É hoje? É AMANHÃ! Cooorreee...
Mas bem que podia ser hoje.
Olá!
O nosso heroi da vez é muito atrapalhado, completamente alienado e conversa com o próprio Sexto Sentido que vai lhe dizendo os sinais.
O que você faria no lugar de um alienado que não sabe sobre a cataclismática previsão dos maias?
Ou pior: nem sabe quem é o Harry Potter! Pois é, eles existem.
Um bom exemplo está neste conto.
Divirtam-se enquanto ainda há tempo. hehehe
O
Sexto
Ou
A
Última Quinta-Feira de Nossas Vidas
Natalino
não tinha ideia dos sinais, dos avisos e muito menos das previsões. Confiava
apenas em si mesmo e em seu Sexto Sentido masculino. Não falhara desde quando
era criança.
O
tal Sexto Sentido o salvara de Golé, o valentão do colégio, na quarta série;
também não o tinha deixado na mão nas provas de matemática (respostas de
múltipla escolha, colégio complicado); mas sempre falhava com relação as
meninas.
Por
isso mesmo, Natalino deu graças aos céus quando chegou ao 3º Ano do ensino
médio, em 2009. Foi quando o Sexto o assustou como não fazia há muito tempo.
—
Pessoal! — a professora de português tentava controlar a turma, calaram-se. —
Muito bom. Agora ouçam: os catedráticos dos nove países de língua portuguesa ao
redor do mundo se reuniram há pouco tempo e fizeram a maior reforma ortográfica
desde os anos setenta.
O
Sexto pulava no subconsciente de Natalino: “acentos caindo... o primeiro sinal
real daquilo”.
Lembrava-se
da infância. Sempre conseguindo o que queria e fugindo de encrencas que não
estão no gibi. O Sexto jamais falhava, mas parecia estar ficando louco. Sinal
de quê? Por que o primeiro?
“Será
que a nova ortografia vai ser o tema da prova final?!”, desesperou-se.
Nada
aconteceu.
Desavisado
como ele só, não lia notícias nos jornais nem na internet, não assistia tevê e
tinha horror a cinema superlotado (como em dias de filões). Apenas o cinema
francês e o italiano prestam, dizia.
Era
um semi-alienado. O “semi” é só porque ia ao cinema vez ou outra.
O
segundo sinal aconteceu em 2010, quando recolheu a xícara de café da mãe. Lá no
fundo a borra estava em forma de coração, o líquido escorreu um pouco e formou
uma bocarra cheia de dentes pontiagudos.
“O
sinistro”, o Sexto cochichou no cérebro de Natalino. “Queda de acentos,
sinistros aparecendo. Só falta...”, calou-se por muitos meses e a previsão
ficou no ar.
Certa
noite, perto do halloween (claro que Natalino não sabia da comemoração celta),
passou o filme Harry Potter e O
Prisioneiro de Azkaban. A mãe, fã do bruxinho bretão, o obrigou a assistir
com ela. Mesmo depois de 37 vezes a mulher ainda tinha medo do fugitivo Sirius
Black.
Com
pouco mais de uma hora de filme, a descabelada professora Sibila viu um
Sinistro na xícara de chá de Harry.
O
Sexto tremeu. Natalino também. Será que a mãe estava marcada para morrer por
alguma força sobrenatural? Nenhum dos dois sabia a resposta.
Este
foi o estopim para que o menino começasse a procurar tudo sobre os tais
sinistros na internet. Em uma semana sabia virar o Google e blogs de misticismo
pelo avesso. Em nada acreditava.
O
terceiro sinal se revelou em uma cálida manhã de sábado de 2012: Hebe morrera.
Será que tinha a ver com o cachorro preto que fora ao seu programa algum tempo
antes? (não sabia se no SBT ou RedeTV!, mas o sinistro visitara a
mulher). Quando o homem que projetou Brasília, e isso Natalino sabia, pois
estudara no colégio, também morreu... ele achou um filme que parecia conter
todas as respostas.
Correu
à loja mais próxima e entrou na seção que mais odiava: DVD’S E CD’S. Em quinze
minutos saía com sua própria cópia do 2012
— de Roland Emmerich.
“É
disso que tô falando!”, exclamou o Sexto Sentido, após assistirem o 2012.
Natalino
gelou e foi ao calendário da farmácia na porta da geladeira: 20
de Dezembro de 2012. Correu para a lojinha do pai, a estofaria “The Best Sofá”.
—
Pai, a gente vai morrer! O mundo acaba amanhã!
O
homem gargalhou.
—
Eu escuto essas babaquices há três anos. Maias, terremotos, inversão de polos.
Pura asneira, garoto! Deixa de loucura e vai procurar um emprego.
—
Mas, pai... — Natalino perdeu as palavras. — Por que trabalhar hoje se o mundo
acaba amanhã?
O
pai fechou a cara e caminhou lentamente para o filho.
—
Eu quero que você vá até a padaria e se ofereça ao Seu Joaquim para ajudar a
preparar as encomendas. Ele disse que vai te pagar... é cois...
Todos
gritaram desesperados, o dia virou noite.
—
Um meteoro do tamanho da Baía da
Guanabara está vindo em direção à Terra — a repórter dizia na tevê. — Os especialistas da Band... o imen...
diretam... o senhor ach... TSSSSSSSSSSSSSSSSS
TODOS
OS CANAIS FORA DO AR!!!
Não o Sexto, o povo gritava isso. Nenhuma rádio. Nada. Um blecaute global.
Natalino
correu até Alice e beijou-a como sempre quis: intenso e de surpresa.
O
sorriso de felicidade um do outro foi a última coisa que viram antes do meteoro
se chocar no litoral do Espírito Santo e entrar no planeta.
Tudo
tremeu.
Um
prédio os esmagou.
“Eu
vi os sinais”, o Sexto Sentido de Natalino falou, feliz, pela última vez.
Literalmente
é...
O
Fim.
Sua escrita melhorou MUITO, Drigo! Sem comparação! Você conseguiu me envolver no conto, o que é um ponto positivo, e só uma coisinha me incomodou (não, não é a gramática... você acertou todos os acentos =D): a realidade do texto.
ResponderExcluirCalma, eu explico.
O texto fala sobre um assunto que está aí, de presente, atualíssimo (até demais, visto que o 21/12 é amanhã), mas o seu conto não emergiu totalmente nesse universo, entende? A história de Natalino e do Sexto Sentido podia ser melhor desenvolvida com uns toques de drama, e sem tantas onomatopeias gramaticais (como o TODOS OS CANAIS FORA DO AR!!!!!!!). É uma questão de adequação mesmo, do leitor conseguir acreditar na veracidade do tema, como acontece com os grandes escritores de Ficção Científica.
No mais, sua escrita está se tornando primorosa, cheia de cuidado e vírgulas nos lugares corretos. Você está amadurecendo demais e isso é inegável!
Meus parabéns!
Douglas Marques.
Drigo, gostei do seu conto, achei muito engraçado, HAHAHA só queria que o final tivesse sido diferente... mas fora isso, adorei :D
ResponderExcluirÒh céus Natalino. Você quase me enganou! Mas são 00:10! HAHAHAHA rs
ResponderExcluirSuper curti o conto! :)
HAHAHAHA, achei trágico, mas engraçado!
ResponderExcluir