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sábado, 20 de julho de 2013

[RESENHA] O Oceano no Fim do Caminho - Neil Gaiman

Edição: 1
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580573688
Ano: 2013
Páginas: 208
Tradutor: Renata Pettengill
Sinopse: Foi há quarenta anos, agora ele lembra muito bem. Quando os tempos ficaram difíceis e os pais decidiram que o quarto do alto da escada, que antes era dele, passaria a receber hóspedes. Ele só tinha sete anos. Um dos inquilinos foi o minerador de opala. O homem que certa noite roubou o carro da família e, ali dentro, parado num caminho deserto, cometeu suicídio. O homem cujo ato desesperado despertou forças que jamais deveriam ter sido perturbadas. Forças que não são deste mundo. Um horror primordial, sem controle, que foi libertado e passou a tomar os sonhos e a realidade das pessoas, inclusive os do menino.
Ele sabia que os adultos não conseguiriam — e não deveriam — compreender os eventos que se desdobravam tão perto de casa. Sua família, ingenuamente envolvida e usada na batalha, estava em perigo, e somente o menino era capaz de perceber isso. A responsabilidade inescapável de defender seus entes queridos fez com que ele recorresse à única salvação possível: as três mulheres que moravam no fim do caminho. O lugar onde ele viu seu primeiro oceano.

Ele tinha sete anos quando tudo aconteceu.
Começou quando, por problemas financeiros, seus pais decidiram alugar um quarto pra aumentar a renda. O "minerador de opala" foi seu primeiro inquilino, e foi também o homem que atropelou acidentalmente seu gatinho. O minerador de opala foi também o primeiro a sofrer as consequências do que estava por vir.
Encontrado morto por asfixia no carro roubado da família, com roupas de gala, ninguém sabia ao certo o que tinha acontecido com o minerador de opala. Mas é nesse mesmo dia que nosso protagonista sem nome conhece Lettie Hempstock, uma garota de 11 anos (mas sabe-se lá há quanto tempo ela tem essa idade) que vive com a mãe e a avó numa fazenda afastada. Lettie é sagaz, misteriosa e tem uma lagoa de patos que ela chama de oceano. E, depois do que pareceu a conversa mais estranha de sua vida, ele se junta à menina para investigar o que está acontecendo.
É então que tudo muda de verdade. Algo fisga o garoto pelo pé, e, no dia seguinte, seus pais tem uma nova inquilina (e governanta): Ursula, de quem todos parecem gostar, mas que, ele sabe, traz o mal do mundo consigo. E traz. Com ela, vem os pesadelos, e as inconsistências no comportamento dos pais do garoto, e uma onda de terror inimaginável. Lettie e a família Hempstock se dispõe a parar esse mal - mas a que preço?

Antes de qualquer coisa, preciso dizer que essa vai ser, sem dúvida, uma das resenhas mais difíceis da minha vida.
Eu já disse milhares de vezes o quanto odeio resenhar livros de que eu gostei muito. É horrível tentar definir com exatidão os sentimentos, achar as palavras certas pra explicar cada momento da leitura. E O Oceano no Fim do Caminho se encaixa perfeitamente nesse caso.
Sabe aquele livro que você prevê que vai gostar, por ser de um autor que você ama, e aí você deposita uma expectativa louca nele, e, quando finalmente lê, ele consegue ser ainda ridiculamente melhor do que você já esperava? Pois é. Minha experiência com Neil Gaiman se resume a alguns trechos de Sandman, muito amor por Lugar Nenhum e toda a admiração pelas suas participações como roteirista de Doctor Who - e lá fui eu de novo, pra mais um livro que vou carregar pra vida inteira.
O Oceano tem uma história densa, mas ao mesmo tempo simples. É engraçado que seja tão difícil pra mim resumi-la quando tudo acontece em pouco mais de 200 páginas, e se desenrola de maneira até que fácil e rápida. Mas é daqueles livros que, se alguém te perguntar "sobre o que é?" você provavelmente vai ficar abrindo e fechando a boca feito peixe, sem nunca conseguir dar uma resposta exata.
Porque ele é sobre memórias, e sobre descobertas, e sobre medos e infância, e sobre mistérios e mais um milhão de outras coisas. Ele é obscuro e iluminado, ele é contraste puro. Chega a ser irritante o que 200 páginas podem fazer com a cabeça de uma leitora - eu!! - em tão pouco tempo. Me vi pegando e soltando o livro, adiando o final, porque não queria largar daquele mundinho das Hempstock e de sua magia nunca explicada. Não queria abandonar aqueles momentos de perguntas sem resposta, e de uma história tão absurdamente bem contada que eu lia e relia cada parágrafo pra fazer durar mais.
Neil Gaiman me surpreendeu com um universo que nos satisfaz mesmo sem dar nenhuma apresentação ou explicação. Vemos o mundo através de um narrador de sete anos, e somos limitados ao seu nível de conhecimento sobre os acontecimentos que o cercam, mas nada poderia ser mais completo. Não precisamos de uma legenda em cada acontecimento quando cada sutileza da narrativa é capaz de nos fazer enxergá-lo por 40 ângulos diferentes. Quem liga que, no final, eu ainda não saiba quem ou o quê era Lettie? Essa nunca foi a questão. Os segredos afundam no seu oceano, e a gente afunda com eles, feliz da vida. Voltar pra quê? Estou bem aqui, obrigada.
Em suma, foi uma das leituras mais apaixonantes da minha vida. Sem brincadeiras, sem exageros. Do tipo que dá dó de terminar, e que dá vontade de reler pelo resto dos meus dias. E já estou com saudades.

Larissa

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4 comentários:

  1. Ainda não conhecia esse livro, mas achei muito interessante

    Beijos
    @pocketlibro
    http://pocketlibro.blogspot.com

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  2. Oie Larissa =)

    Estou bastante curiosa para ler esse livro, até por que as histórias do Neil sempre tem um que de misterio e mágia que surpreendem a gente.

    Adorei a resenha!

    Beijos e um ótima semana;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary

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  3. Eu já li o livro e não gostei muito eu esperava muito da história e no final das contas não supriu as minhas expectativas.Mas a sua resenha está linda.
    Bjs!

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  4. Ainda não li o livro, mas desde que vi o resumo dele pela primeira vez, tentei entender de que tipo de história se tratava. Parece ser uma leitura boa, mas nunca se sabe, sou meio cri cri em relação a livros.

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