos comentários que costumo ler na tag do livro/filme no Tumblr e também por resenhas, parece que a escritora consegue contar de modo legal e divertido. Houve também alguns comentários sobre a diferença do que os leitores do livro imaginavam ser o Hiccup em comparação com o que é mostrado (e animado!) no longa-metragem do estúdio da DreamWorks, embora, pelo que foi mostrado do desenvolvimento do visual dos personagens,
houvesse características muito parecidas no começo (Nico Marlet, arte de concepção) que vão se distanciando até chegar no '
produto final' (Simon Otto, quem foi o responsável pela animação de personagens). Mas, sabendo que pode haver algum leitor que possa ter tido a oportunidade de ler algum dos livros ou até outros da série, você pode compartilhar sobre isso nos comentários :)
Agora, ao filme! E uns spooolieers do começo...
O filme computadorizado e estadunidense
Como Treinar Seu Dragão, o primeiro de uma trilogia do estúdio da DreamWorks (
o segundo será lançado em 2014!) e co-dirigido por Chris Sanders (o mesmo diretor de
Shrek e
Madagascar) e Dean DeBlois (com Chris, foi o criador de
Lilo & Stitch), foi lançado primeiramente nos cinemas estadunidenses no dia 26 de Março de 2010. Trabalhando em seu roteiro, os co-diretores e
William Davies (quem trabalharia no filme do Gato de Botas de Shrek). A película que segue os vikings do vilarejo de Berk, com foco central no personagem Hiccup e no dragão Toothless (aqui, Banguela), é distribuída pela Paramount Pictures e tem a duração de 98 minutos.
Somos apresentados ao cenário do universo da história: "
Essa é Berk. Fica doze dias ao norte de desânimo e a uns graus ao sul de morrendo de frio. Ela é enraizada no Mediterrâneo. Minha aldeia: em uma palavra, sólida. Ela existe há sete gerações, mas todas as casas são novinhas em folha. Temos pesca, caça e um pôr do sol encantador... O único problema são as pragas. Sabe, a maioria dos lugares costuma ter ratos, mosquitos... Nós temos... Dragões".
Como comentado por
Hiccup, os vikings possuem uma '
teimosia própria': eles são guerreiros, tendo, por meio dos cenários de fazendas de animais e atividades agrárias, uma organização em torno dessa economia para sustentação. Também, além da agropecuária, tem a arriscada navegação marítima (em sua grande maioria, os homens da aldeia) e também a pesca. Então, para defender o povo dos dragões vistos como ameaças ao domínio e segurança de suas terras e de suas famílias, esses guerreiros vão se jogando na batalha em gestos brutos, como está na nossa cabeça de século XXI quando ouvimos a palavra 'vikings', com armas de guerra e com bastante disposição por:
Aquilo, batalhar dragões, ser tudo para eles.
E então voltamos a Hiccup Horrendous Haddock III.
Hiccup não se sente encaixado no começo do filme: o objetivo de Hiccup é provar, principalmente ao seu pai (
Stoick, o líder da aldeia), a sua identidade como viking.
Provar que ele pode fazer parte da aldeia. Como, mais tarde ele comenta, "
só quero ser um de vocês". Mesmo se ele não for de porte forte como seu pai ou até como
Gobber/Bocão, quem é uma segunda figura de referência para o menino e também seu tutor em ser ferreiro, a ponto do adolescente pôr na cabeça que sua vida melhorará
quando ele capturar um dragão.
O que ele quer mudar em sua vida é o modo que as pessoas o olham (como ele diz quando Gobber tenta falar que ele só poderá ir 'lá fora matar dragões' quando este deixar de ser 'isso', ser Hiccup: "O senhor tá jogando um jogo muito perigoso... Querendo manter toda essa minha vikingdade impetuosa reprimida...! As consequências vão ser terríveis!", uma fala que, apesar de dirigida a Gobber, também poderia demonstrar a revolta dele com o pai ou, até de modo geral como o vilarejo o via, alguém que seria um empecilho em batalha). Ele quer ser aceito e visto como um deles.
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Gobber, treinador de matadores de dragões e ferreiro |
Por isso, usando seus conhecimentos como aprendiz de ferreiro desde criança, passa a construir ferramentas para tentar capturar um dragão. Como uma espécie de catapulta, uma que ele montara no dia dessa invasão, que ele usa para tentar acertar o considerado mais raro dragão de todos, o Fúria da Noite. Uma tentativa que, após a aparição de um destes raros no céu, ele consegue antes de ser interceptado por um dragão que passa o perseguir. Este quase poderia ter o dado um fim pior se seu pai não fosse até o filho, embora, no fim do dia, tudo tenha acabado acidentalmente em desastre, como os dragões conseguiram capturar alguns cordeiros e Hiccup derrubou uma estrutura em chamas. Após a bronca de Stoick nele, enquanto o jovem tentava contar que havia capturado o Fúria da Noite, por "
sempre que você saí por aí, termina em desastre". O outro tentou esclarecer sobre ele querer só matar um dragão, ao que o líder do vilarejo replica que "
você pode ser várias coisas, mas matador de dragões que não é".
Após esse evento, Gobber, como a ponte de comunicação entre pai e filho, conversa com o inseguro Hiccup, quem comenta sentir que o pai está insatisfeito com alguém com o porte como o do filho. No entanto, seu tutor ferreiro o esclarece que o que Stoick fala não é da aparência de Hiccup, mas sim o jeito dele e o aconselha com suas palavras de sabedoria: "
Pare de se esforçar tanto para ser o que você não é". O que não acaba com a ânsia de Hiccup em querer se provar, o que se evidencia com ele, logo depois dessa conversa e pela porta de trás da ferraria, partindo atrás da localização da queda do
Fúria da Noite.
Somos passados para uma cena de um outro lugar de Berk. Uma reunião entre os adultos do vilarejo, com o Stoick questionando quais pessoas vão com ele para acabar com os dragões "
ou eles acabam conosco", procurar o ninho deles. Ali, é comentado sobre os barcos não voltarem. Ao que Stoick replica: "
Somos vikings, é um risco ocupacional!". Com o comentário, o desânimo se instala em aceitar até o líder da aldeia falar que quem ficasse cuidaria de Hiccup. Isso faz todos, exceto Gobber (quem está bebendo), levantarem suas mãos. Quando este faz um comentário sobre ir já agir, Stoick diz que precisa que o amigo fique ali para treinar novos recrutas. "
Ah, perfeito, e enquanto eu estiver ocupado, Hiccup/Soluço cuida da ferraria: ferro derretido, lâminas afiadas e tempo à beça sozinho... Onde é que poderia dar errado?", Gobber, com uma leve ironia, faz voz à preocupação que tenta passar ao líder da aldeia. Stoick questiona o que poderia fazer com Hiccup, como ele é também um pai em conflito, como muitos no nosso tempo, que não sabe como agir em determinada situação para ficar de boa com seu filho.
Gobber, em seu direito de segundo-pai-ou-tio-de-consideração-do-Hiccup, responde que é só
deixar o garoto treinar com os outros
, os adolescentes que Hiccup sente
um pouco de inveja logo no começo do filme: Astrid Hofferson, a garota que é a encarnação adolescente do que se espera em ser um Viking, Fishlegs Ingerman/Perna-de-Peixe, quem age geralmente nervoso embora expresse seu conhecimento sobre ataque em dragões em estilo RPG, Snotlout Jorgenson/Melequento, um garoto arrogante não muito esperto que faz cantadas ocasionais e sem sucesso em Astrid, e Tuffnut/Cabeçadura e Ruffnut/Cabeçaquente Thorston, um casal de gêmeos que quase sempre são visto brigando por ambos terem um curto temperamento.
No entanto, Stoick não aceita a sugestão no começo, ao dizer que Hiccup teria dificuldades assim que o amigo soltasse o primeiro dragão na arena de treinamento, expressando "
Você sabe como ele é... Desde que engatinhava, ele era... Diferente! Ah, ele não me escuta, ele não presta atenção em nada... Eu levo ele pra pescar e ele fica procurando por trolls!", já referindo a característica da curiosidade de seu filho. E então o homem passa a relatar, relacionado a como sente Hiccup diferente de quando ele mesmo era garoto, de que batera a cabeça em uma rocha, não questionando seu pai ao obedecer a orientação de fazer isso, esta se quebrar e ele, quando menino, já saber o que ele viria a ser como um viking e o que era, mas "
Soluço/Hiccup não é assim". Gobber replica dizendo que ele, Stoick, não podia impedir Hiccup; e que o líder só podia preparar o filho como nem sempre este estaria perto para proteger o filho quando Stoick achasse que o garoto precisaria dele por, conhecendo bem nosso protagonista, Hiccup sempre sair dessa 'proteção'. E essa indicação parece fazer efeito.
A cena volta com Hiccup com um caderno com rabiscos, no meio da mata e ainda procurando o dragão. Acaba achando um rastro, o que parece a trilha da criatura capturada, e segue até achar o Fúria da Noite deitado próximo de uma rocha em um declínio do relevo. Em êxtase ao imaginar que essa descoberta tanto 'limparia sua barra' com o pai e os outros, além de ter uma prova de se mostrar de ser um deles, de ser um viking, acaba acordando o dragão. Estremecendo de incerteza, aproxima a faca, a qual levava consigo, da criatura enquanto diz tanto para esta como a si mesmo o que 'tem que fazer'. No entanto, antes que pudesse descer a faca após dizer "
Eu sou um viking!", acaba olhando os olhos do dragão preso o observarem, este aceitando a morte, e desiste de assassiná-lo, Hiccup realizando: "
O que foi que eu fiz?".
Sei do como acabei estendendo o resumo do que ocorre nos primeiros quatorze minutos e oito segundos, mas achei que, bom, o processo, ao menos desses minutos, são importantes para se ter uma noção do começo do desenvolvimento do personagem principal, da sua relação com os outros (em especial a dele com o pai e também a dele com Toothless) e da descoberta dele do que ele quer realmente fazer e
ser. Só não me estendi mais do que isso por duas razões:
primeiro, o post não teria um fim;
segundo, acho que é melhor vocês irem assistir ou reassistir o filme e verem isso por vocês mesmos. Mas, como comentário inicial, acho que
Como Treinar Seu Dragão, para mim e alguns outros, é um desses filmes de animação que me encantam bastante, bastante mesmo. Entre outros dizeres: um dos meus eternamente favoritos. Na minha análise, listaria alguns porquês dessa consideração:
eu consigo me identificar com as inseguranças do personagem de Hiccup quanto a provar para seu pai, quem anseia que o aceite como seu filho e com a identidade de um capaz viking, como também a si mesmo. Sejam isso sentimentos que já senti, que já sinto ou que posso vir a sentir, experimentando a situação na tela como algo real no meu mundo como minha identificação como ser humano: afinal, as relações de família não são 'perfeitas'.
Ainda que se ame muito, por diferenças de pensamentos entre gerações ou até mesmo por você não conseguir coragem para poder tentar entender o outro, a gente já viveu uma discussãozinha. Você pode ter vivido isso com seu pai, sua mãe, seu irmão, sua irmã... Seus pais podem ter vivido com os pais deles... Seus amigos podem sentir isso com os parentes deles... São alguns conflitos temporais que são os que nos movem para uma auto-descoberta e um amadurecimento de caráter, tanto para um lado como para o outro. Esses resultados servindo tanto para os familiares como os para a insegurança sobre a capacidade que nós temos quanto a nossas escolhas, esta última, talvez a que encontramos maior dificuldade de resolução, sendo lidada com nosso próprio tempo. Dentro do tempo do filme, Hiccup vai procurando
suas respostas. Ele não consegue matar e começa a notar sobre a visão de Berk dos dragões estar errada, que um detalhe, o de que tanto os cidadãos do vilarejo como os dragões poderiam ser companheiros
(comentário inútil: de vida, de vôo e super estupidamente melhores amigos) ao invés de inimigos. Esta conclusão chega com o pontapé de seu desejo de entender a Fúria da Noite, até começando a planejar com seus conhecimentos de ferreiro, como Toothless (quem ele apelida após a amizade ser oficialmente definitiva) não pode voar por uma estrutura na cauda ter sido danificada, uma capacidade de auxiliar quem viria a ver mutualmente como 'melhor amigo'.
Essa amizade, bromance, entre os dois nos dá alguns dos momentos mais awesome, mostrando o afeto que cresce um pelo outro. E isto não apenas se particulariza aos dois, como também ao resto do elenco adolescente de personagens também se junta a essa dupla em um círculo de companheirismo e confiança.
Fora a trama e os personagens, elementos do filme que acho que são o suficiente para que recomendar o longa a vocês, há também a questão da animação de qualidade, mostrando, em detalhes e bem feitos, as expressões dos personagens, o contraste dos cenários, as texturas, os movimentos e até as cores! Tem também a trilha sonora instrumental, a que cabe certo nos momentos 'auge' do filme que também o ajudam a ser memorável :)
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Astrid, Hiccup e Toothless :) |
Então é isso, gente. Verifiquem o filme, quem ainda não viu. E quem viu, PODE IR VERIFICANDO DE NOVO, há, há! E não se esqueçam de comentar, pelo blogger mesmo ou pelos comentários via conta do facebook, para vermos suas opiniões sobre o filmes e também batermos um papo gostoso! Também recomendaria a vocês darem uma olhada nas séries animadas de tevê, as quais geralmente passam aqui pelo Cartoon Network, a primeira sendo
Dragons: Riders of Berk e a mais recente
Dragons: Defenders of Berk. Tem a opção de vasculharem os episódios pela internet ou comprarem os DVD's. Recomendo vocês verem essas expansões do universo, as quais servem como 'pontes' entre os filmes da trilogia, para continuarem a acompanhar as aventuras do povo de Berk e curtirem o bom trabalho que a DreamWorks disponibiliza fora das telonas!
Até a próxima indicação, povo!
Enquanto isso, esperamos o segundo filme da trilogia :D
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