Banner Submarino

terça-feira, 25 de março de 2014

[FEITO A MÃO] Eu e as minhas paixões

http://www.baresbh.com/2011/12/tudao-no-espeto-otima-pedida-por-balada.html
*sons de trombetas*

E com vocês, O incrível, O espetacular, O terrível, O delicioso, O desejado, O gostoso churrasquinho de gato.

E ele possui relação com o título e com a crônica de hoje.

Interessados? Estão convidados a me acompanhar :)





EU E AS MINHAS PAIXÕES


image
créditos à Uri, http://2style.in/uri
É meio engraçado eu tratar em primeira pessoa na consideração de que eu não estou narrando sob o ponto de vista de um personagem. E sim o meu ponto de vista. Pensando nisso, tomo ciência da minha barriga estar clamando por migalhas de comida. Ou pedaços. Pedaços enormes. É quase madrugada do dia vinte e quatro enquanto escrevo isto aqui após conversar com meus pais para ter o acesso à internet. Preocupa para eles que eu madrugue e acorde no dia seguinte com os olhos meio inchados, o que me lembra um personagem de um jogo bacana de computador (The Sandman), uma interpretação do Sandman como uma fada que acaba não tendo uma soneca por anos e anos. Mas, hey, para se ter um doce, muitas das vezes o reconhecimento daquilo não é a única coisa necessária: também vamos ter que nos deslocar de nosso conforto.
Talvez, uma das coisas diferentes sejam meus olhos estarem em uma condição boa. Meu cérebro não sente, ao menos no instante deste parágrafo, aquela tontura que indica um estágio de sonho. Aquela sensação de estar tranquila, porém pesada. Não há café disponível, café meu amigo desde que aprendi a conviver com esta bebida, e tampouco uma possibilidade de saborear uma abertura de animê para acompanhar esta crônica pelos sons da entrevista da Globo News com o ministro Joaquim Barbosa. Mas há vontade, há um ardor que sobe pelo peito e uma energia que me mantém na cadeira. Durante o período de tempo que escrevi até então, apenas provei suco de acerola, ainda que outros sabores tenham explodido em meus sentidos sem eu precisar prová-los fisicamente. É algo que não sei se tem lógica ou que a razão possa explicar. Não tenho a certeza. Só que um tanto de bom senso e cuidado, com pintadas de investigação dos porquês, sempre é bom, não é?
Churrasquinho de gato é um termo que ouvi desde que eu era uma cabolquinha. Quando menina, eu me perguntava se aquelas carnes espetadas pelo espeto de madeira pertenciam a carnes de gato. Meu pai (algumas vezes, mamãe também) me levava para ver algumas coisas pelo Centro da cidade. E desde aqueles tempos, vê-se um bocado dessas barraquinhas à céu aberto com a fumacinha da carne com algum temperinho. Não apenas ali, no Centro, mas foi ali que tive meus primeiros contatos com o tal chamado churrasquinho de gato. Eu comi as carnes do meu primeiro espeto depois de interrogar sobre o nome. Não me lembro qual possa ter sido minha reação naquele tempo, só que continuei a gostar.
O que acredito que poderia ser um reflexo daquele tempo voltou, não em sua primeira e última vez, para mim quando eu cheguei da universidade para casa. Por causa da troca das paradas de ônibus próximas da praça do meu bairro, eu acabo tendo que andar mais um tico. Era noite, eu não tinha dinheiro para gastar e eu caminhava. Era o começo da noite. E era um dia da semana retrasada. E em um canto da rua, uma barraquinha de churrasquinho. E na frente da praça, outra barraquinha. Não sei se era por causa da fome, não sei se era pela nostalgia quase literalmente bater seus cabelos em meu rosto ou se era somente o desejo de me deleitar naquele dia cansativo.
 "Eu quero comer um espetinho"
Essa é a única certeza que tenho daquele momento.
Fico imaginando como seria e então me lembro de molhar os lábios horas antes. Nesse intervalo de tempo daquele dia para hoje, comi sashimi, hot dog, salgados, tapioca, mas o churrasquinho continuou pairando na minha cabeça. E ia, e voltava, e vai, e volta. É como uma imagem de um fantasma, só que ao invés de medo, há simplesmente...
É algo que é parecido com o que se possa imaginar de uma paixão entre duas pessoas, ainda que você pode estar apaixonado também por coisas além de pessoas: há o ardor, há aquela insatisfação que te faz mover de onde você está em uma força maior do que seu raciocínio e cruzar muros. Uma determinação se instala por dentro e floresce na medida em que você descobre a paixão por fim. E você pensa, pensa, pensa...
E até então, ainda não comi um espetinho de churrasco desde aquele dia.
É... até então.
Mas, quem sabe quando isso acontecerá?

FIM

Quer divulgar seu texto, o seu conto, em nosso espaço (blog e tumblr), caro leitor? Envie-o para nosso e-mail contatonra@gmail.com :)

Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário