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terça-feira, 5 de março de 2013

[ENTREVISTA + PROMO] Jorge Lourenço

Jornalista e fã de ficção científica, JORGE LOURENÇO já escreveu para o Jornal dos Sports, UOL e assinou a tradicional coluna de política do Jornal do Brasil, o Informe JB. Nascido e criado no Morro do Andaraí, cresceu com insônia e assistiu (até demais) – filmes de ficção científica no Corujão, quando TV a cabo não era tão acessível e a internet engatinhava. Estudou no Colégio Pedro II e é fã de Gabriel Garcia Marquez, Haruki Murakami, games e mangás. Um dia, não conseguiu se controlar; decidiu que precisava escrever um livro. O resultado está aqui: o mundo partido entre asfalto e favela, onde cresceu, serviu para dar vida à cidade de Rio 2054.

Batemos um papo com o Jorge, e ainda de quebra, recebemos um livro pra sortear! Quer saber como? Então continue lendo...

1) De onde surgiu a idéia para Rio 2054 – Os Filhos da Revolução?

É difícil dizer exatamente de onde veio a história de Rio 2054. De certa forma, ela veio de várias frentes diferentes. Nasceu dos enredos que eu criava nos RPGs de ficção científica da adolescência, da sensação esmagadora de exclusão social que senti crescendo numa favela e, acima de tudo, da minha paixão pela ficção científica. Fosse nos filmes, livros ou mangás, as histórias de ficção sempre me inspiraram muito. Blade Runner, Battle Angel Alita, Neuromancer. O livro tem um pouco disso tudo. 

2) Se fosse tentar definir seu livro em uma palavra, qual seria?

Prefiro defini-lo em duas: crescimento e exclusão. Na minha opinião, é um livro sobre crescimento porque escrevi inspirado por um momento particular na vida de todos nós que é o fim da juventude e a entrada na fase adulta. Em várias partes, Rio 2054 fala sobre tomar uma posição, afirmar-se, correr atrás do seu lugar no mundo. 
E a exclusão é um assunto central no livro. Rio 2054 mostra uma cidade partida radicalmente entre ricos e pobres. Os Escombros, a parte desfavorecida do Rio, vive na completa pobreza. As pessoas vivem sem perspectiva de um futuro digno, são desrespeitadas pela violência policial, não têm o apoio das autoridades. De certa forma, foi num clima parecido com esse que eu mesmo cresci. E acho que esse é um dos papéis da ficção científica: uma lupa que aumenta determinado aspecto do presente para mostrar sua perversidade.
3) Ficamos estarrecidos com a beleza da capa. A ideia foi sua? Quem produziu foi a editora?

A ideia foi minha. Desde o começo da obra, eu sabia que a imagem do centro abandonado era muito forte. E a grande maioria dos leitores concordava, via naquela parte da cidade destruída e completamente abandonada uma desolação aterradora. E, quando eu penso num símbolo do centro do Rio, a primeira imagem que me vem à cabeça é a Central do Brasil. 
Eu fiz a foto e o conceito, mas a montagem ficou por conta de um primo meu, Pedro Henrique de Souza, que é artista gráfico. Sem ele, a capa não teria ficado tão boa. Ele fez um trabalho sensacional. Quando vi o resultado, me empolguei ainda mais com o livro. 

4) Em 2054, como você imagina sua vida? E o mundo? Será que o Rio estará como o do livro?

Bem, em 2054 eu vou estar com 68 anos, se eu chegar até lá. Desde que eu ainda possa escrever, acho que vou estar feliz. Mas não acho que o Rio passará por uma guerra civil pelos royalties. Nem que sua parte pobre vai ser um cenário pós-apocalíptico. A diferença social gritante entre ricos e pobres, a exclusão social e a complacência da sociedade com a desgraça alheia, essas sim eu acho que permanecerão vivas até lá.
5) Você possui algum escritor ou escritores em quem você se inspirou para prosseguir seu caminho? Se sim, quais?

Leio muito desde pequeno. Sou fã incondicional do Haruki Murakami, escritor surrealista japonês que estava cotado para ganhar o Nobel de Literatura em 2012, e Gabriel Garcia Marquez. Para mim, cada frase que os dois escrevem tem uma beleza indescritível. Não são prolixos, não se perdem em palavras rebuscadas. São diretos, e ainda assim maravilhosos. 
Além deles, sou fã de Muriel Barbery (A elegância do ouriço), Albert Camus (O estrangeiro) e, claro, meu autor favorito de ficção científica, William Gibson (Neuromancer). 

6) Sabemos que terminar um livro é algo muito difícil. Como é o seu processo de escrita? Escuta algum gênero específico de música, ou prefere ficar em um local reservado, só você e o computador? 

Terminar um livro requer dedicação, acima de tudo. Cheguei a passar dias inteiros - literalmente desde a manhã até a noite - escrevendo Rio 2054. Vez ou outra batia aquela estafa criativa, mas não parar de escrever é fundamental. Até porque, ao meu ver, se afastar da obra por muito tempo tira você do mundo em que seu livro acontece. 
Mas, em geral, não sou muito exigente. Escrevo com barulho ou sem barulho (já levei meu notebook para a praça de alimentação de um shopping e escrevi sozinho a tarde toda) e não ligo muito para música enquanto trabalho. Eu gosto de dar atenção ao que eu estou ouvindo e não dá para fazer isso escrevendo. Só quando é alguma coisa instrumental. Escutei algumas músicas do Debussy e do Yasunori Mitsuda (e cheguei até a citá-los diretamente no livro), mas só em alguns momentos específicos. 

7) Qual é o conselho que você dá para os jovens escritores nacionais que sonham em publicar um livro?

Leiam e não parem de produzir textos, até porque é a produção textual que traz a excelência. Mas, acima de tudo, sejam críticos ferrenhos consigo mesmos. Não peçam só a opinião de um amigo, de uma namorada ou de um primo. Mandem os primeiros capítulos ou o original da sua obra para resenhistas que você nunca viu na vida, gente que não tenha qualquer compromisso contigo. Eu fiz isso com Rio 2054 e tive a grata surpresa de ser bem recebido por leitores de vários cantos do Brasil, gente que pôde me dar uma opinião isenta do meu livro antes mesmo de eu arrumar uma editora. O resultado está nas primeiras resenhas do Skoob. Ser criticado e aprender com seus erros é o que leva o escritor a outro patamar. 

8) E o processo de publicação, como foi? Como você analisa o apoio a literatura nacional atualmente?

Hoje, no Brasil, publicar um livro não é tão difícil. O grande problema é adquirir visibilidade, se destacar. As grandes editoras dão atenção quase exclusiva aos sucessos internacionais e, em alguns casos, sequer aceitam o recebimento de originais nacionais. Ainda estou no começo da minha caminhada como escritor e ainda não sei como será cair de cabeça nesse mercado, mas o apoio da Novo Século tem sido fundamental. 

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Boa sorte!

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4 comentários:

  1. Nossa, nunca tive tanta vontade de ler um livro de ficção científica nacional quanto agora! Muito boa a sinopse.

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  2. Realmente me interessei pelo livro! Quero saber mais sobre esse tipo de futuro que o autor criou. :3
    Gostei também das suas preferências orientais, queria eu ler livros de lá. :~
    Muito sucesso para o autor! \o

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Que interessante esse livro. Não costumo ler muitas ficções científicas mas a capa e a história me chamaram a atenção.
    bjs

    entrepaginasesonhos.blogspot.com.br

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