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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

[RESENHA] Allegiant - Veronica Roth

Série: Divergente #3
Edição: 1
Editora: Katherine Tegen Books
ISBN: 9780062024060
Ano: 2013
Páginas: 544
Sinopse: The faction-based society that Tris Prior once believed in is shattered—fractured by violence and power struggles and scarred by loss and betrayal. So when offered a chance to explore the world past the limits she's known, Tris is ready. Perhaps beyond the fence, she and Tobias will find a simple new life together, free from complicated lies, tangled loyalties, and painful memories.
But Tris's new reality is even more alarming than the one she left behind. Old discoveries are quickly rendered meaningless. Explosive new truths change the hearts of those she loves. And once again, Tris must battle to comprehend the complexities of human nature—and of herself—while facing impossible choices about courage, allegiance, sacrifice, and love.

ANTES DE LER ESSA RESENHA, SAIBA QUE:

  • Vai ter muitos spoilers dos livros anteriores
  • Vai ter muitos spoilers em geral. Os mais pesados eu deixarei em letra branca, e é só grifar pra ler!

Todos avisados, vamos lá.

Allegiant (que na tradução brasileira ficou como Convergente) começa pouco tempo depois do final de Insurgente. Com o sistema de facções derrubado e após Janine ter sido assassinada, Evellyn Eaton, a mãe de Tobias, até então dada como morta, se torna a nova líder de um governo controlado pelos sem-facção. As cores agora se misturam, as identidades se perderam, todo mundo trabalha em tudo e, recentemente, Tris descobriu um vídeo de uma antepassada, Edith Prior, que afirmava que um dos propósitos da cidade era constantemente enviar pessoas para além de suas fronteiras.
Agora há mais perguntas do que respostas: o que há além das fronteiras? Quanto a Abnegação - e, consequentemente, os pais de Tris e os pais de Tobias - sabiam? É para caçar essas respostas que um grupo de revolucionários, auto-nominados de Allegiant, se organiza para enviar pessoas além das fronteiras e fazer um levante para restaurar o sistema de facções. Não coincidentemente, Tris é convocada.
Então lá vão ela, Tobias, Christina, Uriah, Cara, Peter e Caleb - que estava condenado à morte por seu apoio a Janine, mas que foi resgatado por Quatro na última hora - num furgão para além da fronteira. Depois de serem atacados pela segurança dos sem-facção - o que ocasiona a triste morte de Tori - eles enfim conseguem ultrapassar a fronteira, e são levados por dois divergentes da Audácia que tinham sido dado como mortos anos atrás até um grande complexo onde, enfim, a verdade é revelada - sobre a mãe de Tris, sobre a cidade, sobre os Divergentes e sobre tudo que Evellyn e os sem-facção estão colocando em risco.

ESTE É O PONTO EM QUE EU VOU CONTAR O QUE ACONTECEU PRA DAR MINHAS OPINIÕES. SE VOCÊ NÃO QUER SABER BOA PARTE DO QUE ACONTECE, LEIA PULANDO PARÁGRAFOS.

Não sei se me estressei ou se fiquei contente com o desfecho da trilogia. Foi uma boa mistura das duas coisas, na verdade, e cada aspecto do livro pesou de um jeito diferente. Então, pra facilitar a distribuição de spoilers pra quem quer ler só uma parte deles, vou organizar meus pensamentos em tópicos.

SOBRE OS MOTIVOS

Achei a ideia da Genetic War de uma credibilidade razoável, embora questionável. Os testes pra modificação de genes fazem sentido, mas ao mesmo tempo os níveis a que isso chega são meio difíceis de engolir. Basicamente, o sistema de facções foi implementado (apenas em Chicago, como a gente descobre mais adiante no livro) porque cientistas tentaram transformar a personalidade das pessoas à partir da supressão de determinados genes, e acabaram descobrindo que suprimir uma característica enaltecia outras - os que perdiam o medo se tornavam mais agressivos, os que perdiam o dom de mentir, perdiam parte da sua empatia, e assim por diante.Quando perceberam que isso não era uma boa ideia, começaram a isolar os humanos GD (genetically damaged, ou geneticamente danificados) em comunidades afastadas, boa parte deles servindo de teste pra tentativa de "limpar" seu código genético e transformar as gerações futuras em GPs (genetically pure, ou geneticamente puros). Os GD acabaram se transformando em muleta pra todo tipo de crime, o que, automaticamente, criou separações entre as punições, e um tratamento claramente melhor dado aos GP. Os Divergentes nada mais são do que uma geração de pessoas GP, e por esse motivo, deveriam sair das fronteiras, se afastando dos danificados.
Logo, tudo pelo que os Allegiant lutam não existe. A luta passa a ser outra - para que a cidade conquista independência e não seja mais tratada como experimento, e para que o defeito genético não seja mais uma desculpa pra punir os GD nem pra abster os GP de qualquer coisa em nome do aperfeiçoamento. Embora eu tenha achado bacana toda essa mudança de lados, não consegui deixar de pensar em como as consequências de tudo o que foi feito foram pequenas, em comparação ao alcance da coisa. Suas batalhas se estenderam por Chicago e apenas Chicago, enquanto toda a América sofre do mesmo mal. Claro que pensar em "salvar o mundo" seria uma ambição meio babaca, mas não consigo deixar de pensar que aquilo tem data de validade. Quanto tempo até que o liberalismo alcançado por eles seja derrubado em nome da pureza genética?
Além disso, achei MUITA informação pra ser jogada sobre o leitor num único livro. Lendo Allegiant eu tive a impressão de não saber absolutamente nada nos livros anteriores, porque tudo o que aconteceu até ali aconteceu basicamente no escuro - as únicas pessoas que tinham acesso à informação real morreram sem revelá-la, e agora a Tris (e a gente) precisa descobrir, processar e entender tudo de uma vez. Acho que faltaram dicas ao longo dos livros, e uma disseminação maior de todo esse conteúdo pra que ele fosse mais digerido.

SOBRE OS PERSONAGENS

Há muito pouco de novo a se descobrir em Allegiant sobre os personagens que já conhecemos. O livro conta com o diferencial de ser narrado em duas frentes - alguns capítulos são narrados pela Tris, outros pelo Tobias. Além deles, as únicas presenças realmente constantes são David (o líder do complexo onde eles se instalam fora das fronteiras da cidade) e Caleb, que, pessoalmente, eu acredito que tenham muito em comum. Ambos são homens de "conhecimento" - gostam de estudar, de descobrir, de saber - e ambos tem uma crença muito forte naquilo que estão fazendo. A mesma crença cega em Janine que levou Caleb a trair a própria irmã é a crença de David na importância de lutar pela purificação genética - a qualquer custo. Isso não isenta nenhum deles de culpa, mas faz com que se tornem, pelo menos, compreensíveis. O mesmo acontece com Peter que, nesse livro, ganha um novo olhar quando resolve injetar em si mesmo o soro do esquecimento. Isso acontece bem lá pro finalzinho, mas achei legal ter um lado dele que não seja necessariamente porrada atrás de porrada; mostra que ele não é uma pessoa de índole necessariamente ruim, só de instintos mais selvagens.
Quanto a Tris e Tobias... bom, não vou entrar nessa lenga lenga. Nenhum deles me surpreendeu em nenhum momento, nem mesmo com o diferencial do POV do Quatro em vários capítulos. Eles continuam tão fofos, chatos e pseudo-vingativos quanto sempre. Enquanto eu amei ambos em Divergente e os odiei em Insurgente, não consigo definir qual é o sentimento que predomina depois de ler esse último livro. Acho que fechei na média.

SOBRE A EXPANSÃO DA DISTOPIA

Como eu mencionei, eles saem da fronteira de Chicago e vão pro complexo. Lá, redescobrem o mundo - descobrem os Estados Unidos, as outras cidades, o mundo e diversas coisas que simplesmente não existiam no seu pequeno universo de facções. Achei bacana a maneira como isso foi inserido e utilizado, e o estranhamento que causa em todos os personagens.
Contudo, essa expansão foi, pra mim, muito subutilizada. Não só pelos problemas que eu mencionei no primeiro tópico - alcance das ações, e a própria construção distópica - mas porque, mesmo com tanta coisa à disposição, tudo é resolvido da maneira mais "simples" possível.
Quer saber se a pessoa é GD ou GP? Insere um soro localizador. Deu problema com os GD? Joga soro do esquecimento na galera e começa de novo. Quer descobrir alguma coisa? Mete logo o soro da verdade no menino. Quer se livrar de alguém? Espirra soro da morte e já era. Tem um soro pra tudo, e acho que isso mata um pouco da criatividade das reviravoltas. Torna tudo meio repetitivo e cansativo em algum ponto. É o futuro, minha gente. Vamos inovar!

SOBRE AS MORTES

Porque, sim, eu tinha que comentar sobre isso.
Eu esperava um número bem mais alarmante de personagens mortos, dada a minha experiência tanto com séries quanto com distopias. É uma revolução, as coisas saem do controle, pessoas morrem. Perdas servem pra maximizar o peso e as consequências das ações numa história. No entanto, se você está preparando o lencinho pra se despedir de todos os seus personagens preferidos, pode deixar isso pra lá. Eles estão seguros.
É claro que isso não significa uma história em que todo mundo vive. Como boa parte do pessoal deve saber, a Tris morre no final, da maneira mais estúpida, porém heroica, possível. E embora essa morte pese, muito (especialmente porque é o Quatro quem narra todos os capítulos seguintes, e o luto dele é uma coisa muito delicada e dolorosa de se acompanhar) não foi nada particularmente chocante, deprimente nem avassalador. O momento em que ela acontece, a cena em si, é (maldita Veronica Roth!) mas é mais aquela coisa de lagriminha no canto do olho do que enxurrada de emoções. Pra falar a verdade, sofri muito mais com a morte da Tori. Pra mim, isso é um reflexo direto da magnitude da história, já que o que rola não chega a ser, de fato, uma guerra; é mais uma revolução controlada, um ataque clandestino pra evitar maiores baixas, e que consequentemente tem que ferrar alguém pra dar certo. Acho que se tivessem rolado mortes gratuitas, eu teria ficado meio puta. Então, ponto pra eles!

No todo, eu gostei do livro e da série em geral. Rolou aquele peso e aquela dor de ter terminado, mas ela não se prolongou por muito tempo. Divergente se despede com estilo, mas mantendo o mesmo clima ameno e a mesma ambição controlada de seus livros anteriores. Foi bacana, mas não é a melhor trilogia que li na vida.

Espero que vocês tenham sobrevivido até aqui! Quem já leu? Divide suas opiniões comigo aí nos comentários!
Beijocas

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