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sábado, 2 de março de 2013

[FEITO A MÃO] Contato


Você já deve ter lido alguma comic contendo personagens com superpoderes que fazem o papel de super-heroís ou de super-vilões. Ou visto os integrantes do X-Men apresentando algumas habilidades fenomenais ou vendo os episódios da Liga da Justiça de heroís agindo para o bem de quem protegiam.
Enfim, Steph Douglas é uma agente de forças especiais que aceitou ser contratada pelo FBI depois de alguns problemas enquanto estava, anos antes, na CIA por causa do método de captura dos criminosos. Enquanto em sua missão no Afeganistão, ela enfrenta alguns probleminhas...


Contato


   Mal respiro quando minhas mãos deixam as paredes ásperas para fazerem a minha impulsão a um buraco. Sinto meus ossos cansados e o sol avermelhado matando minha boa visão. Uso as roupas leves desse Afeganistão, umas que têm uma textura agradável ao se roçar na pele. Meu pé se apóia em uma saliência, mesmo com o risco de meu corpo cair no rio que deságua a poucos metros no chão, mas isso não é o suficiente. Imagino se meus treinamentos de escalar montanhas tenham sido o bastante para poder ter chegado aqui sem grandes problemas. Ou se isso é apenas um efeito à parte das luvas que me ofereceram.

   O buraco é pequeno demais. Percebo isto apenas ao olhar com essas lentes de contato especiais, as quais fazem uma medida instântanea com a tecnologia que o fornecedor de instrumentos pra o Departamento de Casos Especiais pode oferecer. "Probabilidade mínima de sucesso", a voz feminina mecânica constata, "Sugestões à Srta. Douglas: rastreie a área ao redor do local para encontrar uma outra saída ou faça dilatar a abertura para a montanha". Faço uma careta ao rapidamente espiar pelos lados. "De jeito nenhum vou rastrear o resto dessa área", pensei com fervor. 


    Eu não passaria. E essa afirmação ecoando na minha cabeça me faz querer rir de minha própria situação. Por ser irônica demais: muitos superiores na FBI diziam, não sei se em sarcasmo, que "você tem uma cara de quem apanha muito". Não entendo se isso deva ser pelo meu histórico no passado ou só por ser uma menina com um aspecto doentio. 

   Olhava no espelho do banheiro e me via com a costura de uma cicatriz no meu braço direito. Sou pálida, ainda possuo essas olheiras. Meus sorrisos não saem amigáveis como eu gostaria e sempre assustam muitos de meus colegas de trabalho. Pego missões com frequência e sempre saio delas com uma bandagem ou outra.  

  "Você deve ter se acostumado tanto com o trabalho pesado que tem essa aparência cansada, Stephanie querida", é o que a encarregada de me tutorar dizia com suavidade quando chegava meu tempo para o lanche e quando tomavámos milkshakes. "Mas isso não significa que você seja frágil", continuava com a testa franzida ao me fitar serena, "Mesmo assim, acho que você deva ter cuidado"

    "Cuidado?", repetia com minha voz confusa.

  "Sim", Roxanne assentira com a cabeça com preocupação evidente em seus olhos castanhos. "Essas pressões podem fazer sua mente não ficar em bom estado. Alem do mais, você não é a única do Departamento de Casos Especiais que possui super poderes por aqui. Desde que a CIA tem estado sob aquela administração, alguns agentes têm migrado para cá"

   Lembro-me de ter olhado para baixo. Minha mãe, uma doce mulher, não imaginaria que a menção sobre "uma escola para pessoas especiais" não tenha sido por alto intelecto. Mas sim para uma parte clandestina da CIA em Washington D.C. que se interliga com uma sociedade que busca o melhor para o governo através de soldados com poderes fora do padrão. Não tenho certeza como se surgiu a ideia de agrupar "pessoas especiais".  

    Porém, já havia ouvido falar de tantos experimentos que ocorreram com seres humanos sendo tratados como ratos de laboratório que não estranhei a novidade. Minha tutora havia mencionado que a história da humanidade "Tem uma parte oculta onde apenas poucos sabem". Onde vários governantes, cientistas e cidadões comuns almejavam um "ser humano" perfeito das mais diversas formas e acabaram fazendo nascer, sem querer, aqueles que muitos dizem ser "mutantes".

   Quanto a mim, só aguento esse tratamento por conta das situações que faziam minha mãe estar de frente a túmulos e a revólveres de pessoas ambiciosas com a extensão de meu poder. Não me lembrava direito de como eu era menor, mas sinto como essa pirocinese fosse uma herança de meu pai. 

   Algumas vezes, ele visitava a nossa casa. Sempre acompanhado de três homens de corpos maciços, raramente falava. No entanto, olhava a mim como quisesse me dizer algo bastante importante. Tinha a impressão de que ele estava ali por o comando de alguém, alguma pessoa que o botasse medo o suficiente para não deixar uma informação passar.

    Não o conheço muito, mas, nas outras missões, alguns mutantes de “atividade prejudicial” comentavam sobre minha feição lembrar uma outra pessoa. Diziam que é um gênio perigoso do crime que “mantemos preso” e me pergunto qual dos pegos, tanto pela divisão da Central Intelligence Agency (CIA) quanto pela divisão do Federal Bureau of Investigation (FBI), seria esse meu parente em potencial. 

    Não tenho notícias o suficiente para comprovar a minha teoria, mas acredito que a qual considero ser minha genitora talvez não o seja geneticamente. A forma como meus colegas de trabalho, dos dois orgãos, se referiam à "mulher que eu conheço" e a "minha mãe" me faziam ter a impressão deles as tratarem como duas mulheres diferentes. Fora isso, uma das poucas palavras que meu pai compartilhara comigo foi que "Sua mãe foi embora há muito tempo".

   Mas... quanto ao parente... Talvez fosse da última missão? Eu precisava encontrá-lo! Saber sobre o que ocorre com minha famí-

Quase desvinculo minha mão do apoio e, por isso, quase caio no rio.

  Tento ficar sã ao sentir meus órgãos pela alta altitude... Meu sangue, acostumado a ficar na beira no mar da Califórnia, parece estar me sufocando. Ainda com todos os suplementos de emergência que havia tomado por precaução, é díficil não me sentir extremamente desconfortável. Não consigo entrar no buraco, mesmo sacrificando minhas mãos para socar ou cavar a porção de rocha derretida que cobre a passagem. 

   Entro em nico. O mundo parece girar e... 

  Tenho que ferver as pedras. Repito isso com teimosia na cabeça ao juntar os restos de minha determinação. Isso me faria sentir dor, mas era o único jeito de abrir mais a passagem. E, além do mais, essa é a minha especialidade: elevar temperaturas, causar faíscas, chamas e incêndios. Tudo que eu preciso é de mais paciência. Concentro-me e é díficil de manter uma luz forte. Respiro fundo, ainda dolorida, e faço mais força. Então, finalmente expulso o calor pelos dedos e consigo o buraco se abrir mais.

    Só que o oxigênio que tenho não é o suficiente. O que me restou de água lentamente está se congelando e não posso aquecê-la. Meus movimentos são lentos, ainda mais retardados pela direção do vento levando partículas de terra e areia dos arredores. A dor se arranca da garganta seca e tenta escapar entre meus dentes, enquanto sinto minhas articulações doloridas e a súbita vontade de desistir.

    Droga!


Garota Douglas – Ouço uma voz masculina próxima, quase sempre tranquila. Embora eu bem soubesse que seu dono estivesse numa sela de prisão com barreiras telepáticas e não tivesse muita interação com as demais pessoas. – tente agüentar por mais um tempo e direcione o fogo para a direita e abaixe, pois até outras pessoas conseguem ver com os seus olhos que se você fizesse isso sua entrada seria menos desgastante.

   Olho a continuidade de saliência irregular que ecoa meus ruídos. "Ah não", lamento por mim mesma ao reconhecer que talvez estivesse nas mãos de alguém desconfortável. Nessa passagem apertada? Seria díficil terem me seguido dos Estados Unidos até aqui, justamente no outro lado do mundo!

   A menos... telepatia. Estreito meu olhar e paro por alguns segundos para me relembrar, embora parar não seja a melhor opção quando se está no alto de uma montanha. A última pessoa que capturei foi Flynn Green, um garoto denominado assim que encontrei um olhar familiar que transpirava a uma inteligência zombeteira. Meus superiores tem muito medo dele por causa de sua capacidade de ataques telepáticos e manipulação de grupos ser bastante avançada, a ponto de acreditarem que ele é um dos procurados do governo mais perigosos. Mantemos-o preso em segurança por causa dos outros detentos e por causa da CIA poder usá-lo a fim de, no final, ser usada.

      Embora eu discorde que ele é o único capaz de fazer tanto medo assim.

    Se ele ser solto, o que pessoalmente acredito que deve ser em breve, pode causar o estopim de uma guerra entre os "mutantes". Há os que querem se opor não apenas às organizações americanas, como as da Interpol, as da China e mundo... Uma pessoa que idealiza que deveríamos quebrar o sistema em que a humanidade está presa para poder libertá-la, embora eu não concorde que deveríamos mudar o mundo assim. 

    Aquele cativo pode usar seus olhos verdes e sua mente assustadoramente brilhante para transformar mercenários, assassinos de elite, yakusa, Cosa Nostra, máfia siciliana e chefes de tráficos de drogas em seus cachorrinhos obedientes. E de todas as pessoas do mundo, não sei como ele acabou se infiltrando na minha mente. Se bem que posso suspeitar pelo bom tempo que eu estive exposta à Green o suficiente para que o garoto pudesse saber de todos meus pontos fracos.

   Ouço uma risada divertida quando, além de todo esse sofrimento, tenho que sentir calafrios sobre o destino de minha vida. Como ele lesse meus pensamentos a países de distância e gargalhasse diante de minhas preocupações em terminar nos piores lugares do mundo.

   Mas eu tenho uma ótima razão pra me preocupar. Entretanto, não penso muito nisso agora. Minha maior preocupação é como me manter estável.


Por que esta me ajudando? – Sinto meu sangue fluir estranho pelo meu corpo.

  Altitude, de novo?


Tenho minhas razões para não sair do ninho do Federal Bureau of Investigation. Isto envolve seu passado, cara Douglas.

    A voz sai ríspida, como isto o lembrasse de desagrados, e o vejo mexendo com o prato com ovos, vegetais e filé com arroz. A sensação de tédio me diverte, mas não sei se está mentindo pra ganhar minha confiança. Mesmo assim, novas imagens emendam-se e vejo uma bandeira americana estendida fora da prisão texana. 

    Quero rir, porque... eu morreria pela pátria enquanto os criminosos comeriam seus pratos de almoço? Lutar pela justiça é um trabalho duro. Mas sempre alguém tem que fazê-lo pelo bem de todos.

    Estou certa? Ou estou errada? 


Eu tenho que responder a isso? – Ouço os risos dele, mas eu fico irritada porquê o sinto influenciar a minha onda de pensamentos.

   Alguns agentes da Central Intelligence Agency querem minha cabeça numa bandeja e seria um prazer a eles ter uma missão que me envolvesse no meio. Por eu ser considerada “fraca” para matar quem é diferente. Não aceitam seus ‘cães’ fugindo de regras egoístas e burocráticas de alguém que pretende acabar com o mal exterminado sem ver a raiz dele. Fiquei fora da lei por muito tempo e fingi  levar uma vida de garota normal ao ir de orfanato pra orfanato, mas acabei me juntando ao FBI depois de haver conhecido e simpatizado com alguns de seus trabalhadores.

   Não tenho permissão de matar. Interrogamos, achamos e tentamos solucionar. Mas pessoas são pessoas. Nem sempre pensam a mesma coisa, podem achar que um método é mais eficaz com o outro e muitas vezes a palavras "Humanidade" não aparece direito em sua cabeça. Alguns seres humanos ainda me assustam, mas aprendi a conviver com a existência deles.


CHEGA! Saia da minha cabeça agora, caramba! – Grito indevidamente quando a risada ainda não termina. 

   A energia condensada escapa pelos meus ouvidos e pelas palmas das minhas mãos, formando algumas leves queimaduras que não consigo controlar.

    Ao meu redor, as pedras fumegam e há trilhas de rocha derretida descendo. Percebo que tenho uma mecha flamejando, embora não se queime. AH NÃO! Atrapalhada (Droga! Tenho 16 anos, mas sou uma agente investigativa federal que vai capturar uma base de contrabando de materiais tóxicos! Depois da chapinha de anteontem?! Ainda bem que tenho pirocinese!), apago o fogo e mal percebo que meu ‘descontrole’ criou um túnel para mais para frente e que eu estou cain...

   Sorte de Flynn que ele está nos Estados Unidos, senão eu chutaria minha imagem mental dele.

   Agarro-me contra uma saliência e uso a outra mão para concentrar calor. Eu tenho medo. De pessoas me perderem e eu poder fazer nada por elas. Mas estou fraca. Não possuo muito tempo, mas soco e soco - a única coisa que penso devidamente é em socar e em lutar -, um pé tocando outra saliência. Sinto meu beiço salgar... 

Estou chorando?

- Isso é suicídio. – Retruca Flynn. 

    Por que ele está furioso e o vejo sorrir? Abro um buraco... cada vez maior. 


Porra, se você morrer agora, Steph, eu... Saio daqui.

   Ele quer zoar? Eu não consigo fazer isso. E por que "se você morrer agora"? Ele está preocupado comigo?


Você iria sair... Por que você se mantêm aí, afinal, se é todo poderoso?

   Ouço tiros contra a montanha... não, contra mim. Algum americano desavisado sobre quem é seu inimigo ou não, o pobre coitado não comemora o Dia da Bandeira


Preciso ficar preso... enquanto tiver uns caras me procurando. Se eu cruzar a porta, vão meter bala em mim. Além disso, eu preciso de você viva para que eu possa continuar a viver.

   Soco, pondo na minha cabeça pra não acreditar nessas palavras que só me geram dúvidas. “Vai se safar”, penso tanto pra ele quanto pra mim mesma por estar dando ouvidos a ele. E com minha fúria, consigo abrir o buraco. O suficiente para balançar meu corpo para dentro e passar. Aqui dentro, há algumas correntes de ar frio e vejo alguns insetos estranhos navegando pelo chão. Enquanto isso, tenho a impressão de que Flynn suspira de alivio.


Todos os mutantes são frutos suculentas que apodrecem, Douglas. Vejo através de você, mas meu poder se enfraquece com a barreira desta prisão e eu gostaria de ajudá-la a ficar melhor na situação complicada em que você se encontra. Tudo o que tenho são os laços que nos unem, ainda que estejamos separados. As brechas, uso para vigiar por causa de...

   Estou cansada até para escutá-lo. Eu deito encolhida aqui. Minha energia se esgotou e não há nada por posso fazer por algum tempo.

   Está frio, mas posso aquecer algo... depois... comer uma trouxinha de massa e ervas para consumir mais alguma energia... Uso alguns minutos para descansar o cérebro e cubro minhas mãos doloridas com o tecido comprido.

   Penso o que os afegãos achariam de uma garota americana trajada assim. Ou de uma mulher por aqui, aliás. Tento me acalmar com imagens de passeios de carro que fazia com mamãe quando meus deveres não eram esses. Quando era só a sua garotinha com "problemas com fogo" e quando eu era querida por suas mãos afáveis.

   Remexo-me ao fechar os olhos, mantendo os equipamentos de segurança que levava consigo caso alguma ameaça despercebida aparecesse. Por alguma razão, tenho a visão de ver o prisioneiro sorrir de maneira diferente. Um sorriso genuíno.

    Suspiro. É, o dia seria longo.

FIM

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3 comentários:

  1. Não sei se a própria autora pode comentar seu próprio post, mas isso tem uma razão AHSUAHUSHUAHSUHAUS Nota: É ficção a parte do FBI/CIA com "agentes especiais".

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  2. Adorei :d

    Bora curtir, espalhar e compartilhar \o/ !!
    https://www.facebook.com/pages/Blog-Maah-Music/143057999137491

    Eu ouço Revolução Humana no Blog Maah Music http://estilloetendencias.blogspot.com.br/2013/03/eu-ouco-banda-revolucao-humana.html

    Beijo,
    @maahmusic

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  3. Oi, tem tag e selo pra você lá no blog: http://migre.me/dwH3G

    XOXO

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