[RESENHA] Depois dos Quinze - Bruna Vieira

Edição: 0
Editora: Editora Gutenberg
ISBN: 9788582350133
Ano: 2012
Páginas: 200
Sinopse: Bruna Vieira tem 18 anos, é colunista da Revista Capricho e dona de um blog chamado Depois dos Quinze. Começou a escrever porque descobriu que o amor da sua vida era na verdade o amor de uma das centenas de fases que ela já viveu. Desde então, com a ordem das palavras escritas e compartilhadas nas redes sociais, Bruna superou a timidez, viajou para a Europa, fez duas tatuagens, mudou de vez para São Paulo e tornou-se uma das adolescentes brasileiras mais influentes da internet com milhares de fãs-leitoras-amigas-seguidoras. Nesse livro você encontra uma mistura de histórias, desabafos e segredos de uma garota que nasceu no interior, ama animais, usa boinas coloridas e ainda acredita no amor simples e verdadeiro.

"Ainda não é tarde, mas pode ser daqui a um milésimo de segundo."

Essa é só uma das várias quotes que separei desse livro. Não sou muito chegada a livros de contos, mas vez ou outra abro uma exceção. Uma delas foi pra Bruna Vieira, autora mineira residente em São Paulo, que eu já tive o prazer de conhecer pessoalmente, mas com cujo trabalho eu nunca tinha tido contato. Antes do livro, eu desconhecia o Depois dos Quinze, blog que originou seu primeiro livro - e depois, fiquei me perguntando como era possível que eu não conhecesse. Não só por ser um site reconhecido e super acessado, mas por ser exatamente o tipo de mídia que eu gosto de consumir: um site que tem de tudo um pouco, antenado, atualizado, e ao mesmo tempo reflexivo.

"Cansei de ser a roteirista, quero um papel principal. Alguém se habilita a escrever a minha história?"

É assim também o livro - embora eu deva dizer que o conteúdo é um pouco menos "variado" do que o do blog que deu origem a tudo. No livro, Bruna reúne textos, crônicas e contos, que falam sobre o amor, sobre a perda, sobre o crescimento e o amadurecimento e, principalmente, sobre a vida.

"Gosto de acreditar que, em alguns meses, mesmo não estando mais juntos, ainda seremos um do outro. Sabe por quê? Você me ajudou a encontrar a pessoa que eu sou hoje."

A coletânea tem, ao mesmo tempo, um toque muito externo e muito pessoal. Como toda boa escritora, Bruna escreve sobre a própria vida e suas experiências naquele velho método de colocar no papel pra melhor se fazer entender, mas não se limita a isso. Ela experimenta, e tenta, e escreve sobre outras histórias, outras pessoas, coisas que não viveu, mas com as quais qualquer um pode se relacionar. Afinal de contas, vida é vida, né? E, em algum nível, todos nós passamos por coisas parecidas.

"Como já disse Leoni em '50 Receitas', o que dói mesmo não é o que ele fez de errado. É o que ele fez de certo."

É muito difícil não se identificar em algum momento com algum dos mais de 50 textos reunidos em Depois dos Quinze. Eles falam quase que ao pé do ouvido do leitor, como se, num lapso de vidência, a autora tivesse, por acaso, penetrado nas suas memórias e se atrevido a falar da sua vida. É parte do que torna a leitura especial, e ao mesmo tempo, em partes, dolorosa. Às vezes alguma coisa é pessoal demais pra você, enquanto leitor, como uma mensagem específica enviada só pra mexer com a sua cabeça. Como não se deixar levar?

"Não vou mentir, ainda penso que um dia vamos nos encontrar, mesmo que sem querer, por aí. Nessa vida ou nas próximas. Imagino que, independente das circunstâncias, vamos nos olhar e ter a certeza de que fomos feitos um para o outro."

Apesar de ser jovem (Bruna tem agora 20 anos), sua escrita é madura, segura - de si mesmo, da caneta. Talvez nem tanto dos sentimentos, ou do depois, ou do agora. Mas ninguém é. Bruna mistura a poesia e as palavras do corriqueiro de um jeito muito próprio, criando uma linguagem que pode se aproximar do leitor de qualquer faixa etária, em qualquer situação. É uma conversa íntima, e, ao mesmo tempo, um papo aberto.

"Então, se quer saber de mim, liga. Escreve. Pega o primeiro ônibus e bate na minha porta sem avisar."

No mais, apenas recomendo. Paguei a língua quando torci o nariz de primeira, e acabei me deixando encantar por cada uma das palavras. Leitura sem contra indicação :)

"Agora mesmo, tantas histórias estão sendo escritas, e você continua aí, vivendo de lembranças que nem existiram de verdade. Contentando-se com os restos e abraçando quem só te vira as costas. Deixa disso."