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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

[CONTO DO FIM DO MUNDO] Duração

Faltam 7 dias para o fim do mundo



Você já viu alguma vez um filme onde seres extraterrestres nos invadiam por diversos motivos e acabavam querendo dominá-la? Ou muitas vezes, se interessavam em estudar humanos ou... em destruir nosso planeta
Carmo é líder de uma equipe de resistência à invasão extraterrestre no globo que já dominou setores humanos de autoridade e respeito, esta espécie pretendendo usar os seres da Terra para usos que podem vir a fugir da ética (afinal, é só uma palavra humana, não?). 
Porém, o conto não se enfoca apenas sobre os atacantes.



     Os tons iam do vermelho ao branco.
    Estávamos em nosso pequeno refúgio. Era abafado e tinha poucas aberturas que permitissem algum tipo de iluminação além das lâmpadas fracas, mas estava tudo bem para nós. Não tínhamos a sensação de estarmos seguros o suficiente para nos nutrirmos. Com amassados de algumas frutas desidratadas com um pouco de água inspecionada por um laboratório ambulante. Postos em pratos pequenos para não nos desvinculássemos do trabalho.

    - Verificamos isso na última sexta-feira. - O chefe da missão disse, as mãos mostrando as fotos postas em cima da mesa de vidro. Tendia a achar uma posição que me fizesse vê-las melhor. Eram justamente as cores que me viam à cabeça. Entretanto, eram cadáveres com modificações internas que os faziam não parecer algo desse mundo. Tampouco animais. - Descobrimos isto de alguns corpos que foram capturados pelos intrusos. Ao que tudo indica, eles estão querendo fazer alguma espécie de contaminação.
    - Só com as pessoas deste estado? - Perguntei. - Andei acompanhando algumas notícias. Não entendo se eles possuem o poder no mundo, atacam apenas um estado brasileiro com essas mutações... Depois de falarem sobre implodir a Terra daqui a alguns anos... - Continuava com a minha testa franzida e os olhos atentos aos detalhes das fotografias. - Isso tudo me cheira à Àrea 51, por alguma razão. Eles estão esperando o tempo certo para explodir a Terra e ir para outro planeta. Foi isso que comunicaram.
    - Você acha que esses estrangeiros - A terceira voz disse com certo desprezo. Viramos nossas cabeças para a terceira em comando, uma mulher de longos cabelos ruivos e com um jaleco branco por cima do vestido. - são tão bestas? É claro que não arriscariam experimentar nos Estados Unidos. Eles têm as maiores autoridades do mundo em seu poder, mas não podemos nos esquecer de como eles ainda querem sigilo.
    - A questão que fica - Disse o comandante com as mãos no queixo e o olhar centrado para baixo. - é o motivo dos intrusos quererem esse sigilo... E o motivo de quererem se localizar em plena Amazônia.
    - Eu sei porquê! - Uma voz exageradamente alegre se pronunciou. Tentei ignorá-lo. - Devem ser os Maias!
    - Os Maias o quê? - os outros dois arquearam suas sobrancelhas, prevendo a loucura que estaria por vir.
    - Aqueles caras que previram o fim do mundo. - O quarto em comando se espreguiçou entediado. Esforcei-me para manter minha mão cobrindo meu rosto. - Que ia ser 21 de dezembro de 2012.
    - 2012 foi há cinquenta anos. - Contrapus, exercitando toda a paciência do mundo para não questionar porquê, para começar, Rodolfo estava no meio da conversa. - Os Maias não previram coisa nenhuma. - então, vendo que demoraria para o assunto voltar a ficar sério, levantei-me do chão e me dirigi até a escadinha de madeira.
    - Vê se volta daqui a cinco minutos. - Marisa demandou assim que eu ergui minha mão em um sinal de "O.K.". - Não podemos nos comunicar com os outros focos, mas pelo menos temos tu como uma figura de líder confiável para os que estão aí em cima.
    Olhei pelo canto do olho. Houve uma troca de olhares. Sorri.
    Eu deveria ser muito idiota a ponto de não ter sacado esse detalhe.
    - Não esquenta. - Estava no quarto degrau. Suspirei e voltei a subir.
    Nossa localização era uma casa simples. Ficava nem muito dentro da floresta e nem muito dentro da cidade. Tentávamos ser auto-suficientes, porém, em vários aspectos. Em economia, em saúde... O problema é que é difícil de conseguir tudo com nosso bando, então acabamos recorrendo ao contrabando com outros grupos de resistência.
    Não significa que estamos sempre seguros. As forças do governo, agora controladas pela raça Rayklon, já tentaram nos capturar catorze vezes. Conseguiram levar alguns dos nossos. Eu já os vi algumas vezes, mas... não eram mais eles, entende? Os seres humanos são tratados como se fossem animais de estimação. Se fazemos algo que desagradem a esses superiores, os quais se vestem de bonzinhos, eles simplesmente torturam você até estar em "bom molde". Então te injetam no mundo de novo, mas desta vez com uma lealdade bastante cega que seria capaz de fazer você apontar o dedo para seu "irmão".
    - Carmo. - um tom vocal baixinho me fez descer o olhar.
    Uma onda de calma me atingiu ao ver Dani me lançar um sorriso adorável. Ela massageou meu braço e se sentou junto.
    - Aí, baixinha. - acenei com a cabeça.
    - Eu não sou baixinha! - A garota resmungou com as mãos na cintura e um olho fechado.
    Eu a encarei. Não via além de uma criança com um vestido vermelho de boneca e com um vasto cabelo moreno. E tinham os sapatinhos pretos. Ela deveria estar os usando pela milésima vez. Perguntava-me como Dani não se cansava.
    - Eu só tenho esse corpo - Suspirou, falando baixinho. - não tenho culpa dele não querer acompanhar minha adolescência.
    Reprimi uma risada. Foi muito difícil, como sabia que a companheira falava sério.
    - Então, por que continua a se vestir como uma boneca?
    Ela se deu de ombros.
    - É um ótimo disfarce. - Foi a resposta que Dani deu com um pequeno sorriso. - Além disso... - a garota puxou os lábios para um canto.
    Pisquei os olhos.
    - Que houve? - perguntei com preocupação.
    Ela mexeu com o nariz.
    - Você não tem a impressão que todos estão com medo de serem levados? - O olhar dela se abaixou, enquanto o corpo chegava mais perto a ponto de roçar as palavras e o peso contra minhas costelas - É quase como se pudessem entrar em desespero a qualquer momento. Isso dá uma aura um tanto assustadora.
    Voltei a ver o nosso andar. Havia uma porta, mas nenhuma janela. Havia apenas uma sala grande e um espaço fechado que servia como o banheiro. Todas as concentrações, fora as reuniões e o acúmulo de arquivos necessários para continuarmos a luta, estavam em uma mesa maior de vidro. Doze pessoas, indivíduos e famílias, se reuniam em volta de uma comida mais atrativa que a de baixo. Embora estivessem em pouca quantidade, dividiam-a entre si. Entretanto, aquelas crianças, jovens, adultos e idosos possuíam um olhar sombrio que durava alguns segundos.
    Como não gostassem de estarem escondidos. Como já presenciassem várias coisas que não gostariam de lembrar. Como estivessem ali apenas pelo instinto de sobreviver.
    Mas, se houvesse uma maneira de fazê-lo e trair a resistência, talvez...
    Levantei meu olhar para o alto.
    - Você tem razão. - Disse, mais para si mesmo do que para Dani. - Talvez o problema não esteja em permanecerem vivos.
    "Mas esperar por quanto tempo vamos ficar unidos", completei, mordendo meu lábio inferior.

FIM.

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5 comentários:

  1. Gostei Lucie! (aliás, gosto de todos os teus contos)
    E ainda mais do final que deixou uma dúvida no ar.
    Agora quero saber se vai ter continuação =)

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    Respostas
    1. Continuação... Continuação... Bom, eu não sei bem /pensa/
      Na verdade, quando tive a ideia para o conto, pensei em uma história de como isso aconteceria. E nem se focaria muito só em Carmo, mas no amigo dessa pessoa também, sobre o que aconteceu para começar esse fim de mundo.
      Mas possivelmente posso fazer algo a respeito.
      Tipo tive uma ideia para a Dani e tive uma ideia para outros certos personagens, mas não em como isso continuaria ._.
      Bom, pensando aqui.
      E OBRIGADA, AMANDINHA LINDA <3 Não acho que esse seja o melhor conto de fim do mundo e nem esperava comentários lol Mas obrigada <3

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