Enfim, o conto é sobre o processo de decisão de uma garota chamada Karina.
Vamos acompanhar?
O VENENO E AS CONSIDERAÇÕES
Karina podia ver,
Karina podia ler e Karina podia sentir.
No seu computador,
podia ver as inúmeras mensagens em uma página da internet que pertenciam a um
grupo de anônimos na escola. Muitas delas falando sobre alguma característica
sua, aumentando-a ou diminuindo-a até que ela se tornasse um estereotipo do
fracasso, enquanto vários comentários se apresentavam ao seu favor ou contra.
Ela podia não falar –
como falaria se nenhuma voz saia, nem se quisesse? –, mas ainda conseguia ouvir
a própria voz perguntando o porquê. Talvez por ela ser considerada diferente.
Talvez pelo pai estar na cadeia e que, embora bem soubesse que a corrupção do
mundo tinha atingido facilmente o coração do homem, ela não deixava de amá-lo.
Talvez pelas intrigas que ocorriam com mulheres esposas de gente influente que
tentavam armar algo com sua mãe. Ela sempre listava, naqueles momentos em que
se sentava na cadeira sem vontade de chorar só para acessar aquele site – e
finalmente ver os doces que davam em sala se tornarem ácidos, corroendo-a por
dentro – e tentar chegar a alguma conclusão.
Ela tinha pedido ajuda.
Pedido ajuda na internet, em um fórum, pois não sabia se recorreria seus
problemas aos seus pais e achava que seria um incômodo agitá-los mais do que os
outros já conseguiam fazer com eles. E um usuário anônimo, um que muitos
deduziam naquele local virtual como alguém crítico e irônico, mas ao mesmo tempo
com “uma disposição perigosa”, sugerira para que ela enviasse os contatos e que
ela pudesse entrar em contato com ele para que pudessem resolver o assunto.
Remédio pelo veneno:
trabalhar, expulsar todo o desespero e a escuridão que em tão longo tempo estivera
em seu coração de menina, para que aqueles que escureciam suas esperanças
sentissem em suas peles o que ela experimentava.
A pessoa estendeu a
mão, mas ela não a pegara até aquele momento.
E, naquele momento,
Karina se pegava pensando que poderia acabar com todo seu sofrimento. Poderia
prejudicar, poderia estar jogando veneno contra veneno, mas ao menos seria
feliz... Ou, então, uma falsa sensação de paz e felicidade que, por mais que
soubesse não serem reais, ela queria tão, mas tão desesperadamente.
Ainda assim, com o
anseio, ela relutava aquela escolha.
Ela tinha o poder. O
poder de causar um problema para terminar seu problema...
Mas... Aquilo a
transformaria mais um deles, não a transformaria?
Ela, então, molhou os
lábios com seus pensamentos indo mais a fundo. Cada vez mais que seus olhos
liam aquelas mensagens e seu coração ainda se mantinha quente, ela ia
desistindo daquela ideia. Achou que poderia ter forças. Ela tentaria conseguir
essas forças.
Não sabia como, mas
sabia que não era daquele jeito.
Com o “não” pronunciado
pela sua decisão, resolveu por fim olhar aquelas mensagens pela última vez
antes que fechasse aquela página e fosse tentar baixar seus desenhos favoritos.
E seu simbólico
coração, ainda que ferido e escurecido em partes, conseguiu pouco a pouco
voltar com um brilho de esperança mais forte do que antes.
FIM
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