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sábado, 4 de janeiro de 2020

[FEITO A MÃO] Copo de Água com Açúcar I.IV - O tempo corre


Algumas considerações a se fazer antes da leitura deste episódio:
a) Não é intuito desta série ou destas séries ridicularizar disfunções psíquicas como a esquizofrenia infantil. 
b) Antes de tomar definitivamente como base esta história para qualquer coisa, pesquise e reflita esta questão. Devido a ser uma obra ficcional, pode não corresponder à realidade. 


c) Era isso. Boa leitura :)

~

No primeiro episódio, conhecemos a mãe, o pai e um pouco da irmã de Ricardo.
No segundo episódio, temos a introdução de duas futuras grandes amigas de Ricardo.
No terceiro episódio, temos a introdução do segundo protagonista da história e de alguns outros importantes personagens.
No quarto episódio, este, teremos mais informações sobre alguns personagens :)

Fonte da imagem:https://lista.mercadolivre.com.br/capim-dourado-relogio-parede
Enquanto isso, o relógio está tocando!



dedico este episódio para Guttz

COPO DE ÁGUA COM AÇÚCAR - PRIMEIRA SÉRIE


IV – O tempo corre

O garoto escolhido não parecia dar muita bola para Ricardo. O livro que estava lendo era A Bússola de Ouro e ele acompanhava as aventuras de uma menina chamada Lyra. Se seus pensamentos fossem lidos por nós, acabaríamos vendo muitos spoilers e spoilers podem causar muita revolta. Ricardo não estava interessado muito no livro naquele momento. Seu interesse pousou nos olhos de Maximiliano. “São azuis como nevoeiro”, ponderou ele. Quando ele lia o livro, também Ricardo pensou, eles pareciam estar bem vivos.
- Aí, você! – Johnathan, o garoto de pele negra de quem Kiara o salvou, parecia irritado com a insistência de Ricardo em observar o líder – Quem te deu a permissão para olhar o meu chefe desse jeito?
- Chefe? – Ricardo piscou os olhos – Não sei do que você tá falando.
As vozes que o seguiram dos corredores sabiam exatamente do que Johnathan falava. Algumas riam, outras faziam piadas e outras pareciam preocupadas. Entretanto, Ricardo não conseguia os ouvir com clareza naquela hora.
- Ele é novo por aqui, John – um outro garoto, o segundo no comando do grupo de delinquentes, esclareceu – Minha mãe me falou da família dele. O nome dele é Ricardo – então, ele sorriu para o menino que veio de Goiás – Oi, sou Dirceu. Seja bem-vindo à nossa sala.
- Ah, vai, vai ser amiguinho do novato, vai – Johnathan revirou os olhos.
- Obrigado – educado, Ricardo respondeu – E ele? – Ricardo olhou outra vez o garoto que se sentava atrás dele – Qual é o nome dele?
- Maximiliano – respondeu Dirceu – Por quê?
Uma chuva de imagens fluiu na mente de Ricardo. Quando ele retornou à realidade, Maximiliano estava o encarando com olhos diferentes. Não eram tão vivos mais. Pareciam um mix de maliciosos e mortos. Se Ricardo não estivesse acostumado a ver tantas coisas, com certeza teria medo do que o dono daqueles olhos era capaz de fazer.
- Dirceu, parece que ele sabe quem sou – respondeu Maximiliano – É hora de a gente mostrar como cumprimentamos um novato, não? – ao ouvir sua sugestão, Dirceu pareceu ligeiramente preocupado e Johnathan estava um corpo de luz de sol.
- Maxi, será que a gente poderia deixar o garoto ir? – Dirceu o questionou.
- Não – foi a única resposta que Maximiliano poderia conceber – E ele não parece saber de nada. Melhor isso para ele ficar esperto...
Ricardo parecia não estar ciente dos riscos que enfrentaria desde então.
- Por que as pessoas têm tanto medo de você? – quis saber Ricardo.
- Eu não sei – respondeu Maximiliano – E não quero saber.
- Que livro você está lendo? – Ricardo decidiu perguntar para puxar conversa.
- Bússola de Ouro – Maximiliano disse ao olhar Ricardo com certo cinismo – Minha vez de perguntar. Você gosta de ler?
- Eu leio jornais – Ricardo respondeu – Papai costuma contar algumas histórias para mim. Mamãe lê músicas... Não, ela canta músicas para mim.
- Você não respondeu direito – Maximiliano disse entre dentes – Sim ou não?
- Não muito – falou Ricardo e sentiu que aquilo era para envergonhá-lo.
- Assim – Maximiliano o olhou bem nos olhos e Ricardo conseguiu medir que o desprezo que o outro sentia não era baixo – Não podemos ser amigos se você não gosta muito.
Se a intenção do menino Silveira era provocar, ele havia conseguido. E parecia ser a sua motivação, já que seus ouvidos estavam atentos quanto ao que Ricardo falou antes de o escolher como amigo.
- Nós nem nos conhecemos direito – Ricardo começou – e você não dá uma chance?
- Só disse que não podemos ser amigos se você não gosta muito – respondeu Maximiliano – E você quer ser meu amigo? De verdade?
- Sim – determinado, disse o outro menino – De verdade mesmo quero!
- Boa sorte nisso aí – e Maximiliano voltou a sua atenção ao livro enquanto o caos da turma se amenizava.
Ricardo prestou atenção na professora que se apresentava. Alguns estavam esperançosos como ele, outros possuíam compaixão do que seria aprontado e outros mal podiam esperar a hora de ela “cair” como Maximiliano visava. Ricardo achou a professora legal, como ela resolvera passar um filme animado sobre a Matemática e fazia algumas pausas para discutir com os estudantes. Chamava-se Ângela e ela não parecia muito aberta a deixar Ricardo ir para a enfermaria.
- Você está mesmo com necessidade de ir para a enfermaria? – perguntou ela baixo de forma que nem toda a turma a ouvisse.
- Eu tenho – implorou Ricardo – Eu tomo doses controladas, moça. Por favor, a hora está chegando...
- Quem é você mesmo? – como se um clarão fosse instalado em sua cabeça, ela perguntou.
- Ricardo – disse ele, sem entender o que o seu nome tinha a ver com a conversa.
- Ricardo, vá logo – ela o liberou e, saindo da sala de aula, Ricardo compreendeu que talvez a diretora tenha alertado não apenas a enfermeira.
Quando ele saiu, seus olhos passaram de repente pela classe e ele tinha a atenção de quase todos. Kiara e Olívia estavam na frente, espreitando-o com preocupação. Maximiliano, Dirceu e Jonathan o visavam com interesse.
Com uma bolsinha do Homem Aranha onde guardava seus medicamentos, ele correu para onde estava Sônia. Ela tratava de um adolescente com o pé torcido. Havia uma outra mulher sentada em uma escrivaninha fazendo um relatório sobre o jovem ferido. E existia uma terceira mulher cuidando atrás da cortina branca.
- Olá – disse Sônia ao ver Ricardo – O que você deseja de mim?
- Queria mais estar em um lugar onde eu pudesse tomar meus remédios – confessou Ricardo – No banheiro não sei se terei sossego.
- Fala aí, Sônia – o adolescente falou após relaxar – Quem é o nanico?
- Meu nome não é nanico, é Ricardo! – contrapôs o menino.
- Ah, Ricardo? O filho do delegado Delgado? – perguntou o jovem antes de exclamar de dor novamente quando a enfermeira tocou sem propósito no local machucado – Meu nome é Teodoro. Teodoro Abacaxi. Prazer em conhecer você! A diretora fez um tour pela escola?
- Não – respondeu Ricardo com educação – Só me mostrou a Enfermaria.
- Ótimo! – Teodoro deu meio sorriso devido à dor – Eu sempre quis um parça!
- Teodoro, se você se mexer muito, não conseguirei fazer o curativo – advertiu Sônia com seriedade.
- Curativo... Remédio! – Ricardo encarou o relógio preso à parede amarela da Enfermaria – Está bem na hora – e retirou os remédios com o maior cuidado que podia e engoliu – Água! – ele correu para um bebedouro ali próximo e tomou não só um, mas três copos de água.
- Ué, parça – Teodoro observou – Você não vai ficar com vontade de fazer xixi não?
- Tomo três de uma vez – esclareceu Ricardo – Pra não ter muita vontade de novo.
- Tem certeza? – foi a vez de uma segunda enfermeira questionar – Dizem que água gelada traz mais sede...
- Mas água morna traz mais – defendeu Ricardo – E minha garrafa de água não deve estar gelada...
- Que remédios são esses? – questionou a terceira enfermeira após um tempo.
- Ah... – mais calmo, Ricardo disse animado – São para a minha esqui... – e então, memórias de bullying e isolamento nas outras escolas vieram – São para uma doença que tenho.
- Que doença? – quis saber Teodoro.
- Ele não quer falar, Téo – resmungou uma garota que esperava Teodoro num sofá – Deixa de ser xereta demais!
Ricardo se sentiu aliviado.
- Oi, moça – ele a cumprimentou doce – Vocês dois são amigos?
- Infelizmente, meu caro, minhas escolhas de amizade são péssimas! – exclamou a garota – Meu nome é Fernanda, Ricardo. Diga oi para seu pai. Seu pai era muito amigo do meu.

CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO
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