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segunda-feira, 22 de abril de 2013

[COISAS DE LIVRO] 30 coisas para dizer a um leitor esnobe

Eu estava passeando pelo Facebook, quando surge na minha timeline o link para um texto muito interessante. O nome dele é 30 things to tell a book snob (que eu traduzi como "30 coisas para dizer a um leitor esnobe).
Como nós aqui da NRA somos contra esse lance de preconceito literário, achamos mais do que válido que o texto fosse traduzido e postado aqui. Porque afinal, tem um monte de gente que perde histórias incríveis simplesmente por acreditar que um certo tipo de livro seja melhor que outro, por desprezar um determinado gênero ou simplesmente por menosprezar qualquer autor que não caiba na sua classificação de "clássicos" ou de "intelectuais", ou sei lá quais outras desculpinhas rolem por aí. A verdade é só uma: leitura nenhuma deveria ser discriminada, e quem julga um livro antes de ler ou julga a leitura de outras pessoas não é uma pessoa melhor ou mais inteligente que todos os outros.
Continue lendo pra ver algumas coisinhas que esses leitores esnobes deveriam saber...

1. As pessoas nunca deveriam se sentir mal pelo que estão lendo. Gente que se sente mal pelo que lê acaba parando de ler.

2. Pretensão gera livros piores. Tanto escrita pretenciosa, quanto leitura pretenciosa. Tratar de livros como se fossem um clubinho exclusivo. Diminuir certos gêneros literários. Proibir a reproduçao interna. Todas essas besteiras facistas que levam os escritores comerciais a pensarem que está tudo bem ser desleixado com as palavras, e os escritores literários a pensarem que está tudo bem se forem desleixados com a história.

3. Se algo é popular, ainda assim pode ser bom. Basta perguntar ao Shakespeare, ou aos Beatles.

4. Supere esse negócio de gênero. O mundo da arte aceitou há muito tempo que o artista pode criar a partir de qualquer coisa que ele ou ela queira.Roy Linchtenstein conseguiu transformar tirinhas em obras de arte em 1961. A inteligência não é uma questão de temática, mas de abordagem.

5. É mais difícil ser engraçado do que ser sério. Por exemplo, eis uma frase séria: “Depois do jantar, Alistair rumou para o jardim atrás daquela casa desconhecida, desejando que ele jamais tivesse traído a confiança de Lorelei.” Precisei de oito segundos pra escrever isso. E estou tentando escrever uma frase engraçada há três horas agora, e já estou ficando com fome.

6. Muitos dos escritores mais brilhantes foram autores de livros infantis

7. É fácil falar qualquer coisa pra pessoas que pensam exatamente como você. O grande desafio está em achar aquela parte em todo mundo que queira ser fascinada, e fazer com que ela seja tocada por uma grande história. Não há um ser humano no mundo que não entraria na Capela Sistina sem querer olhar pra cima. Isso torna o Michelangelo um cara ruim?  

8. Não importa quem seja o autor. Os únicos fatores sob os quais um livro deveria ser julgado são as palavras dentro dele.

9. Martin Amis reclamou uma vez, numa entrevista de radio, que haviam escritores demais se colocando no mesmo patamar do leitor, ao invés de se colocarem acima deles. Foi nesse ponto que desisti de Martin Amis.

10. Você não precisa ser sério sobre uma coisa pra ser sério sobre ela.

11. Você não precisa ser realista para ser verdadeiro.

12. Você é apenas um em 7,000,000,000 de pessoas no mundo. Você nunca poderá estar acima de todo mundo. Mas pode ser feliz por estar em meio a todos eles.

13. As únicas pessoas que se preocupam com o que as pessoas vão entender sobre o que elas estão dizendo, são aquelas que não tem nada a dizer.

14. Livros não são melhores por serem incompreendidos do que um prédio possa ser considerado melhor por nao ter nenhuma porta de entrada.

15. Shakespeare não fez faculdade, e escrevia seu nome de seis maneirs diferentes. Ele também contava piadas (ruins, verdade, mas não podemos julgá-lo por tentar).

16. Evitar um enredo não te torna automaticamente esperto. (Veja: Greene, Tolstoy, Shakespeare)

17. A liberdade é o processo em que se derrubam barreiras. Tirania é o processo em que elas são construídas.

18. Há beleza tanto no curto (em palavras, frases, parágrafos, capítulos) quanto no longo.Os pardais voam mais alto que os pavões.

19. Ser esnobe é um saco, pois gente assim tem preconceitos superficiais.

20. O livro do qual eu menos me orgulho, aquele em que eu não dei duro o bastante, foi também o meu livro mais ostensivamente intelectual.

21. Ler um determinado livro não faz de você mais inteligente, assim como beber absinto não faz com que você seja o Van Gogh. É como você lê, e não o quê você lê.

22. Não faça ninguém se sentir mal por não ter lido ou não querer ler alguma coisa. Livros servem pra curar, não para ferir.

23. A imaginação é uma brincadeira. Pretensão é justamente o oposto.

24. Eu costumava ser esnobe. Eu era muito infeliz.

25. “Simples” nem sempre é sinônimo de “estúpido”. Quando eu escrevo um primeiro rascunho, é complicado. Sempre faço uma bagunça. O segundo, o terceiro, e o décimo quinto rascunho vão aos poucos fazendo mais sentido, tirando fora as bordas desnecessárias.

26. Stephen King estava certo. Livros são uma “mágica portátil”. E todo mundo ama mágica.

27. A inclusão é mais difícil que a exclusão. Pergunte a qualquer politico

28. O cérebro pode absorver várias coisas. Um livro também.

29. Para mim, pessoalmente, escrever é me conectar a este mundo, aos meus companheiros humanos. Estamos todos há milhares de quilômetros de distância. Não temos nenhuma outra maneira de nos conectarmos, exceto pela nossa linguagem. E a forma mais profunda de linguagem é contar histórias.

30. As maiores histórias nos tocam da maneira mais profunda, partes nossas que a pretensão não consegue alcançar, partes que conectam a criança ao adulto, a o cérebro ao coração, e a realidade aos sonhos. Histórias, na sua essência, são inimigas da pretensão. E um leitor esnobe é inimigo dos livros.


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Texto originalmente publicado no blog Book Trust, pelo autor Matt Haig. Clique para ler o post original.
Vocês conhecem algum leitor esnobe? Discordam de alguma coisa dita pelo Matt no texto acima? Deixem suas opiniões nos comentários ;)

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5 comentários:

  1. Conheço muitos leitores esnobes, infelizmente alguns deles leram meus livros. :) Mas concordo com o autor do post acima e adorei conhecer o blog de vocês. Parabéns pelo posicionamento.

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  2. AMEI!!

    AMEI A 3, a 5, a 7, a 9, a TODAS!

    haha, sensacional

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  3. Eu já fui uma leitora esnobe, admito que fui, mas durante os anos aprendi muitas coisas, descobri coisas muito interessantes, também conheci muitas pessoas legais que gostavam de outros gêneros. Hoje vejo muitos leitores mais velhos esnobes, e infelizmente é essa atitude que dificulta o crescimento da literatura brasileira, as pessoas são esnobes demais pra deixarem o passado no passado e descobrirem que a literatura brasileira tem novos autores muito bons.

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  4. genial esse texto! preciso mostrar pra minha irmã... ela me chama de esquisita por causa dos livros que eu leio, AUHSIUAHSIAHS

    e, como sempre, a tradução da Lari é impecável! obrigada por trazer esse texto pra gente :)

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  5. só discordei com o Shakespeare não ter graça, só porque as piadas dele são datadas não significa que não tenha graça, basta um bom ator pra fazer o trabalho.

    also, excelente tradução!

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