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sábado, 9 de fevereiro de 2013

[FEITO A MÃO] Nomenclaturas

Esse é um desabafo de alguém que não gosta de rótulos. Esse é um desabafo de quem não gosta de ser categorizada. Esse é um desabafo de quem quer escrever sem amarras, sem julgamentos, sem nariz torcido. Esse é um desabafo de quem não entende porque X tem que ser X e não pode ser Y. Esse é um desabafo que eu aposto que você também quer fazer.



Não é de hoje que uma certa nomenclatura me inquieta. Nunca gostei de rótulos, mas esta categorização em especial embrulha meu estômago um pouco mais do que as demais.


Desde que eu me lembro por gente, estou escrevendo. Certas vezes com mais afinco, outras, despretensiosamente. Em alguns momentos na esperança de finalmente acabar aquele projeto, em outros simplesmente para me livrar - ainda que momentaneamente - de um tormento.

E quem escreve o tempo todo é o que, eu pergunto? Quem escreve o tempo todo como eu, sem livro publicado, nome famoso, editora ou relações públicas?

Eis que o mundo não me categoriza da forma correta. Para ele, eu não sou uma escritora. Sou, no máximo, escritora aspirante. Uma mera sem nome - pobre coitada! - tentando conquistar um mundo quase impossível.

Mas então, me diga, o que caracteriza ser uma escritora? Ser escritor é algo que nasce com a gente, quase uma característica genética ou é algo mutável, que a gente adquire com o tempo?

Pedi ajuda ao meu amigo Aurélio. Ele me disse: "escritor: (ô) sm. Autor de obras literárias e/ou científicas."

Hum... Autor? Então há distinção entre autor e escritor? Pensando ter achado as duas nomenclaturas que separavam o joio do trigo, perguntei a ele o que achava de autor. Ele me respondeu: "autor (ô) sm. 1.A causa principal, a origem de. 2.Criador de obra artística, literária ou científica. 3.Aquele que intenta demanda judicial."


Mesmo que Aurélio seja muito sábio na maioria das vezes, dessa vez sua utilidade foi nula. Eu ainda estava com aquela minha pulga atrás da orelha, e sem saber mais o que fazer, pedi ajuda ao Google. Wikipédia trouxe a melhor explicação e me fez entender as diferenças entre escritores e hm, os outros. "Escritor é o artista que se expressa através da arte da escrita, ou, tradicionalmente falando, da Literatura. É autor de livros publicados, embora existam escritores sem livros publicados (chamados de amadores)."

Então é isso aí. A diferença toda era justamente a que eu imaginava. A distinção não está no como ou no por que escreve. Mas sim no fato de ser publicado ou nãoSó que isso não me agradou.

Só pelo fato de não ter um livro publicado, pessoas de talento nato para as letras tem que ser chamados de AMADORES? Enquanto isso tanto zé ruela publicando livro RUIM, e aí esses são os Sr. Escritores? Não gostei dessas alcunhas. 

Foi quando eu resolvi que ao meu ver é diferente.

Escritor, pra mim, tem que ser sinônimo de apaixonado.

Apaixonado, adjetivo que vem de Apaixonar. Apaixonar, que segundo meu velho Aurélio (dessa vez bem sábio!) significa: "Inspirar paixão. Entusiasmar. Consternar. Prostar. Encher-se de paixão". E é isso aí. Só quem ama entende. E só quem é sabe.

Não é pelos méritos fúteis do mundo capitalista e imediatista que uma profissão (profissão sim, tá?) como escritor deve ser medida. É pelo imaginário, o irreal, o ideal e o coração. Afinal, tudo dentro daquelas páginas de história não é parte do escritor? Do coração, da alma, do subconsciente, consciente... Pedaços de verdade. Em cada livro é um pedaço de quem escreveu que a gente está levando debaixo do braço, dentro da bolsa... E não é mesmo o objetivo do livro nos deixar apaixonados, fascinados? Claro! Porque quem escreveu é um ser apaixonado. Constantemente apaixonado por escrever, acima de todas as inconstâncias de um ser humano.

E é por isso que eu, você e todas as pessoas que carregam esse fardo – ou dom, depende do ponto de vista – de escrever podem e devem ser caracterizados como escritores. Porque nós o somos.

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4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Há uns anos atrás, antes de eu publicar, eu estava num evento com a Tammy Luciano e disse a ela que meu sonho era me tornar escritora. Disse pra ela que escrevia desde pequena, e que aquilo me consumia de uma forma que eu jamais poderia me imaginar fazendo outra coisa.
    Aquele dia, ela disse pra mim que eu já era escritora. Que estava nos meus olhos, estampado na minha cara. Eu nunca vou me esquecer daquilo. Porque é exatamente como ela e como você dizem: ser escritor está na paixão. Está no sangue da gente, estampado na cara. Então acho que isso encerra a questão :P

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  3. Nossa, Clara, amei o texto! É exatamente o que eu precisava ler para entender de uma vez por todas que eu sou uma escritora. Independente de publicação.

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  4. Eu já sabia que era escritora quando comecei a gostar bastante de escrever =) Mas a Clara e sua awesomeness sempre dão uma luz para fortalecer o que sabíamos -q

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